Sobre amar e amor-próprio: uma metáfora necessária
Não é possível interagir com alguém que cause mal, mesmo que não intencionalmente. Se essa pessoa é você, é preciso repensar!
O tema dos relacionamentos abusivos está, finalmente, sendo discutido. A mídia e a ciência tem se unido para abordar esse assunto tão comum nas interações pessoais. Uma definição simples desse tipo de relação é quando uma pessoa desqualifica, violenta, deprecia a outra, com o intuito de diminuí-la e mantê-la num papel dominado.
Quando se fala de relação abusiva, a solução apontada, a nível privado, é o término, o rompimento. Não é possível interagir com alguém que cause mal, mesmo que não intencionalmente. No entanto, pouco se discute quando a vítima e o algoz são a mesma pessoa. São as relações abusivas individuais. Quando há, apenas, uma pessoa envolvida. E é sobre isso que te convido a pensar.
É possível que você, ou alguém que conheça, esteja nesse tipo de relação, por isso vou dar algumas dicas para ajudar a identificá-las e três passos para modificá-las. Vamos lá?
1) Você não valoriza suas ações
Disfarçada de humildade, essa característica pode ser perigosa. Elogiar-se ou classificar o que foi feito como algo bom é muitas vezes mal visto. É importante discriminar e valorizar quando algo bom é realizado, inclusive quando você o produziu. Isso não significa diminuir conquistas alheias para valorizar as suas ou focar-se no que está pronto e não atentar as melhorias. Trata-se de ficar feliz e se gratificar pelo que fez no momento presente.
2) Você acha que seu corpo é mais feio que o dos outros
Somos bombardeados diariamente com imagens de corpos considerados perfeitos. Tanto homens como mulheres são incentivados a valorizarem os modelos trincados, bombados, definidos e rejeitarem o que tem. Se o intuito fosse promover saúde, a proposta seria diferente. No entanto, a lógica é voltada ao consumo. Essa ideia promove depreciação de si e leva muitos a desenvolver problemas de autoimagem e autoestima, inclusive condições psiquiátricas como bulimia e anorexia. Considerar-se como mais feio do que os demais e privar-se de interações por isso é um sinal de alerta!
3) Você acha que é incompetente em tudo o que faz
Um pouco de autocrítica é necessária para o bom desempenho em qualquer área. Porém algumas pessoas colocam parâmetros inalcançáveis de comportamento. Sentem que seu trabalho, seus estudos, suas relações são sempre piores do que a dos outros. Comparam-se negativamente aos demais.
4) Você não consegue ficar sozinho
Existem perfis diferentes de pessoas. Alguns são mais sociáveis e outros mais introvertidos e não existe um modelo do que é normal. Porém, certas pessoas simplesmente não conseguem ficar sozinhas, não conseguem aproveitar a própria companhia. Se rodeiam de pessoas, trabalham mais horas por dia do que o saudável. Temem feriados ou finais de semana porque estarão menos "ocupados" e não sabem o que fazer com o tempo livre (não estou me referindo ao tédio, mas sim a incapacidade de ficar algumas horas sozinho).
Se você identificou o abuso, está na hora de modificar essa relação, mas como? Apresento a seguir três passos que podem ser úteis. Eles são livremente inspirados nas relações amorosas, no entanto creio que é a melhor metáfora.
Primeiro passo:
Termine com você. Isso mesmo! Não dá para se relacionar com alguém que o trata mal, portanto essa é a única opção. Como fazer isso? Doe as roupas que fazem com que você não se sinta bem, converse com as pessoas que deixam você para baixo e estabeleça limites, saia das redes sociais (ou pare de seguir certas pessoas), identifique hábitos destrutivos e escreva-os em lugar visível para que você monitore-os e não os pratique mais, entre outros.
Segundo passo:
Comece a namorar a pessoa que você deseja se tornar! Redescubra suas características, seus sonhos, seus desejos. Leve-se para descobrir lugares novos ou volte aos seus lugares favoritos, assista coisas que você aprecia, escute músicas variadas, coma alimentos saudáveis e gostosos, vista-se de maneira confortável e que façam você se sentir bem. Se permita se conhecer. Não se compare com modelos apresentados como ideais. É bem possível que você se apaixone.
Terceiro passo:
Mantenha a chama acesa. É normal, como em qualquer relação, que existam altos e baixos. Haverá momentos de dúvidas, de angústia, de felicidades, de contentamento. Muito do brilho irá embora. Existirão descobertas de defeitos e manias irritantes. Isso não é impeditivo de permanecer consigo, é um aspecto necessário de maturidade, que tornam um relacionamento não só apaixonado, mas também amoroso. A relação será saudável enquanto você mantê-la assim. E isso requer investimento. Seja seu próprio parceiro, amigo, sócio.
Quando estiver em dificuldade e sentir que precisa de ajuda, procure. Quando estiver bem, ajude outros a perceber o quanto é incrível ser apaixonado por si! Não existe relacionamento ou pessoa perfeita. Mas isso nunca impediu ninguém de amar.
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
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O amor próprio é uma pauta bastante discutida, mas acho que ninguém parou para olhar assim, além da estética. Nunca vi um ínicio que dissesse por onde começar. Infelizmente, sei na pele como é conviver consigo mesmo e se minar e alimentar esse ódio com coisas que, nos outros, seriam comuns. E não é fácil mudar. Tenho consciência total de que sou destrutiva e ainda assim, continuo.