A psicologia na vida do deficiente

Cerca de 45,6 milhões de brasileiros, ou seja, 24% da população nacional, têm pelo menos um tipo de deficiência. Entenda como a psicologia pode ajudar no processo de inclusão.

9 DEZ 2013 · Leitura: min.
Foto: por zader (Flickr)

Cerca de 45,6 milhões de brasileiros, ou seja, 24% da população nacional, têm pelo menos um tipo de deficiência. Os dados são de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no ano passado. A instituição investigou um grupo de deficientes e identificou que um novo padrão de relacionamento está sendo construído. Esta parcela da população está melhorando sua condição de vida e percebendo a redução do preconceito, porém ainda estamos longe do modelo ideal.

Aproveitando que no último 3 de dezembro foi comemorado o Dia Internacional do Deficiente, o MundoPsicologos.com decidiu buscar informações sobre o papel da psicologia na vida destas pessoas. A psicóloga Ana Cláudia de Souza pontua que os casos mais comuns de deficiência trabalhados na psicologia são: deficientes intelectuais, pessoas com doenças degenerativas, paralisias e indivíduos com limitações físicas.

Os deficientes, assim como os demais indivíduos, têm um papel fundamental na sociedade. Entretanto, muitas vezes eles sofrem discriminações desde cedo. E o que pode ser feito para evitar o preconceito? A psicologia definitivamente pode ajudar nestes casos.

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A sociedade é responsável pelo processo de inclusão do deficiente. É comum ver crianças discriminarem o colega na escola por acreditar que ele é “diferente". Neste momento, o papel do educador é fundamental.

“O aprendizado do preconceito ocorre como qualquer outro aprendizado, então é preciso que os pais e professores tematizem estes assuntos humanitários com as crianças, ensinando-as a não serem preconceituosas, entendendo que as diferenças não têm 'valoração', são diferenças. Quando uma criança discrimina a outra, os professores e pais devem intervir, mostrando que é inadequado. Lembrando que nenhuma criança nasce preconceituosa, ela torna-se, na relação com o adulto. Então se os adultos acompanham o aprendizado e orientam, a criança não vai tornar-se preconceituosa", explica Ana Cláudia.

Não é à toa que este tema preocupa o Conselho Federal de Psicologia (CFP). Em documento divuldado neste ano, o órgão trata de orientar os psicólogos que trabalham na área. Abaixo destacamos os pontos principais:

  1. Na hora de adaptar um teste psicológico para pessoas com deficiência, tenha muito cuidado. Isso pode influenciar no resultado final. Nenhuma adaptação deve ser feita sem um estudo prévio.
  2. Alguns ajustes podem alterar o construto que deseja medir (exemplo: compreensão oral e escrita).
  3. Estude bem o seu público. Entenda a forma como ele manuseará os materiais do instrumento.
  4. E, por fim, avalie o impacto das adaptações em relação à acessibilidade, usabilidade e objetividade. Sempre que possível, consulte um especialistas da área que tenha a mesma deficiência do teste que está sendo adaptado.

Orientação aos pais

O papel do psicólogo vai além de ajudar diretamente o indivíduo que tem a deficiência. Ele também pode oferecer suporte aos pais, principalmente quando se trata de uma criança deficiente e há dúvidas sobre o processo de desenvolvimento do filho.

“A aprendizagem de limites, que é crucial para a formação de uma personalidade saudável, muitas vezes se constitui em dificuldade por parte dos pais, que não sabem como fazer as demarcações com seus filhos. Então, diante de dificuldades emocionais dos pais ou de seus filhos, ou diante de problemas na demarcação dos limites, no 'lidar' com a criança, devem ser situações em que os pais busquem auxílio profissional. Lembrando que a personalidade se forma na infância e adolescência, e então qualquer problema de formação de personalidade pode ser revertido ou impedido neste período da vida", afirma a psicóloga.

A deficiência e seu processo de inclusão vem ganhando cada vez mais espaço entre os especialista. No início do mês, profissionais da área de saúde participaram do 1° CISPoD – Congresso Internacional Sobre Saúde da Pessoa com Deficiência e Grupos Especiais, em Brasília. Os psicólogos debateram sobre o processo de inclusão social da pessoa com deficiência, a família, as contribuições da psicologia na promoção do desenvolvimento do deficiente, a formação do psicólogo para atuar nestes casos, entre outros.

Foto: por anna.j (Flickr)

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Comentários 3
  • Luiz Brito

    Olá! Gostaria de saber se a falta de inclusão, pode gerar algum tipo de impacto no desenvolvimento e no social da criança. Por exemplo eu levei o meu filho para ir ao parque porém não tinha brinquedos adaptados para ele, isso pode gerar alguma coisa futura?

  • Almeida

    Que tipo de Orientação o psicólogo pode oferecer aos pais de pessoas deficientes auditivo

  • Edna Lucia de Queiroz Psicologa

    Eu trabalho com crianças, jovens e adultos com deficiência há mais de 10 anos. Na minha atuação, uma atividade que foi crescendo e que me levou ao acompanhamento terapêutico, foi colocar este individuo no mundo. Com passeios, viagens, realizações de atividades simples, mas que para eles é necessário um treino, como, por exemplo, pegar um ônibus, fazer o mercado da casa ou ir numa balada. Assim eles se tornam mais autônomos e podem ir em busca as suas próprias realizações. Eles têm o direito de estar na sociedade, com suas capacidades e limitações. E a sociedade, por sua vez, precisa aprender a conviver com essas pessoas e as tratá-las com o devido respeito. Por sua vez o individuo deficiente tem que aprender a se comportar adequadamente no meio que vive, respeitando as regras e os limites que são para todos. Penso que devemos construir um caminho de equilíbrio. Sem super proteção e sem preconceito.

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