Ser autêntico versus o medo de fracassar
"Isso não vai dar certo, nem perca seu tempo". Quantas vezes você já ouviu essa frase interna, aquela voz que fala em nossa mente?
Ser autêntico versus o medo de fracassar
"Isso não vai dar certo, nem perca seu tempo". Quantas vezes você já ouviu essa frase interna, aquela voz que fala em nossa mente? Quantas vezes você deixou de dar início a projetos, desistiu de fazer alguma coisa porque, no fundo, você acha que vai fracassar? O medo do fracasso é um sentimento que assombra muitas pessoas em diferentes áreas de suas vidas. É uma emoção poderosa que pode paralisar, limitar oportunidades e impedir o crescimento pessoal e profissional, o distanciando cada vez mais de sua autenticidade.
O medo de fracassar impede a nossa ação. Ansiedade e medo do futuro, frustração pelos projetos que não deram certo, baixa autoestima, insegurança são alguns dos gatilhos que nos fazem simplesmente desistir antes mesmo de iniciarmos alguma coisa. O medo de reviver a dor e a frustração do fracasso passado pode levar a uma aversão ao risco e à evitação de novas oportunidades.
Esse medo faz parte da natureza do ser humano. Dentro da abordagem existencialista, o medo do fracasso é compreendido como uma consequência da liberdade e da responsabilidade inerentes a nossa condição.
Segundo o existencialismo, os seres humanos são essencialmente livres. Essa liberdade implica na capacidade de fazer escolhas e assumir a responsabilidade por suas ações e consequências. No entanto, essa liberdade também traz consigo o medo do fracasso. Jean-Paul Sartre, renomado filósofo existencialista, afirmou: "Somos condenados a ser livres" (Sartre, 1943). Essa condenação refere-se à nossa responsabilidade constante de escolher e enfrentar as consequências de nossas decisões. O medo do fracasso surge quando nos confrontamos com a possibilidade de tomar decisões erradas ou de não atingir nossos objetivos desejados.
Para os existencialistas, a busca pela autenticidade é fundamental na superação do medo do fracasso. A autenticidade envolve a capacidade de ser verdadeiro consigo mesmo e de viver de acordo com os próprios valores e propósitos. Simone de Beauvoir, filósofa existencialista, afirmou: "Libertar-se é viver de outra maneira, é recusar ser aquilo que se é, é recusar ser o que se é" (Beauvoir, 1949). Essa citação ressalta a importância de superar as limitações autoimpostas e de se reinventar constantemente. Ao abraçar a autenticidade, podemos enfrentar o medo do fracasso, reconhecendo que o verdadeiro fracasso reside em não ser fiel a nós mesmos. E quando conseguimos reconhecer essa verdade, conseguimos ter outras atitudes na vida e nas relações.
Outro grande problema é a comparação constante com outras pessoas ou personalidades de sucesso. A tendência a se comparar de forma constante com os outros, sentindo-se inferiorizada, poderá levar essa pessoa a alimentar o medo de não ser merecedora dos sucessos e conquistas. É um sentimento de ansiedade e insegurança que surge quando nos comparamos constantemente com as realizações, aparências ou habilidades de outras pessoas. É uma tendência natural do ser humano buscar referências externas para avaliar seu próprio valor e sucesso. No entanto, quando esse medo se torna excessivo, pode levar a um ciclo de autossabotagem e baixa autoestima.
Através da busca pela autenticidade e do enfrentamento, podemos superar esse medo e encontrar significado em nossas vidas. Somos seres livres e responsáveis por criar nosso próprio significado, e é nessa liberdade que encontramos a coragem de enfrentar e superar o medo do fracasso.
Referências bibliográficas:
Sartre, J-P. (1943). O Ser e o Nada: Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Ed. Vozes
Beauvoir, S. de (1949). O Segundo Sexo. Ed. Nova Fronteira
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