AMO MEU AGRESSOR? - ENTENDENDO A SÍNDROME DE ESTOCOLMO

Estratégia psíquica que a mente utiliza para proteger-se de tensão psiquíca contínua e exaustiva, provocada por exposição à situações de grande hostilidade e violência.

30 SET 2022 · Leitura: min.
AMO MEU AGRESSOR? - ENTENDENDO A SÍNDROME DE ESTOCOLMO

SÍNDROME DE ESTOCOLMO, também conhecida como VÍNCULO AFETIVO DE TERROR ou TRAUMÁTICO, é uma síndrome que ocorre quando a vítima se nutre de afeto pelo seu algoz. Aquele que a maltrata, humilha e a faz passar por situações de extrema hostilidade.

O termo STOCKHOLMSSYNDROMET foi criado pelo psicólogo e criminalista sueco Nils Bejerot, quando ajudou a polícia na condução bem sucedida da captuta dos reféns de um assalto a um banco na Suécia.

Berjerot identificou que as vítimas desenvolveram afetividade pelos sequestradores e assim, deu ao seu estudo psicológico o nome de Síndrome de Estocolmo.

A CENÁRIO QUE DEU NOME A SÍNDROME DE ESTOCOLMO

Na capital da Suécia, Estocolmo, em 23 de agosto de 1973, iniciou-se um assalto ao banco que durou 131 horas.

Jan-Erik Alsson entrou no banco com seus bandidos e tomou 4 bancários como reféns. Fez várias exigências à polícia e esta trancou-os no cofre junto com os reféns.

Kristen Enmark, uma das reféns, implorou, por telefone, ao primeiro ministro do país, que os criminosos pudessem sair ilesos e que ainda iria com eles.

A polícia não foi autorizada e os bandidos tiveram que sair. Os reféns se ofereceram como escudo humano para protegê-los.

Por fim, esse caso terminou com os reféns não querendo testemunhar no tribunal contra seus algozes. E ainda fizeram arrecadação de dinheiro para custear os honorários dos advogados daqueles.

A SÍNDROME

Vivenciar situações de estresse extremo provoca estados psicológicos intensos como tensões, medos, desepero, frustrações e sofrimento por todos os tipos de tortura, da psicológica à sexual, passando pela física.

A síndrome de Estocolmo é um estado psicológico em que a vítima, sendo submetida à abusos, violência, estupro, subjugação ou intimidação por parte do agressor, acaba por desenvolver afeto por aquele que a viola. Se observa também em relacionamentos afetivos abusivos.

A vítima deveria sentir repugnância mas se percebe sentindo simpatia e afeto pelo seu abusador.

Os afetos, amor ou amizade pelo agressor, podem ser produzidos por mecanismos inconscientes de defesa em que se projeta sentimentos na esperança de amenizar o sofrimento ou tentar fazer o algoz reduzir a tensão hostil das circunstâncias.

É uma estratégia que a mente produz para proteger-se.

Essa ambivalência de sentimentos que a vítima desenvolve pelo seu agressor é resultado do desamparo e submissão à extremas violências em que a vítima é submetida.

O lado positivo da síndrome é a diminuição na incidência da violência.

SÍNDROME DE ESTOCOLMO NOS RELACIONAMENTOS ABUSIVOS

Vítimas de abusadores em relacionamentos afetivos criam, tal qual num seqüestro, uma dependência emocional que as mantêm no círculo vicioso de abuso, não encontrando saídas para deixar o cárcere.

É uma condição complicada de enfrentar, visto que o algoz, seu perverso "companheiro", se nutre, nessa sua condição de personalidade, de situações hostis, maldosas e cruéis para satisfazer seus desejos obscuros. A manipulação é a estratégia adotada para que tudo se mantenha do jeito que ele impõe.

O tormento diuturno é avassalador, diluindo toda energia física e mental da vítima que se percebe prostrada a viver uma vida sem propósitos, sonhos, trabalho, vida social e perdendo a esperança de merecer paz e felicidade.

O padrão de comportamento psíquico embotado provoca apatia, ausência de desejos e motivação. Esse abatimento emocional faz com que a vítima não encontre forças e estratégias para sair do relacionamento afetivo.

Presa numa "teia de aranha", sem perspectivas de fuga, vivendo de migalhas de alimento emocional, e ainda se achando merecedora daquilo, é também tomada de grande sentimento de culpa por tudo o que está vivendo.

Sair de uma situação abusiva num relacionamento como esse, é como estar num cativeiro, escondida, sem ter contato com ninguém. É estar extremamente fragilizada e traumatizada e não ter forças para " gritar" por socorro. Por isso que muitas mulheres não tem coragem e robustez psicológica para buscar ajuda, ainda mais por ter que lidar com a vergonha ao assumir passar por situações abusivas e reconhecer o fracasso do relacionamento.

Esse mecanismo psíquico da síndrome de Estocolmo é uma forma de sobrevivência emocional e uma maneira da vítima não sentir-se tão isolada e sozinha.

Será que desenvolver afeto por àquele que à ela faz tanto mal, não é mesmo uma estratégia para suportar e amenizar uma infinidade de abusos e violência?

SINTOMAS DE PESSOAS QUE SOFRERAM SÍNDROME DE ESTOCOLMO

O abusador, apesar de se perceber como pessoa detentora da razão, é uma pessoa muito adoecida. Seu adoecimento provoca grande sofrimento e danos psicológicos às pessoas mais próximas ou que com ele têm ou tiveram o infortúnio de conviver.

O sofrimento imposto à vítima, por toda a sorte de abusos e violência, provoca sérios danos psicológicos. Depressão, síndrome do pânico, ansiedade, insônia, transtornos alimentares, estresse pós traumático, isolamento social, dificuldades em se relacionar, insegurança, falta de crença em si mesma, baixa autoestima.

São muitos os possivéis danos, inclusíve fīsicos, resultados da convivência intensa e prolongada com pessoas abusivas e que não possuem empatia.

PSICOTERAPIA PARA VÍTIMAS DE SÍNDROME DE ESTOCOLMO

Qualquer um, que perto do agressor convive, terá danos psicológicos possivelmente irreparáveis, que podem afetar a área afetiva, profissional e social, além do desenvolvimento pessoal.

A paciente, vitima de síndrome de Estocolmo, deve em terapia, compreender seus afetos e resignificar seus traumas.

Encontrar caminhos para restauração de sua vida emocional e social. Buscar a paz e perspectivas de vida, além de elevar o amor próprio, conquistando a independência emocional.

A psicoterapia ajudará a vítima a reconhecer possíveis agressores e se blindar diante deles.

Mas há de contar com a sorte para não ser vitima de raptores e sequestradores, conforme a experiência vivida.

BIBLIOGRAFIA

Crime que originou "Síndrome de Estocolmo, completa 40 anos" - exame.com.br - 07/08/2017

Síndrome de Estocolmo - Ernesto Nóbrega Valles

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Escrito por

Aline Tavares Guerreiro

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Comentários 2
  • Maria Paiva

    Boa Noite, Dra. Aline. Lendo agora o seu Texto incrivelmente bem escrito, detalhado e que ajuda aqueles que buscam entender os "pqs" da dependência da vítima ao seu agressor.em situações esdrúxulas, que a gente custa acreditar que a vítima possa suportar a vida aniquilante que ela leva. Obrigada, sucesso.

  • Bruno Correia Ribeiro Dantas

    Trabalho sensacional e muito importante que seja divulgado, principalmente, para aquelas pessoas que vivem um relacionamento abusivo dentro de casa. É de suma importância que divulgue este trabalho. Vamos divulgar pessoal.

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