Agressividade é diferente de ser agressivo

A agressividade é diferente da pessoa agressiva (podemos ser agressivos em algum momento, mas isso não necessariamente quer dizer que somos pessoas agressivas).

2 MAI 2023 · Leitura: min.
Agressividade é diferente de ser agressivo

A agressividade é uma atitude de preservação da vida, portanto é uma emoção básica do ser humano. É um pouco preocupante um sujeito que nunca sentiu ou lidou com a raiva de alguma maneira. Todos nós a sentimos em algum momento, afinal ela possui um papel de defesa. A raiva tem um papel regulatório entre nós e as relações que temos. Portanto, talvez em algum momento você perceba seu espaço invadido por alguém e sinta raiva. É ela quem te avisa que há essa invasão, por isso não faz tanto sentido tentar reprimir esse sentimento a todo custo (como comumente costumam tentar nos ensinar a não sentir raiva de forma nenhuma porque ela é uma sensação ruim e indesejada). Com isso não quero dizer que ela seja agradável, mas é no mínimo muito necessária.

Tudo aquilo que é diferente geral algum atrito. Com as diferenças entre pessoas humanas não poderia ser diferente. Esse sentimento é normal, mas precisa ser cuidado quando atrapalha a funcionalidade de algumas áreas da vida ou nos impede de nos aproximarmos de maneira saudável de outras pessoas.

Agressividade é energia. Ela vem da mesma energia que permite que eu me alimente, faça exercícios, tenha relações sexuais, etc. É uma atitude de vida diante do mundo e torna a minha vida possível nele.

Essa raiva precisa ser cuidada quando, de alguma forma, se associa ao medo, à insegurança, à baixa autoestima e à necessidade de ser respeitado. Afinal, quando temos um problema e ficamos tensos, entendemos que nosso corpo "prefere" a tensão do que o risco que aquele problema envolve (por isso também se associa à quadros de estresse, mas nem sempre).

Ela pode se manifestar de forma prejudicial de algumas formas:

1) afetivo emocional: se trata do momento em que perdemos de vista nossas possibilidades, quando nossos limites já foram tão desrespeitados que precisamos de um trabalho que nos ajude a reencontra-los.

2) motor: quando nossos limites físicos são desrespeitados - seja por nós mesmos ou por outras pessoas - por exemplo quando damos uma quantidade de trabalho muito maior ao nosso corpo do que ele tem condições de suportar.

3) cognitivo: nesse momento já temos dificuldades em nos situarmos no presente e no aqui e agora, não nos damos conta de nossa respiração (que pode estar curta ou intensa) ou de outras sensações físicas. Nesse sentido, um trabalho de meditação guiada com um psicólogo pode promover alívio a partir de uma primeira consulta.

A agressividade é um sentimento muito condenado socialmente, por isso tendemos a não lidar bem com ela. Tenho certeza que você conhece alguém que não se permite ficar com raiva (pode até ser aquela pessoa que nunca demonstra esse sentimento), mas isso não quer dizer que ela não o sinta, apenas que não se permite expressar isso, o que custa muito caro emocionalmente. Por isso precisamos encontrar uma forma de canalizar essa raiva de uma maneira saudável e coerente com nosso meio, sem ferir a nós mesmos ou a terceiros.

Caso isso seja uma dificuldade para ti, elaborar sobre isso em um processo de terapia pode te ajudar a transformar essa raiva em uma expressão de vida, compreendendo e acolhendo essa agressividade, entendendo que ela tem os motivos dela para ter surgido de alguma maneira, afinal a "agressividade é a energia que conduz ao crescimento e ao aprendizado" (Poppa, 2013).

Referências:

Poppa, C. (2013). O processo de crescimento em Gestalt–terapia: um diálogo com a teoria do amadurecimento de DW Winnicott. São Paulo: PUCSP, 2013. 120p. Dissertação (Mestrado) - Programa de Psicologia Clínica. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP, Brasil.

Dicionário de Gestalt-Terapia: Gestaltês (Orgs. Gladys D'acri, Patricia Lima (Ticha) e Sheila Orgler. São Paulo: Summus Editorial, 2007)

Gunna Brieghel-Müller. (1998). Eutonia e Relaxamento. São Paulo: Summus.

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Escrito por

Eloisa Goronci

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