Outubro Rosa: vamos falar sobre câncer de mama?

O câncer de mama é o segundo mais comum entre mulheres. Um diagnóstico assim vem acompanhado de sentimentos desencontrados, nem a pessoa nem a família sabem como agir.

19 OUT 2016 · Leitura: min.
Outubro Rosa: vamos falar sobre câncer de mama?

omente em 2016, 58 mil novos casos de câncer de mama no Brasil foram notificados, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Trata-se do segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, perdendo apenas para o de pele. Uma doença crônica que afeta físico, psicológico, e que ainda esbarra nos problemas de um diagnóstico tardio.

Lidar com um quadro assim nunca é fácil. Passado o susto inicial, é normal que a paciente caia em um entremeado de dúvidas e expectativas... Vou sobreviver? Serei capaz de retomar uma vida normal? Como será o tratamento? Vou perder minha mama? Meu cabelo vai cair?

Familiares e amigos íntimos também não escapam da angústia. Em casos assim, em que a sorte está lançada e ninguém controla o resultado, é difícil manter o equilíbrio.

"A gente simplesmente não sabe o que fazer, como atuar. Minha mãe teve câncer de mama três vezes. De um se curou, mas dez anos depois apareceu um tumor na outra mama. Ela fez tudo o que precisava, cirurgia, quimioterapia e radioterapia. No primeiro retorno, seis meses depois, lá estava o tumor, no mesmo lugar, do mesmo tamanho, como se não tivesse acontecido nada. Nesse momento a gente soube que algo não estava funcionando", afirma Clara*, 35 anos.

E as suspeitas eram certas. Depois de uma mastectomia e novos exames de controle foi confirmada a metástase do câncer de mama. Clara esteve ao lado da mãe até o final.

"Você quer ter esperança, acreditar que os tratamentos farão efeito, mas o que você vai vendo é a pessoa ir diminuindo a cada dia. A morte em si não foi o mais traumático, porque ela tinha deixado muito claro que sua vontade era lutar por qualidade de vida, não por simplesmente existir. O mais doloroso é a ausência, ter que adaptar e ver como o meu pai sofre com isso."

*A entrevistada preferiu não se identificar.

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Felizmente, esse não é o final para grande parte dos casos de câncer de mama. Muitas mulheres lutam contra a doença e saem vitoriosas, o que não significa que o fazem sem traumas.

Por que pedir ajuda?

Em meio ao Outubro Rosa, quando órgãos públicos e entidades de diversos setores unem forças para promover uma maior conscientização sobre o câncer de mama, o MundoPsicologos.com não poderia ficar de fora. Aproveitamos a data para falar sobre os benefícios da psicoterapia na hora de afrontar um caso de câncer de mama e sobre como amigos e familiares podem ajudar o paciente em questão.

Quem trabalha com psicologia clínica e está acostumado a lidar com quadros de doenças crônicas e pacientes terminais adverte: é normal experimentar tristezas persistentes, quadros de depressão, momentos de pouca energia e transtornos na alimentação, seja comendo pouco ou em excesso.

Os sentimentos desencontrados podem provocar ainda problemas de sono, dificultar a concentração e até mesmo desencadear agitação. O apoio da psicoterapia é peça-chave para que a pessoa com câncer compreenda a importância do tratamento e de expressar seus sentimentos a todo momento.

"O tratamento de câncer é invasivo, trazendo diversos efeitos colaterais e causando uma série de prejuízos na rotina do paciente. A psicoterapia é importante para que o paciente esteja fortalecido emocionalmente, lidando com os prejuízos e dificuldades que encontrar com segurança e suporte", comenta a psicóloga Maitê Hammoud.

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No consultório o que há é um espaço para a pessoa aprender a lidar com suas próprias expectativas e necessidades, sem sentir o peso da interferência familiar, sem culpa e sem meias verdades.

"Acredito que a parte mais difícil da caminhada seja manter a esperança e a perseverança, uma vez que muitas pessoas não vencem essa luta. É inevitável não duvidar de suas forças para continuar em momentos de sofrimento intenso. O trabalho da psicoterapia focará justamente o fortalecimento emocional do paciente, auxiliando na adaptação da mudança de sua rotina, compreensão de seus medos e dúvidas e valorização da autoestima", explica Maitê.

Família e amigos: veja como ajudar

Se a pessoa sofre e se sente descolocada diante de um diagnóstico de câncer de mama, tampouco os familiares e amigos conseguem manter o equilíbrio numa situação assim. Existe uma grande vontade de ajudar, de contribuir para a melhora da pessoa, mas as dúvidas sempre estão em como fazê-lo. O que é melhor: falar ou não da doença?

Por sua experiência, Maitê Hammoud não tem qualquer dúvida na hora de responder a essa pergunta:

"Sem dúvidas falar! A maioria das pessoas estimula os pacientes a não falar sobre os seus problemas, achando que falar pode agravar o estado emocional. Isto é um mito, é necessário entrar em contato com a sua tristeza e expressar seus medos e emoções para alívio das dores emocionais."

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Quem está próximo à pessoa com câncer deve ter sempre presente que nos momentos de desabafo, o acolhimento com palavras de apoio torna-se indispensável. Quer algumas dicas práticas de como atuar?

  • Estimule a fala compartilhando emoções, medos e dificuldades.
  • Estimule o comprometimento com o tratamento.
  • Estimule o acompanhamento psicológico.
  • Valorize a dor que está sendo expressada. Frases como "logo vai passar", "tenho certeza que você irá melhorar" podem menosprezar de alguma forma o momento vivido.
  • Dê apoio com frases como "sei que sua situação é muito delicada e estou disponível para te ajudar no que for possível", "fale sobre o que você está sentindo, vamos compartilhar esta dor".

Você tem o poder

Um caso de câncer de mama é mais fácil de tratar e tem maior probabilidade de cura se detectado de forma precoce. Nesse sentido, as mulheres têm o poder, já que conhecem seu corpo melhor do que ninguém. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) insiste na importância de conhecer como são suas mamas, formato e textura, para ser capaz de perceber alterações suspeitosas e persistentes, que devem ser avaliadas por um especialista.

E você também pode contribuir para a prevenção da doença mantendo uma alimentação equilibrada, tentando conservar um peso corporal adequado, evitando o consumo de álcool e praticando atividades físicas de forma regular. Amamentar também é considerado um fator protetor.

Una-se ao movimento em prol da conscientização sobre a importância de estar alerta aos possíveis sinais de um câncer de mama, assim como de fazer a mamografia de rastreamento de forma periódica. Compartilhe e fortaleça a rede de informação!

Fotos: por MundoPsicologos.com

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