O que é o stress

O stress é considerado uma doença do mundo moderno desde que sua função, primordial de proteção da espécie humana e animal contra os perigos à integridade física, mudou.

19 SET 2017 · Última alteração: 21 SET 2017 · Leitura: min.
O que é o stress

O stress é considerado uma doença do mundo moderno desde que sua função, primordial de proteção da espécie humana e animal contra os perigos à integridade física, mudou. O mecanismo hormonal de descarga de adrenalina e de cortisol, natural em situações difíceis, gera coragem para defesa, fuga, ataque etc.

Entretanto, atualmente devido a evolução e exigências atuais, tal dispositivo se repete várias vezes por dia, desde que o indivíduo acorda e inicia suas atividades cotidianas. Pode tratar-se de um problema familiar, o trânsito complicado, um trabalho difícil à desenvolver, ou outros motivos. A função atual do stress é sem dúvida resultante das mudanças e das perturbações do mundo informatizado, especialmente na vida profissional. Assim, o dispositivo hormonal de alarme e de proteção natural humana reproduz-se ou por várias vezes, ou durante um período prolongado, gerando perigos para a saúde, uma vez que o homem passa a maior parte do seu tempo ativo em função das suas atividades profissionais.

A definição mais completa refere-se aos aspectos psicofisiológicos descrevendo o stress como "uma reação do organismo a um agente de agressão ou traumatismo corrente com uma série de movimentação fisiológica envolvendo os hormônios primordiais do sistema endócrino. Ele tende progressivamente, a ser sinônimo de emoção negativa.

É empregado também, num sentido mais específico, para designar as tensões geradas por conflitos internos não resolvidos e externos de situações difíceis e, consequentemente a falta de recursos cognitivos e emocionais para fazer frente, provocando assim estados de ansiedade, ou mesmo psicopatologias mais especificas. Trata-se por portanto de um conjunto de interações, do inconsciente o emocional e o consciente representado pela cognição, e fatores ambientais que se mobilizam e que ajustam ao equilíbrio do organismo.

Resumindo a definição do stress seria a seguinte:

O stress é uma reação do indivíduo em uma determinada situação, diante da qual a pessoa não dispõe de recursos cognitivos e emocionais para fazer frente a mesma situação, gerando uma descarga importante de adrenalina, com liberação de hormônios nocivos ao funcionamento normal do organismo como o cortisol.

O conceito atual de stress passa de 50 anos. A palavra "stress" é bem mais antiga. A sua origem etimológica vem do latin stringere, "pôr em tensão"; em inglês, significa "distress", enquanto que em francês, "stress" representa "estreitamento ou restrição, opressão", e, em português, "estresse". O termo, surgido no século XX, foi consagrado por uma publicação divulgada na França nos anos 30.

Assim sendo, sua história oficial data de 1936, quando Hans Selye, médico canadense de origem húngara, durante uma investigação fisiológica, quis conhecer a resposta de um organismo vivo à uma agressão ou uma modificação do meio externo ou interno. Então constatou respostas que influenciavam as transmissões nervosas e endócrinas, em especial o sistema hipotálamo-hipofisario, deformado por um aumento da adrenalina e cortisona, bem como pelo crescimento dos seus efeitos respiratórios, vasculares, metabólicos e fisicos. Tal fenomeno coloca o organismo em estado de alerta, preparando-o à uma situação incomum. É "a síndroma geral de adaptação".

Este conceito designa a resposta do organismo aos constrangimentos do ambiente. O fisiologista Walter Canon, (1929) interpretou os efeitos do stress nos aspectos psicofisiológicos dos indivíduos, indicando que estes se manifestam num conjunto de reações que visam manter ou restabelecer o equilíbrio "homeostático". Assim, originalmente, este conceito propõe uma explicação causal da doença fundada sobre os grandes princípios da fisiologia definidos por Canon e Bernard (1929).

A doença era concebida como resultante da ruptura de tal equilíbrio e como um desafio aos mecanismos de regulação do indivíduo diante de uma exigência ambiental, que excederiam a capacidades de adaptação do organismo. O fenômenos de liberação hormonal ocorre em diversas etapas: primeiramente uma resposta de alarme ou o sinal de perigo, com várias reações de adaptação, tentativa do organismo de restabelecer o equilíbrio inicial de resistência, seguido do esgotamento e eventualmente a morte. Portanto, o stress é considerado um conjunto de reações que visam o equilíbrio do organismo, quando os acontecimento em torno dele ultrapassa seus limites de tolerância. Isto é, quando a pessoa não consegue fazer face ao acontecimento ou situação.

O fator patológico deve-se ao prolongamento e a repetição destas reações. Sendo assim tem-se três fases entre o stress inicial e o crônico que é a mais perigosa:

  1. O stress Inicial ou repentino – fase de alarme; O stress duradouro – fase de resistência; e O stress crônico – fase de esgotamento. Ver figura 0.1. "Síndrome geral de adaptação" constatamos que embora o mecanismo do stress seja, no início considerado, normal, a produção excessiva de cortisol, retardaria em certos aspectos o surgimento de certas doenças, mas ao custo de outras ameaças para o corpo. Um fenômeno físico normal cuja persistência das exigências atuais do mundo provoca prejuízos ao organismo. Esta prolongação e a freqüência aproximam-no de sintomas emocionais como a angústia ou a depressão. Numa situação de reação aguda ao stress, os doentes apresentam sintomas de sufocamento acompanhado de um sentimento de impotência, de medo ou de abandono. O stress pos-traumático não tratado provoca mudanças afetivas graves que aproximam-se de quadros depressivos e neurótico variáveis. Vemos que nas profissões de risco, como a de policial ou profissional de enfermagem hospitalar as situações drásticas, as preocupações, os perigos de um dia de trabalho de 24 horas geram um stress que excede a fase de alarme ou inicial, se caracterizado com o tempo, em duradouro, podendo transformar-se, em certos casos, em um stress crônico. Isto justifica que o stress patológico seja o segundo fator de risco nestas profissões. Entretanto são estes mesmos profissionais que se vêem fora deste risco, fazendo sempre referência ao stress a propósito de outros. O assunto é vítima de certa estigmatização. A palavra stress não recebe o respeito que merece. Sendo utilizada muito freqüentemente de modo pejorativo, como por exemplo: "este enfermeiro um é stressado"! Tal obstáculo representa dificuldades à pesquisa científica a respeito do stress profissional. Loriol (2004) sugere que a investigação do fenômeno exige uma série de cuidados como o de aproximar-se das suas causas e/ou das suas conseqüências perceptíveis, levando-se em conta igualmente as declarações dos indivíduos durante as entrevistas ou as suas respostas a questionários. Será igualmente possível inferir o nível de stress utilizando-se instrumentos padronizados de avaliação do mesmo, comparando, por aproximação, os resultados obtidos e os conteúdos das entrevistas e /ou questionários. Estas medidas apóiam-se, sobre elementos considerados mais objetivo onde os resultados são portadores de um maior controle de variáveis adversas. Embora as declarações assinalem sensações subjetivas, existe um acordo sobre a possibilidade de estabelecer correlações entre diferentes variáveis do ambiente e o nível subjetivo de stress quer pelo discurso direto quer pela avaliação das situações stressantes (testes). No entanto, estas duas abordagens são ainda susceptíveis de resultados contraditórios. Por exemplo, a comparação entre "funcionários de responsabilidades importantes (chefes, ou supervisores etc.), com os de menor hierarquia, que trabalhavam em contacto com o público e que se queixavam mais do stress": O resultado indicou que, em relação às conseqüências psicofisiológicas e de mortalidade, os chefes, que se queixavam menos, se revelaram mais afetados pelas que seus inferiores hierárquicos (Marco Loriol, 2004).

Assim, para dominar as controvérsias e tentar adotar as diferentes representações acumuladas sobre o stress, seria necessário contemplar o stress não simplesmente como um fenômeno fisiológico ou psicológico, mas em torno "de uma construção social", uma noção de sentido comum largamente utilizada na vida diária. "Ter responsabilidades pode ser percebido como fatigante, mas pode também ser gratificante e positivo".

Este sentido é socialmente construído, dependendo de sentimentos, convicções e valores distintos a um grupo social (Loriol, 2004). Na investigação sobre o stress profissional é necessário compreender, através das declarações, como os indivíduos percebem-se nas suas atividades, o que sentem a nível físico e emocional, qual é a significado dos papéis, quais são os seus constrangimentos e como julgam o seu grau de stress sentido dia após dia.

É indispensável levar em conta os aspectos psico-sociais que torneiam a atividade, como: o relacional, às situações mais negativas do trabalho, a percepção do reconhecimento profissional, os elementos de motivação mais importantes, os quais tem função de reduzir os efeitos negativos do stress, favorecendo mesmo a utilização adequada das estratégias contra os agentes negativos da atividade. Imperioso também é conhecer as estratégias dos grupos estudados, considerando que um mesmo acontecimento que angustia uma pessoa ou um grupo será vivido e conduzido diferentemente de uma pessoa para a outra ou de um grupo profissional ao outro.

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Escrito por

Psicóloga Anelice Enes Bergé

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