Considerações sobre a velhice e o envelhecimento ativo

O processo de envelhecimento carrega algumas particularidades, esse artigo visa comentar algumas das problemáticas que aparecem nessa época da vida.

13 FEV 2022 · Leitura: min.
Considerações sobre a velhice e o envelhecimento ativo

Um ponto importante acerca da promoção do envelhecimento ativo é a necessidade de reconhecer a velhice como sendo heterogênea, por mais que haja semelhanças. As iniciativas voltadas para a velhice precisam levar em consideração essa heterogeneidade, dando voz para o idoso opinar sobre as diretrizes e ações implementadas nos programas voltados para a terceira idade.

Entre a pluralidade dos indivíduos é fundamental garantir que os idosos tenham apoio e recursos para tomarem suas próprias decisões e explorar suas potencialidades. Os programas ofertam suporte, mas cabe a cada pessoa definir sua trajetória, seja ela atrelada ao engajamento ou não a iniciativas voltadas à terceira idade (Pinto & Neri, 2017). Nesse percurso plural, é significativo ter apoio diante de tantos caminhos e problemáticas, os quais Erikson (1998) aponta como emergentes do ciclo da vida.

Para Erikson (1998), a velhice pode ser uma época de possiblidades de novas realizações. O autor apresenta o conceito de ciclo da vida que instiga a pensar o desenvolvimento humano como um processo contínuo, não havendo uma fase mais importante. Ele dá relevância para como as pessoas vivenciam as problemáticas e desafios que costumam fazer parte de todas as fases da vida, valoriza a vivência qualitativa do tempo e não estabelece uma duração cronológica para cada fase. Essa visão do autor rompe com estigmas que apresentam a idade mais avançada como uma época de decadência e impotência (Castro & Camargo, 2017).

Erikson (1998) afirma, ainda, que as problemáticas características da velhice podem aparecer em qualquer época da vida, contudo, nessa fase se revelam mais intensas. Trata-se de um período em que a pessoa faz um balanço, uma reflexão sobre as conquistas e desilusões vivenciadas ao longo da vida, devido às mudanças que são apresentadas com o tempo, por exemplo: o término da vida profissional, a saída dos filhos de casa e as mudanças físicas da idade.

A crise psicossocial ou o conflito do ego que Erikson (1998) afirma caracterizar a velhice é a "integridade" versus o "desespero". A "integridade" se desenvolve como uma defesa perante o "desespero" diante das perdas e mudanças que a idade avançada proporciona. Para tanto, ele considera como base para refletir sobre esse conflito a soma (parte biológica da constituição do corpo), a psique (sistema psíquico) e o etos (interação das pessoas com a organização cultural).

Por isso, destacamos a importância de programas voltados à terceira idade, pois eles podem fortalecer a "integridade" do sujeito para lidar com as vicissitudes da velhice por meio de vivências reflexivas, intelectuais, sociais, culturais e artísticas. O envelhecimento é um processo no qual ocorre uma série de transformações no corpo e na rotina do idoso que produzem um impacto na subjetividade, nos relacionamentos sociais, dentre outros (Góis, Santos, & Araújo, 2020). Essas mudanças afetam questões edificantes da masculinidade, interferindo no modo como os homens lidam com a "integridade versus o desespero" apresentado pela teoria de Erikson (1998).

Esse trecho é parte do meu artigo intitulado "Experiências de Envelhecimento Masculino" e do que publiquei na Revista Estudos Interdisciplinares em Psicologia de Londrina, volume 12 e número 1 de 2021.

Referências bibliográficas

Castro, A., & Camargo, B. V. (2017). Representações sociais da velhice e do envelhecimento na era digital: revisão da literatura. Psicologia em Revista, 23(3), 882-900.

Erikson. E. (1998). O ciclo de vida completo. Porto Alegre: Artmed.

Góis, E. C. P.; Santos, J. V. O.; Araújo, L. F. (2020). Representações sociais sobre a velhice masculina: Abordagens de homens idosos participantes de grupo de convivência. Revista Subjetividades, 20(Especial 1), 1-9. doi: 10.5020/23590777.rs.v20iEsp1.e9140

Pinto, J. M., & Neri, A. L. (2017). Participação social e envelhecimento. In: Freitas, E. V., & Py, L. (Org.) Tratado de geriatria e gerontologia (4ª ed.). Rio de Janeiro, RJ: Editora Guanabara Koogan LTDA.

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Escrito por

Roana Braga Psicóloga

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