Crescer dói

Em todas as passagens para as fases da vida poderão surgir muitas dúvidas, medos, angústias e ansiedades, por ser algo novo, diferente, que irá exigir novas habilidades e muita coragem.

12 SET 2014 · Leitura: min.
Crescer dói

Crescer dói, isso é um fato, podemos dramatizar esse crescimento ou passar pelas fases, aceitando e se adaptando às mudanças da vida. Em toda fase precisamos nos esforçar para fazer o que é preciso e não o que queremos fazer e a primeira dor pode ser vista no final da gestação, na hora de nascer, sair do útero e ir para o colo da mãe.

O bebê sente o desconforto do útero que já está pequeno e apertado para ele e, nessa dor, o bebê empurra o útero sinalizando a sua necessidade de nascer e continuar a se desenvolver, a crescer, agora em outro útero, o paterno. O útero do pai é representado pela casa, nesse novo ambiente, o bebê irá terminar o seu desenvolvimento e se tornar um adulto para poder nascer para a vida.

Em todas as passagens para as novas fases da vida pode ser vivenciado um medo, uma angústia, uma ansiedade, por ser algo desconhecido, pois os primeiros momentos dessa nova fase requerem o desenvolvimento de novas habilidades e coragem para desenvolvê-las. E as funções maternas e paternas são de extrema importância para que estimulem e ensinem as crianças a aceitarem e passarem para as novas fases de uma forma natural e necessária para um crescimento saudável.

Notem que eu digo função, ao invés de pai e mãe, pois essas funções podem ser realizadas por qualquer pessoa, não necessariamente pelos pais biológicos. Os adultos que realizarem essas funções vão ensinar as crianças como ser um adulto e assim como cuidar de uma criança.

Pois um adulto saudável é a integração do bebê, da criança, e do jovem, que já foi um dia. Sua perspectiva da realidade e de responsabilidade precisa incluir a necessidade e o desejo de intimidade, amor, a capacidade de ser criativo, a liberdade para se divertir e o espírito de aventura. Desse modo, poderá se ver como um ser humano integrado e consciente.

Sendo cuidado, a criança aprende a cuidar, o que é muito importante, pois deverá ela própria cuidar de sua criança interna, depois que ficar adulta. Podendo nessa fase, dar a sua criança a infância feliz que talvez não teve ou a infância que gostaria de ter vivido. Podemos também ver um momento de dor quando a pessoa no final da adolescência sente a necessidade de nascer para o mundo adulto e, com isso, partir da casa dos pais. Momento em que ocorre o parto paterno, pois para ser adulto precisa ter comportamentos de independência, para que consiga se apoiar sobre seus próprios pés e assumir a responsabilidade de satisfazer seus desejos e carências.

As pessoas que se encontram em conflito, sentem grande sofrimento para conseguirem se tornar independentes e responsáveis, ficam presas por desejos inconscientes de que alguém lhes de apoio, segurança, proteção e que assuma por elas os cuidados necessários para viver.

O resultado são pessoas confusas psicologicamente, mostrando em seu comportamento uma exagerada e falsa independência, para encobrir o medo de ficarem sozinhas. Ou seja, ainda desejam um pai ou uma mãe para fazer companhia e tomarem as decisões, não aceitando que essa fase já passou, não aceitando que na vida não tem pai e mãe perto, mas sim, estão internalizados no coração e assim podem ser pai e mãe de si mesmos na vida adulta.

E isso mostra que vamos sempre ter sentimentos de perda, perdas que são necessárias para abrir espaço para o desenvolvimento de novas habilidades e ampliação do desenvolvimento físico, cognitivo, emocional, espiritual e familiar, pois a família deixa de ser apenas pai e mãe e passa a ser o mundo.

Essa ampliação dos sentimentos, dos pensamentos e dos comportamentos faz estão com que a pessoa adulta, faça uma ligação com a vida, onde poderá encontrar infinitas possibilidades de conquistas, seja material, emocional, espiritual, físico e mental, que trarão muito mais prazer, que o primeiro prazer sentido pelo bebê.

Foto: por PotironLight (Flickr)

PUBLICIDADE

Escrito por

Gizelli de Paiva Cordeiro

Consulte nossos melhores especialistas em
Deixe seu comentário

PUBLICIDADE

Comentários 1
  • Jessica

    Muito interessante esse texto. Até meus 26 anos vivi com minha mãe e nunca precisei me preocupar com as sérias responsabilidades de adulto.. Havia quem fizesse isso por mim: minha mãe ou minhas irmãs. Porém, nessa idade, eu já sentia necessidade de viver minha própria vida e cuidar de mim mesma, coisa que elas não me encorajavam, pois acredito que no fundo elas gostavam de me ter embaixo das asas, como se eu fosse a eterna caçula. Graças a meu atual marido, fui encorajada a mudar de país e a viver minha vida. No começo foi muito duro reconhecer que eu precisava ser minha mãe e meu pai, mesmo tendo o apoio dele. Foi muito duro crescer. Inúmeras vezes senti falta do colo da minha família, senti falta de ter alguém pra resolver algo pra mim. Doeu e continua doendo mas, depois de 2 anos, tem doído menos. Você, responsável por uma criança que está lendo essa minha história agora, aceite um conselho: crie essa criança para o mundo, não para você! Porque assim você dará a chance dela sentir menos a dor de se tornar adulta com você ao lado dela.

últimos artigos sobre dicas de psicologia

PUBLICIDADE