Sobre amar e amor-próprio: uma metáfora necessária

Não é possível interagir com alguém que cause mal, mesmo que não intencionalmente. Se essa pessoa é você, é preciso repensar!

15 SET 2017 · Leitura: min.
Sobre amar e amor-próprio: uma metáfora necessária

O tema dos relacionamentos abusivos está, finalmente, sendo discutido. A mídia e a ciência tem se unido para abordar esse assunto tão comum nas interações pessoais. Uma definição simples desse tipo de relação é quando uma pessoa desqualifica, violenta, deprecia a outra, com o intuito de diminuí-la e mantê-la num papel dominado.

Quando se fala de relação abusiva, a solução apontada, a nível privado, é o término, o rompimento. Não é possível interagir com alguém que cause mal, mesmo que não intencionalmente. No entanto, pouco se discute quando a vítima e o algoz são a mesma pessoa. São as relações abusivas individuais. Quando há, apenas, uma pessoa envolvida. E é sobre isso que te convido a pensar.

É possível que você, ou alguém que conheça, esteja nesse tipo de relação, por isso vou dar algumas dicas para ajudar a identificá-las e três passos para modificá-las. Vamos lá?

1) Você não valoriza suas ações

Disfarçada de humildade, essa característica pode ser perigosa. Elogiar-se ou classificar o que foi feito como algo bom é muitas vezes mal visto. É importante discriminar e valorizar quando algo bom é realizado, inclusive quando você o produziu. Isso não significa diminuir conquistas alheias para valorizar as suas ou focar-se no que está pronto e não atentar as melhorias. Trata-se de ficar feliz e se gratificar pelo que fez no momento presente.

2) Você acha que seu corpo é mais feio que o dos outros

Somos bombardeados diariamente com imagens de corpos considerados perfeitos. Tanto homens como mulheres são incentivados a valorizarem os modelos trincados, bombados, definidos e rejeitarem o que tem. Se o intuito fosse promover saúde, a proposta seria diferente. No entanto, a lógica é voltada ao consumo. Essa ideia promove depreciação de si e leva muitos a desenvolver problemas de autoimagem e autoestima, inclusive condições psiquiátricas como bulimia e anorexia. Considerar-se como mais feio do que os demais e privar-se de interações por isso é um sinal de alerta!

3) Você acha que é incompetente em tudo o que faz

Um pouco de autocrítica é necessária para o bom desempenho em qualquer área. Porém algumas pessoas colocam parâmetros inalcançáveis de comportamento. Sentem que seu trabalho, seus estudos, suas relações são sempre piores do que a dos outros. Comparam-se negativamente aos demais.

4) Você não consegue ficar sozinho

Existem perfis diferentes de pessoas. Alguns são mais sociáveis e outros mais introvertidos e não existe um modelo do que é normal. Porém, certas pessoas simplesmente não conseguem ficar sozinhas, não conseguem aproveitar a própria companhia. Se rodeiam de pessoas, trabalham mais horas por dia do que o saudável. Temem feriados ou finais de semana porque estarão menos "ocupados" e não sabem o que fazer com o tempo livre (não estou me referindo ao tédio, mas sim a incapacidade de ficar algumas horas sozinho).

Se você identificou o abuso, está na hora de modificar essa relação, mas como? Apresento a seguir três passos que podem ser úteis. Eles são livremente inspirados nas relações amorosas, no entanto creio que é a melhor metáfora.

Primeiro passo:

Termine com você. Isso mesmo! Não dá para se relacionar com alguém que o trata mal, portanto essa é a única opção. Como fazer isso? Doe as roupas que fazem com que você não se sinta bem, converse com as pessoas que deixam você para baixo e estabeleça limites, saia das redes sociais (ou pare de seguir certas pessoas), identifique hábitos destrutivos e escreva-os em lugar visível para que você monitore-os e não os pratique mais, entre outros.

Segundo passo:

Comece a namorar a pessoa que você deseja se tornar! Redescubra suas características, seus sonhos, seus desejos. Leve-se para descobrir lugares novos ou volte aos seus lugares favoritos, assista coisas que você aprecia, escute músicas variadas, coma alimentos saudáveis e gostosos, vista-se de maneira confortável e que façam você se sentir bem. Se permita se conhecer. Não se compare com modelos apresentados como ideais. É bem possível que você se apaixone.

Terceiro passo:

Mantenha a chama acesa. É normal, como em qualquer relação, que existam altos e baixos. Haverá momentos de dúvidas, de angústia, de felicidades, de contentamento. Muito do brilho irá embora. Existirão descobertas de defeitos e manias irritantes. Isso não é impeditivo de permanecer consigo, é um aspecto necessário de maturidade, que tornam um relacionamento não só apaixonado, mas também amoroso. A relação será saudável enquanto você mantê-la assim. E isso requer investimento. Seja seu próprio parceiro, amigo, sócio.

Quando estiver em dificuldade e sentir que precisa de ajuda, procure. Quando estiver bem, ajude outros a perceber o quanto é incrível ser apaixonado por si! Não existe relacionamento ou pessoa perfeita. Mas isso nunca impediu ninguém de amar.

PUBLICIDADE

Escrito por

Liediani Souza

Consulte nossos melhores especialistas em autoestima
Deixe seu comentário

PUBLICIDADE

Comentários 1
  • Gleicy Ellen

    O amor próprio é uma pauta bastante discutida, mas acho que ninguém parou para olhar assim, além da estética. Nunca vi um ínicio que dissesse por onde começar. Infelizmente, sei na pele como é conviver consigo mesmo e se minar e alimentar esse ódio com coisas que, nos outros, seriam comuns. E não é fácil mudar. Tenho consciência total de que sou destrutiva e ainda assim, continuo.

últimos artigos sobre autoestima

PUBLICIDADE