Você sabe como funciona uma terapia cognitiva?

Antes de mais nada, é importante entender alguns conceitos. A teoria cognitiva se baseia nos pensamentos, na consciência e na maneira que uma pessoa interpreta sua realidade. E os teóricos desta vertente da psicologia acreditam que a "forma de ver o mundo" influencia as emoções e o comportamento de um indivíduo.

Sendo assim, as raízes de muitos distúrbios e transtornos estariam diretamente ligadas a "pensamentos distorcidos" sobre a realidade. Por exemplo, uma pessoa com depressão fica nesta condição devido a uma interpretação desajustada sobre si mesma. Portanto, o objetivo da terapia cognitiva é corrigir esses pensamentos distorcidos e, de forma colaborativa com o cliente, buscar formas de lidar com as emoções que causam sofrimento.

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Entendendo a maneira como nós pensamos

Na publicação "Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da terapia cognitiva", Paulo Knapp e Aaron T. Beck explicam como esses pensamentos distorcidos acontecem. Para ficar mais claro, usaremos uma situação corriqueira citada pelo estudo:

Quando você está conversando com alguém que acaba de conhecer e surge pensamentos como "ele não está gostando do que estou dizendo" ou presume outras coisas sem nenhuma evidência e desconsiderando outras hipóteses.

Este é um exemplo de uma "interpretação automática distorcida". Na teoria cognitiva, afirma-se que existem certos pensamentos que acontecem de forma imediata e espontânea, sem que paremos para refletir sobre eles. Esta "ideia" aparece quase que instintivamente e a pessoa a aceita como algo plausível, mesmo que não seja verdadeiro.

Tais pensamentos distorcidos ou automáticos surgem porque todos nós. Devido a experiências que passamos ao longo da vida, criamos crenças e estruturas cognitivas internas para dar significado ao que acontece ao nosso redor. Seguindo esta lógica, um transtorno psicológico surge quando as crenças de um indivíduo estão desajustadas e "fora da realidade". Já um indivíduo "bem ajustado" poderá fazer avaliações realistas de seu entorno.

O papel da terapia cognitiva é justamente ajudar uma pessoa a tomar consciência dos pensamentos automáticos para buscar mudanças, reestruturando e corrigindo pensamentos distorcidos. Beck afirma que:

"É tão possível perceber um pensamento, focar nele e avaliá-lo, como é possível identificar e refletir sobre uma sensação como a dor."

Como funciona a terapia cognitiva

Um processo de terapia cognitiva costuma durar de três a seis meses e é uma abordagem com eficácia comprovada e amplamente aceita em muitos países. Esta vertente engloba várias técnicas e as estratégias usadas dependem do tipo de transtorno. De maneira geral, um terapeuta cognitivo auxilia o cliente a olhar seus problemas sob novas perspectivas e a identificar maneiras de lidar com eles.

Por isso, este tipo de psicoterapia é um processo muito colaborativo, exigindo uma participação ativa de quem se submete ao tratamento. Uma das técnicas é realizar experimentos no dia a dia, colocando em prática novos formas de pensar.

A terapeuta cognitiva Glauce Andreotti Mazo cita alguns tipos de problemas em que a terapia cognitiva já demonstrou a sua eficácia:

• ansiedade
• síndrome do pânico
• transtornos alimentares
• problemas de relacionamento
• fobias
• stress pós-traumático

Terapia cognitiva e terapia comportamental

A aplicação da terapia cognitiva está intrinsecamente ligada à terapia comportamental, já que muitas técnicas que trabalham a maneira de pensar afetam, ao mesmo tempo, o comportamento da pessoa. E é por isso que muitos psicólogos se denominam terapeutas cognitivo-comportamentais.

Na publicação, Beck e Knapp ressaltam que a separação dos dois termos tem fins puramente didáticos, mas que, na prática, as duas abordagens andam juntas.

Fotos (ordem de aparição): por johnhain e geralt (Pixabay)

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