O que pode estar por trás de um sorriso

Quando alguém que está passando por um problema recebe você com um sorriso, não significa que seu sofrimento é falso ou que o ato de sorrir naquele momento não seja autêntico.

19 MAR 2019 · Leitura: min.
O que pode estar por trás de um sorriso

Você já encontrou um amigo que olhar para você e solta um sorriso celestial? Com um olhar de um brilho de sol sugerindo que ia te fazer alguma pergunta interessante? E, que estranho nada disso ocorre! Então, você lembrar-se de sua última conversar com ele, de três dias atrás, se queixando de um problema que estava afligindo e perturbado suas emoções. E você fica surpreso com seu comportamento de sorrir. Você chega a muitas conclusões acerca de seu sorriso, mas seleciona uma possibilidade –“ora, esse é um sorriso falso” – e não checa com ele suas conclusões. Esta situação, pode nos mostrar que: 

  • Criamos expectativas aos nos encontrarmos com os outros e esperamos que eles satisfaçam nossas necessidades.
  •  A leitura que fazemos do comportamento alheio pode falhar e o resultado da rivalidade do que eu imaginava e o que realmente é, se não for coeso, pode trazer frustração.
  •  Recorrer à memória das experiências relatadas pelo amigo e tomá-la como produtora de conhecimento infalível e definitivo de seu estado pode não servir para expressar sua dinâmica forma de viver a vida.
  •  Ficar surpreso e aberto ao comportamento do amigo é uma boa maneira de aprendizagem e aquisição de novos conhecimentos.  Vale ser treinada e desenvolvida para produção de conhecimento.
  • O tempo todo nosso cérebro avalia e escaneia o ambiente a fim de identifica alguma ameaça e fazer ajustes bem adaptativos. E, é provável que ocorra muitos erros nesta operação de pensar, selecionar informações e interpretação.
  • Todos nós, em algum momento, já tenhamos vivenciado alguma das distorções cognitivas sem, todavia, tomar as diligências necessárias de buscar evidências que comprovem nossas conclusões. Pensar errado, portanto é característica do humano.

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Infelizmente, esta interpretação do comportamento do outro é muito frequente. Em geral, fazemos uma leitura das pessoas tão impulsivamente, com nossos próprios recursos internos disponíveis naquele instante de avaliação que não damos conta de acertar a interpretação. Podemos chegar facilmente ao entendimento de que o amigo que encontrei estava escondendo sua tristeza, seu sofrimento ou sua depressão. Ou que estava esboçando algo improvável como tranquilidade, satisfação com a vida ou quaisquer coisas do tipo.

É frequente que em nossas interpretações do comportamento alheio ocorram identificações com nossas experiências pessoais. Há uma tendência geral, em todos nos, de julgarmos erroneamente os atos da outra pessoa e isso é lamentável. Isso acontece porque cada um projeta seus próprios defeitos psicológicos sobre os demais. 

Uma pessoa reativa, por exemplo, pode deixar influenciar com facilidade. E passado um tempo esse costume virá hábito. Esta é uma operação de reações emocionais descompensada com a ideia de “os erros humanos são fruto de uma impulsividade de precipitar conclusões.”

Quando o sorrir virou patologia

Tendemos ao equivoco do pensamento de que uma pessoa que está passando por uma dificuldade emocional na vida não pode expressar suas forças e virtudes. Assim, o sorriso autêntico e alegre de nosso amigo ao nos encontrar é percebido dentro de uma sistemática rígida de comportamento. Seu sorriso é apreendido, erroneamente com a intenção agressiva de uma expressão bem definida e socialmente posta como pertencente a um termo, por exemplo,de  pessoas deprimidas. Ou seja,significa agir com certeza de uma determinada forma excluindo outras possibilidades e dentro de uma estrutura psicológica dada ou com determinado sentimentos. De modo que estão condenadas a este esquema de prisão, a este enquadramento, de sofrimentos e torturas que compõem a conceituação do entendimento que particularizo/percebo sobre a depressão. E, de lá lhes restam apenas expressar sintomas estereotipados do adoecimento de modo que jamais podem escapar dessa estrutura perversa. Assim, é a forma preconceituosa e cruel com que temos da pessoa deprimida que sorri.

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No entanto, é um pensamento errado da pessoa que sorri. O sorriso é uma expressão utilizada nos encontros sociais. Estudos do “Riso e bom humor que promovem a saúde” comprovam que seu uso promovem bem estar e nos conectar uns aos outros. E sorrir em certos momentos, em situações de estresse e dificuldades cotidianas é transcendente. Freud via o humor como um mecanismo saudável de defesa psicológica. Wooten (2005) sustenta que o propósito do humor é fornecer alívio das tensões e conflitos sociais. Rir, portanto, é um evento comportamental em resposta ao humor. Sorrir é terapêutico, pode beneficiar o organismo como um todo, promove bem-estar, fortalece o sistema imune, diminuição do estresse, promove a paz e satisfação com a vida, melhorar a qualidade de vida e a longevidade.  E sorrir, não tem custo, causa bem estar em quem ri, influencia pessoas e o ambiente. Vamos soltar uma gargalhada, que tal?

Na década de 70, muitos estudos reforçaram a importância do humor, particularmente o riso, para superar dificuldades. O estresse, a baixa imunidade e outras doenças estavam associados ao desânimo, tristeza, raiva, ódio.

“Viver sorrindo alegremente atrai pensamentos positivos que contagiam o ambiente, influenciando o estado mental das pessoas e, consequentemente, o próprio corpo. Aqueles que manifestam doenças passam a manifestar saúde quando praticam o riso." Flósofo oriental Masaharu Taniguchi (1930)

O nosso amigo, do exemplo, pode sim, sorrir. E se sorrir é uma forma de que ele encontra para superar e/ou promover saúde diante de nós, que ótima escolha ele está fazendo, você não acha? Ele pode e deve expressar-se sua plenitude, apesar de (...), pode imprimir em qualquer momento aspectos de si que funcionam e que dão certo. E, florescer aquilo que ele é na convivência com outras pessoas é uma habilidade social desejável e saudável. A pessoa pode expressar algo sorridente, querendo dizer que algo não vai bem, e que, naquele momento, decidiu usar o sorriso como estratégia de ser aceito e/ou de não ser rotulado. Ótimo! O sorriso faz uma função de autoproteção e, ao mesmo tempo, de acolhimento. Assim, de forma inteligente, se livrar dos estigmas ou preconceitos que as pessoas têm de quem sofrem de algum transtorno de ordem emocional.    

REFERÊNCIAS

CAPELA, R. RISO E BOM HUMOR QUE PROMOVEM A SAÚDE. REV. SIMBIOLOGIAS, V. 4, N. 6, P. 176-84, 2011.

Jaider José Faier é psicólogo (CRP 16/3994) formado pela Associação Vitoriana de Ensino Superior e especializando em Psicopedagogia. Licenciado em Matemática e bacharelado em Ciências Contábeis, além de especialista em Educação de Jovens e Adultos.  Atua como psicólogo clínico na Grande Vitória, ES (em uma clínica ou consultório multiprofissional, onde atende criança, adolescente e adulto) e no Projeto Terapia no Parque (2018) com práticas terapêuticas em ar livre dentre elas práticas de Mindfulness/Atenção Plena. Atuou como psicólogo em clínica de dependência química, docência em Matemática e Supervisor de Qualidade e gestão de pessoas (certificando a empresa na ISO 9001 e a primeira no país, a certificar seu produto com a marca Inmetro). Conviveu com mestres de sabedorias no Ashram da RedGFU na Argentina e em 1996 recebeu reconhecimento de honra pela contribuição para a reeducação humana através de serviço altruísta . Fez formação em escola de professor de Yoga e técnicas de relaxamento e meditação, já tendo coordenado diversos Centros de Estudos e Escolas de Desenvolvimento Humano.

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Escrito por

Jaider José Psicólogo

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