O descompasso da geração do EU

Atualmente muito se pensa sobre como o EU (Ser no mundo) agrada, ofende ou é ouvido, mas pouco se para pra pensar sobre o OUTRO como outro, e não como parte do EU.

Essa semana me deparei com comentários machistas, vindo de uma pessoa muito próxima a mim e comentários feministas e machistas advindos de pessoas que não conheço. Então pensei: até que ponto o ser humano pode chegar para convencer o OUTRO (visto como parte do EU), que ele está errado e o seu ponto de vista é o certo?

Nesta mesma discussão uma das pessoas envolvidas proferiu insolências sobre uma pessoa que nada tinha a ver com a história, tentando rebater um comentário infeliz de outra. Palavras inapropriadas, em uma construção poética infeliz, vindas de pessoas cultas, de ambos os lados da discussão.

O que vale pensar e admirar em uma lente mais afastada - como quem olha de binóculos para um desastre natural que está se formando - é que para estes (quando digo estes, coloco os dois lados, que na minha humilde opinião estavam errauebdos) não importa a opinião e o ponto de vista do outro, o que interessa é defender suas próprias teimosias.

E não acaba por aí, além disso sentem a necessidade de que o outro não apenas concorde com sua ideologia, mas que também sucumba e se submeta a fazer parte do seu EU.

Parece que estamos sempre nos dividindo, como quem divide tortas em uma festa infantil, ninguém quer fazê-lo, mas todos querem o primeiro pedaço. O EU toma proporções tão mirabolantes que o outro é apenas o outro, e não interessa o que ele diga ou faça, desde que esteja em consonância com o meu EU. Se assim não fizer, se não está incluso no meu EU, automaticamente está excluído.

Então me pergunto: onde está a civilidade?

O direito das pessoas divergirem em uma relação saudável parece não fazer parte da geração do EU, que vive em um contínuo descompasso, onde os valores do EU prevalecem sobre os valores do OUTRO e cada vez mais se afastam da sociabilidade e da realidade.

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