Como é voltar para casa após morar um tempo fora

Sentir-se desamparado, perdido, mal adaptado, ter um choque cultural horrível (especialmente nos 3 primeiros meses) e até aquela saudade de “casa” no início do intercambio é perfeitamente

24 JAN 2018 · Leitura: min.
Como é voltar para casa após morar um tempo fora

Olá! Como vocês estão? Gostaria de dividir com vocês um texto que escrevi para um blog onde sou colunista, O blog das 30 au pairs. Antes, me permita explicar o que significa au pair, o que isso tem a ver com a psicologia e como posso ajudar você através de tudo o que aconteceu comigo. Resumidamente, au pair é um programa de intercâmbio de estudo e trabalho com crianças. O intercambista cuida das crianças da casa, recebe um salário e uma bolsa de estudos da família.O programa tem duração mínima de 1 ano. E o que isso tem a ver com a psicologia, Júlia? Bem, há um tempo eu comecei a trabalhar com pessoas que estão fazendo intercâmbio. A chegada no país novo é muito difícil, a adaptação muita vezes é dolorosa, porém, o retorno ao Brasil traz aos intercambistas sentimentos até então totalmente desconhecidos, e é sobre isso que falo no texto abaixo! Se você é intercambista, mora ou morou fora, provavelmente sabe do que eu estou falando, pois eu também me senti assim! Se você nunca morou fora, é interessante ler, para conhecer um pouco mais sobre esses sentimentos tão diferentes.

Meu nome é Júlia, sou ex intercambista, psicóloga e hoje gostaria de conversar com vocês sobre um assunto bem comum não só para nós, que fomos au pairs, ex intercambistas, mas para (arrisco dizer) todos que já moraram fora, e que me assombrou durante um bom período depois que voltei para cá.

Dizem que viajar é bom, mas voltar para casa é ainda melhor, porém nem todo mundo, ao retornar, consegue sentir que a "casa" é o Brasil.

Lembro que quando meus pais me buscaram no aeroporto depois de 9 meses nos Estados Unidos, tudo parecia BEM estranho e diferente. Os parentes que estavam me esperando na casa dos meus tios estavam diferentes, a cidade parecia diferente, meus pais (com quem eu conversava todos os dias nos meses de intercâmbio) estavam diferentes e principalmente EU estava diferente, tinha mudado (e muito).

Quando eu embarquei, deixei minha irmã grávida, e agora ela tinha um bebêzinho lindo nos braços (e eu era titia)! Meus pais, além de pai e mãe eram o vovô e a vovó, meu irmão estava passando uma temporada fora do Brasil e eu experimentaria a sensação de ser "filha única" pela primeira vez na vida. Foi nessa época também que eu tive que "engolir de vez" a mudança de Marília (onde estudei e morei por 4 anos) para Curitiba, e até meus cachorros Teddy e Bionda estavam diferentes, não tinham tanta energia e já exibiam seus primeiros pelos brancos no rosto. Eu, além de aprender inglês e a dirigir, havia aprendido coisas muito mais profundas, pois o amadurecimento que temos durante o tempo de intercambio (ou quando moramos fora) é enorme, nítido e visível.

A (re) adaptação acaba sendo difícil. Ir para um país novo é diferente pois tudo é novidade, e temos que aprender e nos adaptar a essas novidades. Voltar para o Brasil foi complicado pois nada era tão novidade assim, e ao mesmo tempo, tudo tinha mudado, eu tinha mudado, minhas ideias eram outras. Quando a gente "anexa" uma nova cultura à nossa, a forma de ver o mundo fica diferente, e isso não é "metideza" não (até porque eu fui au poor, né, mores – quem morou fora sabe do que eu estou falando)!

É gente, tanto não é metideza, que esse sentimento de não pertencer mais ao lugar de origem, de culpa, de querer voltar e ficar ao mesmo tempo tem nome: síndrome do regresso, e segundo Décio Nakagawa, psiquiatra que nomeou a síndrome, pessoas que moraram fora podem levar em média 2 anos para se (re) adaptarem a terra natal, já que a vida no exterior proporcionou experiências até então desconhecidas e que, agora, de volta ao país de origem não poderão ser revividas. Claro que não é todo mundo que sente ou vive isso, mas além de bem comum, a síndrome do regresso é REAL!

Para você, que está voltando, ou que voltou e principalmente que se identificou com esse texto gostaria de dizer que tudo isso faz parte de um processo de (re) adaptação, e que você (principalmente agora, depois do intercâmbio) se conhece melhor que ninguém e sabe aonde o seu calo aperta. Mesmo sendo natural, existem profissionais que podem te ajudar a lidar melhor com essa dor e principalmente, e fazer da sua volta para casa algo mais simples, menos doloroso e mais satisfatório!

Lembrem-se sempre da importância das metas. Assim como é importante ir para o intercâmbio com metas pré definidas, voltar com novos objetivos e desafios faz toda diferença nessa etapa, bem como não abandonar os hábitos que você adquiriu e aprendeu a gostar durante o intercâmbio (como viajar, tomar um café com bolo no final e tarde, por exemplo). E é claro, hoje em dia a tecnologia joga a nosso favor, e podemos manter contato com todos os amigos internacionais que fizemos, e também com a família que te hospedou durante o intercâmbio!

Finalizo com essa frase, pequena, mas que adoro: Entrego, confio, aceito e agradeço!

Bem, por hoje é isso! Resolvi escrever um texto diferente, expor um pouco não só de uma nova área de atuação que estou trabalhando, como também abrir um pouquinho do meu livro de vida com vocês!

Importante também lembrar que às vezes esta falta de identificação acontece em mudanças de cidades ou estados com costumes muito diferentes. Se você está passando por esta dificuldade de adaptação, e sente o "seu calo apertar", entre em contato!

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Escrito por

Júlia B. Benedini

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