Aprenda a controlar o estresse
Você sente seu corpo relaxado? Consegue dormir bem? Consegue ter paciência? Se ficou incomodado com essas perguntas, reflita se está estressado.
Estresse é uma palavra muito utilizada, como se fosse algo banal e inofensivo, mas deveríamos tomar mais cuidado com os prejuízos causados por ele. A Organização Mundial da Saúde (2009) estima que, em 2030, a depressão e o estresse serão as principais causas de mortes! Segundo a Associação Médica Americana, mais de 60% das doenças, transtornos e enfermidades são desencadeadas pelo estresse nos Estados Unidos.
Por mais de cinco anos coordenei um programa de gerenciamento de estresse voltado para mais de 11 mil trabalhadores. A partir de pesquisas, aplicação de inventário de estresse e relatos em atendimentos clínicos e aulas, constatei que era muito comum as pessoas se encontrarem as pessoas sob efeitos nocivos do estresse. E elas não tinham quase nenhum conhecimento sobre esse fenômeno, aumentando ainda mais sua vulnerabilidade aos danos do estresse.
E você sabe identificar se está sob estresse? Sabe como ele se manifesta? Consegue controlar o estresse? Gerenciar o estresse requer que você saiba identificar como ele aparece no seu corpo, nos seus sentimentos, nos seus pensamentos, nas suas ações e nas suas relações interpessoais. Requer também que você identifique o que pode estar provocando estresse e quais estratégias você pode criar para evitar ou minimizar seus efeitos nocivos.
O assunto é extenso, então vou focar no início do processo de estresse: a fase de alerta. Não é à toa que escolhi falar da primeira fase do estresse. Se você consegue se dar conta que entrou fase de alerta, pode interrompê-la e evitar o sofrimento proveniente das fases posteriores. Ao final, apresentarei uma poderosa técnica para controle do estresse, mas é fundamental saber identificar a fase de alerta para usar a técnica quando for preciso.
Na semana passada, eu estava tentando resolver uma questão profissional, precisava criar uma saída para me adaptar a ela. Assisti a um vídeo que podia me dar ideias para criar uma solução. O vídeo me ajudou tanto que um turbilhão de pensamentos surgiu na minha mente, fiquei muito animado e comecei a sentir agitação.
Olhei para o relógio e já eram 20h30. Eu sabia que havia entrado no processo do estresse positivo e se não interrompesse aquele fluxo de pensamentos, passaria a vivenciar o estresse negativo, teria insônia e iria trabalhar cansado no dia seguinte.
Conhecer o processo de estresse, ter consciência dos meus pensamentos, emoções e corpo, e controle sobre meu processo mental foi definitivo para conseguir cessar aquele estado e impedir que sofresse com os danos do estresse. Fiquei com a parte útil do estresse: me permitiu ser mais criativo ao ponto de resolver minha questão e, de lambuja, ainda tive a ideia de escrever este texto.
Estresse é "uma relação particular entre uma pessoa, seu ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela pessoa como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias habilidades ou recursos e que põe em perigo o seu bem-estar" (Rodrigues, 1997).
A fase de alerta é a fase positiva do estresse. É a primeira resposta do organismo frente a uma situação de ameaça ou que exige adaptação, e é denominada reação de luta ou fuga. Ou você encara a situação ou foge dela! Nessa fase, você sente um acréscimo de força, vigor, atenção, motivação e criatividade. Desse modo, sua produtividade aumenta, como aconteceu comigo no episódio da semana passada.
Se a situação que desencadeia a reação de estresse (o estressor) tem uma duração curta, a fase de alerta termina em algumas horas, após o retorno à situação de equilíbrio. Deve-se atentar ao fato de que o estado de alerta não pode ser mantido por muito tempo.
A fase de alerta procura preparar o organismo para uma reação de luta ou fuga, na qual ocorrem várias reações metabólicas que objetivam o aumento da força muscular e da prontidão para a ação, visto que essas são capacidades para lutar ou fugir.
Algumas partes do corpo envolvidas na reação de luta ou fuga sofrerão transformações consideráveis. O cérebro receberá doses mais elevadas de substâncias químicas excitatórias, das quais se destaca a adrenalina, que serão responsáveis pela manutenção do estado de vigília (ficar sem dormir) por mais tempo, e farão com que o pensamento e os comportamentos reflexos fiquem aguçados. No intuito de dotar o organismo com maior potência muscular, há o aumento da frequência dos batimentos cardíacos e, por conseguinte, a elevação da pressão sanguínea e a aceleração da respiração.
Ocorre uma redução na irrigação sanguínea das regiões periféricas do corpo, ocasionando o empalidecimento da pele e esfriamento de extremidades como mãos e pés. Com os órgãos sexuais ocorrem modificações semelhantes: como não são necessários para lutar ou fugir, têm sua irrigação sanguínea diminuída na fase de alerta.
O processo de digestão é interrompido enquanto o indivíduo se encontra na fase de alerta, visto que a atividade digestiva requisita um grande conjunto de reações metabólicas para se realizar.
Finalmente, constata-se o aumento da produção de anticorpos e de plaquetas no sistema imunológico, o que é interpretado como uma ação proativa do organismo, prevendo uma resposta aos possíveis ferimentos causados por um embate corporal. Visando minimizar os danos causados por infecções e/ou pela perda de sangue por tais ferimentos, o corpo se prepara para as situações conflituosas elevando sua capacidade de resposta no que se refere ao sistema imune.
Você já percebeu que todas essas alterações podem provocar problemas de saúde futuros se o estresse se mantiver por mais tempo? A pessoa estressada por vir a ter doenças cardíacas, respiratórias, gastrointestinais, pouco apetite sexual, assim como doenças provocadas por vírus e bactérias por conta da imunidade fragilizada.
Você deve ter percebido que nosso corpo se transforma para se adaptar e sobreviver quando está sob estresse. Podemos estar atentos a essas transformações desenvolvendo mais consciência corporal, emocional e dos pensamentos. Uma boa forma de desenvolver consciência e sair da fase de alerta é simplesmente meditar por um minuto.
Sente-se em uma cadeira e preste atenção em sua respiração entrando e saindo das narinas. Quando um pensamento surgir, não se fixe nele e deixe-o ir. Experimente fazer isso e, se quiser, depois comente se essa técnica funcionou.
Toda vez que entrar na fase de alerta, pare e preste atenção em sua respiração. Faça esse exercício até que sua mente se acalme.
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE