Síndrome do ninho cheio: quando os filhos adultos não saem da casa dos pais

Filhos estão saindo cada vez mais tarde da casa dos pais. Na maioria dos casos, esta nova configuração familiar tem tornado mais diícil para os casais de meia idade manterem vivo seu espaço.

19 MAR 2019 · Leitura: min.
Síndrome do ninho cheio: quando os filhos adultos não saem da casa dos pais

Temos verificado um fenômeno crescente na sociedade contemporânea que está sendo denominado de “adolescência estendida”, caracterizada pela permanência do jovem na casa dos pais, negação de assumir responsabilidades e de ser independente de sua família. É um momento que está além do desenvolvimento de maturação orgânica do ser humano.

Desta forma, é recorrente a constatação de que as mudanças no ciclo de vida familiar em relação ao “ninho vazio” está se transformando por esta a convivência prolongada entre pais e filhos.  Assim surge a denominação “ninho cheio” em oposição à experiência da saída dos jovens da casa dos pais “ninho vazio", termo utilizado por Carter e McGoldrick (1995).

Tenho um filho, o caçula de 31 anos que não quer nada. Diferente dos irmãos, quer continuar morando em nossa casa, obtendo uns trocados através de pequenos serviços para gastar nas baladas.  Na idade dele eu já era pai e trabalhava duro, agora estou com 65 e acho que está na hora de eu procurar poupar recursos para a próxima fase da minha vida  e da minha mulher. Não sei o que fazer. Eu não tenho coragem de expulsar o filho, minha mulher está aflita também com essa situação. Depoimento de um pai inconformado com a dependência do seu filho.  

Em função destes fenômenos, para muitos casais que se encontram na meia idade, mesmo com a relação conjugal sólida, torna-se mais difícil manter vivo o seu espaço de intimidade, o que poderá desencadear em uma crise, com sintomas de depressão ou deteriorização do relacionamento.

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Alguns fatores são apontados por Henriques (2003) como responsáveis por essa adolescência tardia e convivência prolongada entre pais e filhos:

  • ambivalência dos pais no que concerne à saída dos filhos de casa;
  • escolhas profissionais cada vez mais difíceis pelas escassas oportunidades do mercado de trabalho;
  • permissão para o sexo na casa dos pais;
  • conforto e o padrão de vida usufruídos na convivência familiar;
  • adiamento do casamento;
  • abaixas expectativas e exigências nos relacionamentos afetivos
  • dificuldade de separação entre pais e filhos.

Neste sentido, há que sobservar a trama familiar em que cada um dos membros tem sua cota de responsabilidade. Cabe, portanto, rever as atitudes que mantêm a situação. Em certos casos, a intervenção profissional na família faz-se necessária.

Por Norma Emiliano, inscrita no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro

Fotos: MundoPsicologos.com

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Escrito por

Norma Emiliano

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Bibliografia

CARTER, Betty; MCGOLDRICK, Mônica. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995

HENRIQUES, Célia Regina. "Geração Canguru": o prolongamento da convivência familiar. 136 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica). Departamento de Psicologia da Pontifícia Católica do Rio de Janeiro, 2003.

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Comentários 6
  • Raquel Marques

    Tenho uma filha de 50 anos que não sai de casa e ainda por cima da ordens em tudo na minha casa. Me policia em tudo que faço. Se estou no celular diz que a casa está suja. Tenho 70 anos e estou cansada.

  • Jussa marta

    Meu marido 3 filhos 2 há se casaram Porém ficou um com 35 anos de idade Eles são filhos do primeiro casamento Porém o pai faz tudo para ele não sai de perto mima demais E isso está atrapalhando nosso casamento O filho é saudável trabalha é independente financeiramente Porém depende totalmente do pai não sai não viaja Em tidis lugares que vamos eke vai junto.....não sei mais o que faze

  • Josué Xavier De ALMEIDA

    Bom dia. Estou vivendo uma situação bem complicada. Sou casado e tenho dois enteados já maiores de idade. Um deles se casou e até tem casa a uns 5km da nossa, mas o casal ele tem 23 anos, não quer sai da nossa casa. Eles passam dias na nossa casa. Eu nunca falei nada para ele mas já conversei com a mãe dele e sempre acaba em discussão!!! Ela defende eles dois e não fala a real para eles. Ela nunca é dura e sempre tem medo de magoar o filho. Percebo que ela gosta de ter o filho perto também. Os dois não trabalham , ela está grávida e passam o dia no sofá. Essa situação está me chateando muito e até penso em um divórcio.

  • Joao luis couto

    Hoje vivo esse inferno ! Moramos com nossa filha de 24 anos e um filho de 27 anos. Minha esposa nao me da' atencao e carinho nenhum - somente para os filhos principalmente para o filho que mais parece ser namorado dela : so' beijos, abracos, carinhos, brincadeiras,intimidade, ela chega a ficar nua na frente dele - enquanto isso, ela me ignora completamente, trata-me mal com descaso, restam-me so' as contas a pagar para sustentar a familia... nao tenho mais privacidade e nem intimidade com minha esposa ! Estou de saco cheio ! Nao aguento mais ! Minha vida esta' um inferno !

  • DEBORA REGINA LOPES

    Sofro desse mal e graças a vcs , descobri o nome da minha angústia

  • ESTER FERREIRA

    Vivo isso com meu filho mais velho, tem 22 anos, e me trata como se fosse a mulher dele. Não me respeita, exige e faz o que quer. Tenho 5 filhos e só ele é assim. Machista, grita o tempo inteiro, se tranca no quarto, dorme o dia todo e de noite fica jogando e gritando no computador. Suja tudo o tempo todo, vai no banheiro suja até a tampa, toma banho de quase duas horas, molha até o teto, às vezes a água saí para o corredor. Come igual um animal, derruba o copo e não limpa, vive ameaçando bater nas irmãs de 4 e 10 anos. Meu filho de 18 anos saiu de casa por causa dele, meu filho de 20 tem medo de me deixar com ele. Não respeita ngm que acorda as 6hs da manhã. Estou cansada, procurei a defensoria e disseram que não posso fazer nada. Penso apenas em morrer.

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