Como lidar com a culpa tão dolorida de ter sido uma péssima filha?

Feita por >manu · 6 out 2020 Depressão

Estou em uma depressão profunda, carrego muita culpa e não consigo seguir a vida.

Desde pequena sou muito apegada a minha mãe, até os 12 anos eu tinha muita confiança nela, e nossa relação de mãe e filha tinha muitíssimo amor, apesar de morarmos na casa da sogra do meu padrasto e minha mãe enfrentar alguns problemas de convivência lá, mas sempre tínhamos uma a outra e e eu ficava do lado dela nas brigas, tentando acalmar e proteger.

Por volta dessa idade, nos mudamos para um apartamento e passamos a viver eu, minha mãe, minha irmã pequena e meu padrasto. No primeiro ano de mudança, meu padrasto se irritava à toa, brigava feio com a minha mãe, me respondia com grosseria várias vezes, mas eu segui, e só torcia pra que isso melhorasse. Mas no segundo ano, foi piorando e meu padrasto passou a implicar muito comigo, falava mal de mim pra minha mãe sem precisar e ouvi coisas que me machucavam muito, ele até falou que eu não gostava da minha mãe, e ela só concordava com ele em tudo, nunca me defendia, mesmo sabendo o tanto de vezes que já demonstrei o quanto a amava.

Neste ano eu comecei a me sentir tão desprotegida, tão sozinha, eu falava as vezes com a minha mãe sobre ele estar errado em ser grosseiro toda hora, em sempre querer jogar piadinha pra se mostrar superior a minha mãe e falar que ela não sabia nada, etc. Mas na maioria das vezes, quando eu reclamava dele, ela falava que eu tava sendo ingrata e queria destruir o relacionamento deles.

No meio de tudo isso eu comecei a me fechar cada vez mais, me distanciei do meu padrasto e não gostava mais de ter ele por perto, e fui me afastando da minha mãe tb, nossa relação não tinha mais tanta confiança e amizade.

Depois de um tempo, eu comecei a me revoltar com tudo isso e deixei de ser uma boa filha pra minha mãe, ataquei ela com palavras, xingamentos, e descontei toda minha raiva várias vezes, culpando ela por tudo de ruim que eu já tive que passar.

As implicâncias dele comigo só aumentaram, uma vez eu cheguei em casa apavorada pq peguei o ônibus errado, tava escuro, muita chuva, e eu só precisava de um abraço, acolhimento, e ele falou que eu tinha que apanhar e minha mãe só concordava. Outra vez falou que eu não merecia nada, que do bolso dele não sairia nada pra mim. E inúmeras outras vezes, que quando eu ia falar com minha mãe para pedir ajuda, ela só defendia ele.

Ficou tão difícil que eu tive que sair de casa, minha mãe até tinha me prometido que iria comigo pq ela tb não estava aguentando mais a grosseria do marido, mas acabou me deixando ir sozinha, então ano passado fiquei na casa dos meus avós.

Mas esse ano vim pra passear, ficar com minha mãe e irmã, nem olho na cara do meu padrasto e ultimamente estou carregando uma culpa enorme e paralisante.

Eu percebi que eu abominava tanto o jeito grosseiro do meu padrasto, e acabei me tornando até pior pra minha mãe, eu percebi que talvez minha mãe não via as situações com os meus olhos e poderia na percepção dela estar pensando no melhor pra mim, mesmo eu não concordando. Eu me arrependo muito de ter xingado minha mãe de coisas absurdas, eu acho que é o pior erro que alguém pode cometer, me sinto desprezível por causa disso e sinto que eu poderia ser plenamente feliz daqui pra frente só se não tivesse cometido esse erro. Meu arrependimento é enorme e se eu pudesse voltar atrás eu passaria por tudo calada e só me preocuparia em fazer bem a minha mãe.

Parece que a situação se reverteu contra mim, eu era uma pessoa muito calma, compreensiva com minha mãe, acabei me deixando levar pela situação e me tornei o contrário de tudo isso.

Minha mãe continuou com o marido dela, ele finalmente parou de ser tão agressivo, de querer se achar superior toda hora, querer impor tudo. No fim eu que sai machucada, sozinha e carregando uma culpa enorme, por um tempo eu perdi minha essência de bondade com minha mãe, fui uma filha horrível.

Queria ver qual o lado bom de antes minha mãe ser minha melhor amiga e proteção, e depois nós chegarmos ao ponto de sermos inimigas, ela não me proteger mais, e o pior de tudo, eu xingar minha mãe pq não sabia mais oq fazer.

Depois de todo esse vendaval só sobrou a culpa, e o sentimento de que o meu erro foi o maior de todos, agora eu vejo que é muito melhor sair machucada do que carregar a culpa de machucar alguém que ama, que é melhor carregar trauma do que culpa.

Acho que nunca vou me perdoar por ter perdido o que havia de mais bonito em mim, meu coração que tinha tanto amor, compreensão, e principalmente por ter deixado perder uma relação com minha mãe que não tinha nada de maldade e desrespeito.

Enfim, essa culpa vem me consumindo demais, deixo de viver a vida com felicidade por causa dela.

Me sinto paralisada, e esse sentimento dói muito, sinto que estou afundando cada vez mais. Não consigo aceitar que falei tantas coisas ruins.

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A melhor resposta 7 OUT 2020

Olá Manu! Grato por escrever. Parabéns! Seu texto sugere significativo processo de amadurecimento. No entanto, precisa de redirecionamentos. Aprendemos a viver vivendo. Certamente não ´é melhor sair machucada, não é razoável sentir-se culpada. Você era uma adolescente; os adultos eram eles. Todos os adultos cometemos erros, posto que todo ser humano é falho, limitado, contraditório, não é uma questão de maturidade, muito menos questão de culpa. Culpa se caracteriza quando temos a intenção claro, que poderia ser controlada, de prejudicar alguém. Não foi seu caso.
Será muito gratificante poder te audar a reorganizar a identidade, as idéias, resgatar tua intereiza, tua harmonia, atualizar seus planos, objetivos, metas e rotina de vida.
Não somos, nunca seremos perfeitos: isso é muito diferente de sermos culpados. Somos seres em construção.
Conte com um de nós, psicólogos, para reorganizar tua autonomia, em sintonia com as trocas familiares, sociais e culturais.,
Abraços virtuais (em tempos de permanência de elevada taxa de contágio da pandemia, sejamos razoáveis: máscara, higiene, distanciamento físico, abertura mental, empatia, amor próprio, senso de comunidade, Ciência!)

Ary Donizete Machado - psicólogo clínico.

Ary Donizete Machado Psicólogo em Limeira

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10 OUT 2020

Oi Manu, sou Geime Rozanski – Psicoterapeuta
Antes de tudo vou colocar umas coisas a respeito de você.
Quem você é? O que veio fazer aqui? Você veio aqui para se realizar e ser feliz, veio aqui a este mundo para realizar uma missão de vida, você veio através dos teus pais, mas não és deles...
Foi você que escolheu estas pessoas para serem seus pais, antes mesmo de nascer, já sabia todas estas experiências que irias passar, estas coisas que se chamam dificuldades. Escolheu estas experiências porque melhor ajudaria a cumprir com o teu objetivo de vida.
Tua mãe, te deu a vida, te cuidou e mesmo você passando por tudo isso, estás aí forte e bonita para cumprir com a tua missão.
Portanto, não espere nada de outras pessoas. Você não precisa nada delas, deves se tornar autônoma emocional e financeiramente. Cada um precisa ser autônomo e não depender de ninguém. A rejeição do teu padrasto pode ser encarado como ajuda para que você conquistar a tua independência. Não se sinta vítima, não se sinta culpada por nada, afinal percebeu que a sua mãe também ficava submissa ao companheiro dela e não reagia. Mas este era um problema da sua mãe.
O que compete a ti é cuidar de si mesma, tens a acolhida dos teus avós... é o suficiente para que possas preparar o teu profissional que vai te proporcionar independência financeira. Escolha o que gosta de fazer. A vida te quer feliz e realizada e para isso não precisa do amor da tua mãe. Ema te ama, mas vivia com medo do companheiro dela, por isso ficou do lado dele. Mas ela te ama e você também a ama apesar das dores sofridas... tudo é aprendizagem.
Pra vida, o que passou, passou. Tens o presente para vive-lo com intensidade, prazer e alegria.
Todo o amor está dentro de ti, deixe-o se expressar, deixe-o fluir livre e não impeça ele com a tua mágoa, ressentimento ou culpa. Não existe erros, existe aprendizagem. É bom investir em Psicoterapia para se conhecer, limpar o passado e deixar a energia fluir livremente, curando toda a dor.

Geime Rozanski Psicólogo em Brasília

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8 OUT 2020

Olá Manu.
O ser humano tem fases, a adolescência é uma delas, neste período uma pessoa jovem ainda não tem discernimento completo de tudo que está acontecendo, mas pensa que já sabe de tudo, neste período há os rompimentos para que a pessoa consiga ser ela mesma e evolua. Nesta idade talvez você não soubesse exatamente os motivos das atitudes de sua mãe, e talvez nem ela sabia contornar a situação.
O arrependimento é um momento de crescimento humano, e se conseguir falar com sua mãe, provavelmente será bom para vocês duas.
Buscar ajuda psicológica poderá te ajudar em tudo que está relatando. No atendimento psicológico você poderá cuidar deste sentimento de culpa, de paralisação, e poderá se erguer para um novo caminho e aprendizado.
Espero ter ajudado.
Jane Assunção.

Jane Assunção Psicólogo em São Paulo

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