O que os disfarces de carnaval têm a dizer sobre você?

Quando chega o Carnaval, o desejo de aproveitar os dias de folia como se não houvesse amanhã é quase uma unanimidade entre os brasileiros. Afinal, é período de festa, alegria e, por que não, de eliminar tudo o que é negativo, abrindo caminho para um novo ciclo de vida.

Desde os tempos da Grécia antiga e Roma, o Carnaval já era uma festa popular associada a excessos e à subversão da ordem. De lá para cá, os ritos foram se atualizando, mas a possibilidade de se disfarçar continua sendo, além de divertida, um meio de libertação e de extrapolar os próprios limites.

Por isso, para muitos, usar máscaras, fantasias e outros elementos decorativos é tão agradável. É o que permite projetar, pelo menos por alguns dias, uma pessoa totalmente diferente daquilo que se é durante o resto do ano.

Sem autocensura

Como o Carnaval está irremediavelmente associado ao lúdico e à diversão, quem se dispõe a participar da folia também deseja refletir essa imagem. O anonimato permite ir além das convenções sociais, assumindo comportamentos que, nem sempre, são permitidos em outros âmbitos da vida.

Muitos aproveitam para potencializar algum traço da personalidade que fica mais escondido, seja por timidez ou introversão; outros decidem deixar o medo ao julgamento de lado e viver os momentos de forma mais espontânea.

A "máscara" proporciona liberdade e permite ser uma pessoa mais extrovertida, mais atrevida, mais sóciável. Permite experimentar algo novo. A psicologia social explica por que isso acontece:

Os disfarces e o Carnaval não deixam de ser uma porta através da qual se manifestam sentimentos ocultos e reprimidos, muitas vezes guardados no inconsciente. Esconder-se detrás de algo que oculta nossa identidade permite mostrar traços escondidos da personalidade sem medo à rejeição, e sem pensar no que os outros ou nós mesmos temos a dizer sobre isso.

É por isso que homens se sentem livres para se vestir de mulher, mulheres para se vestir de homem, pessoas se sentem livres para encarnar a personalidade de animais, artistas, até mesmo de criminosos conhecidos, dando vazão a comportamentos masculinos, femininos ou irracionais, e saltando as regras da sociedade de forma divertida.

A fantasia como um escudo

Seguindo essa linha de raciocínio, é fácil entender porque a fantasia, para muita gente, funciona como um escudo, que dá mais segurança para ser quem são (ou acreditam ser) e se relacionar com o outro.

A folia de Carnaval facilita o contato social, mas é importante entender que, em muitos casos, ele se dá de forma desenfreada e excessiva. E isso pode ser problemático.

Cuidado com os excessos

O abuso de substâncias entorpecentes como álcool e drogas costuma ser bastante comum durante o Carnaval. São, em alguns casos, as justificativas para comportamentos indevidos, indesejados ou inadequados.

A importância de se manter certa coerência e equilíbrio entre quem você é o ano todo e seu "personagem" durante o Carnaval se reforça diante das consequências psicológicas e físicas que a ultrapassar os limites durante os dias de folia pode deixar em você.

Todas as experiências que não respeitam sua essência podem ser traumáticas e deixar marcas difíceis de apagar. Além disso, depender de "máscaras" para atuar não deixa de ser indício de um problema mais profundo.

Segundo especialistas, quem necessita do disfarce para ser quem deseja ser é porque está vivendo uma realidade de forte autocensura, na qual está mais preocupado em atender as expectativas dos demais do que em ser fiel a seus instintos e necessidades. Nesse sentido, todo trabalho de autoconhecimento, como o que proporciona uma psicoterapia, é bem-vindo.

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