Novas estratégias para o tratamento da esquizofrenia
Estudo recente associa alterações genéticas na fase perinatal com a ocorrência da esquizofrenia. Os investigadores tentam trazer mais informação às bases biológicas da doença.
A esquizofrenia poderia estar ligada a uma alteração genética na fase perinatal. Essa é uma das conclusões de um estudo de investigadores espanhóis, realizado durante quatro anos, com o objetivo de traçar novas estratégias para o tratamento da esquizofrenia. A equipe descreveu pela primeira vez uma alteração genética significativa na expressão dos genes dos sistemas imunológico e inflamatório em pessoas que sofrem de esquizofrenia, alteração essa que poderia estar ligada à fase perinatal.
O estudo tenta trazer mais informação às bases biológicas da doença, e poderia ser o primeiro passo para a criação de um teste de diagnóstico pré-sintomático, utilizando o perfil de expressão genética dos indivíduos já afetados. Além disso, considerando que vários desses genes são materiais de estudo para medicamentos conhecidos e potenciais, a investigação serviria para facilitar o desenvolvimento de novos medicamentos e um novo posicionamento dos fármacos atuais.
As conclusões do estudo fazem parte do número mais recente da revista especializada Molecular Psychiatry. O trabalho demonstra a existência de 200 genes cuja expressão está alterada naquelas pessoas que sofrem de esquizofrenia, e que estão relacionadas com processos biológicos concretos. De forma detalhada, mostra como se relacionam esses 200 genes com possíveis alterações em sete processos biológicos, entre eles os que se incluem a resposta imunológica inata, a resposta aguda às inflamações e a resposta às feridas.
A investigação foi coordenada pelo professor de Psiquiatria da Universidade de Cantabria e adjunto do Hospital Valdecilla, Benedicto Crespo-Facorro, e pelo investigador básico do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) - Instituto de Biomedicina e Biotecnologia de Cantabria (IBBTEC), Jesús Sainz. De acordo com os investigadores, ainda que o estudo tenha analisado um número reduzido de pacientes (pouco mais de 450), os dados servem para avalizar o modelo de neurodesenvolvimento da esquizofrenia, proposto nas últimas décadas.
De acordo com o modelo, a doença seria uma consequência da exposição perinatal a fatores adversos, que produziriam vulnerabilidade imunológica latente. A equipe destaca que todos os resultados do estudo devem ser entendidos como iniciais. Entretanto, são um avanço no conhecimento da biologia da doença e supõem uma linha de investigação prometedora, podendo inclusive, se confirmados os resultados, significar uma mudança no paradigma de tratamento da esquizofrenia.
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