Como evitar que o ciúme e a inveja contaminem sua vida?

A primeira dica para não ser uma pessoa invejosa ou ciumenta, é "não ser picado pelas próprias emoções. Saiba mais neste artigo.

16 JAN 2019 · Leitura: min.
Como evitar que o ciúme e a inveja contaminem sua vida?

“Falar mal dos outros é uma maneira desonesta de nos elogiarmos.” - Will Durant

“Mãe, o que é ar?” - perguntou a criança

“Ar é o que você respira. É o que te dá vida. Está em toda parte ao seu redor. ” - a mãe respondeu.

"Mas não consigo ver." - disse o pequeno.

As coisas mais preciosas da vida são como o ar - elas nos cercam, mas não as vemos. Você vê o que você tem? Ou simplesmente presta atenção ao que outras pessoas têm, alcançam ou o reconhecimento que recebem? É assim que a inveja e o ciúme entram em sua vida - em vez de apreciar o ar ao seu redor; eles geram o pior em você.

Ciúme e inveja estão relacionados, embora não sejam os mesmos - são dois tipos diferentes de veneno.

Como inveja e ciúme te prejudicam

Inveja e ciúme viajam juntos, mas são emoções diferentes - ambos são negativos e podem fazer você se sentir infeliz e arruinar seus relacionamentos. A inveja é uma reação à falta de algo; Ciúme é uma reação à ameaça de perder algo ou alguém.

A inveja pode ser comparada a uma relação de duas pessoas: eu quero o que você tem. Já o ciúme é um triângulo de três pessoas: quero o reconhecimento que você tem dos outros.

Quando você deseja ocupar o lugar do seu colega, isso é inveja. Quando você se sente ameaçado pelo quanto seu chefe elogia o trabalho dele, isso é ciúme.

Inveja é ressentimento em relação aos outros por causa de suas posses ou sucesso. Você idealiza quando tem inveja. Não quer apenas o que eles têm; deseja a estatura deles também.

Ciúme é quando uma terceira pessoa ameaça um relacionamento, por exemplo - você tem medo de perder alguém que ama para outro.

Ciúme e inveja são instintos naturais. No entanto, você pode gerenciar a maneira como reage. Ambas as emoções mascaram outros sentimentos que podem se tornar letais pois escondem nossa insegurança, vergonha ou necessidade de possuir - eles alimentam nosso crítico interior, fazendo-nos sentir inúteis.

Um doloroso sintoma antigo 

Tanto o ciúme quanto a inveja se originam da resposta primitiva de luta ou fuga. Quando você se sente sob ameaça, seu cérebro dispara um sinal de alerta.

Nossos ancestrais tribais viviam com medo de despertar a inveja dos deuses por seu orgulho ou boa sorte. A inveja de Hera por Afrodite, por exemplo, desencadeou a guerra de Tróia na mitologia grega.

Ciúme e inveja ainda são a causa da maioria dos conflitos atuais, tanto no mundo profissional quanto no mundo pessoal.

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A inveja leva à autossabotagem, causando disputas e outros conflitos. Isto acontece porque temos um falso senso de justiça - nosso sistema enfatiza a igualdade de todos. Esse é um paradoxo curioso: a sensação de que merecemos nosso quinhão de coisas está na raiz da inveja. A vida é composta pela diversidade. Sempre haverá pessoas com mais talentos, saúde, posses ou reputação do que você. Aceite isso e faça o seu melhor.

O ciúme se origina da perspectiva do fracasso; inveja do 'fracasso' real.

Para deixar de lado essas duas emoções negativas, precisamos entender completamente de onde vêm esses sentimentos, além de parar de se ver como um fracasso.

Nós criamos o nosso próprio veneno

“A inveja é a religião do medíocre. Conforta-os, acalma suas preocupações e, finalmente, apodrece suas almas, permitindo-lhes justificar sua mesquinhez e sua cobiça até acreditar que sejam virtudes. ”- Carlos Ruiz Zafón

O budismo nos ensina que o que causa nosso sofrimento tem suas raízes nos Três Venenos: Ignorância, Ódio e Ganância.

A ignorância é a mãe de todos os venenos. É a crença de que as coisas são fixas e permanentes. Quando vemos que alguém está se saindo melhor do que nós, em vez de nos concentrar em como podemos melhorar, ficamos presos no status atual. É por isso que as comparações enganam: sempre há pessoas melhores e piores do que nós. Quando comparamos, vemos as coisas como estáticas. Nós olhamos para fora (o que os outros têm) e não para dentro (o que podemos mudar).

Criamos o nosso próprio veneno e bebemos

A ignorância está se apegando a pessoas, objetos ou emoções. Nós não queremos que as coisas mudem. É o desejo de proteger nosso status idealizado. O antídoto para a ignorância é a sabedoria - a autoconsciência pode nos libertar das emoções venenosas.

O ódio surge da ignorância. Acreditamos que o mundo gira em torno de nós. Queremos nos destacar do universo em vez de ver nossa conexão com tudo e todos os outros. Nossa sociedade é um sistema - quando nos desconectamos dele, começamos a ver todos como competidores ou inimigos. A inveja e o ciúme são apenas mecanismos de defesa.

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A ganância não é apenas querer mais - é a fantasia de que adicionar mais coisas proporcionará gratificação pessoal. Infelizmente, o delírio cria um ciclo vicioso. Não só nos frustra; nós ansiamos por mais. A ganância também é baseada na nossa necessidade de proteger o status - acreditamos que os objetos definem quem somos.

Apego motiva inveja e ciúme. Nos apegamos a coisas ou relacionamentos - lutamos para estar no controle e nos sentir mais importantes.

Bertrand Russell disse: "Os mendigos não invejam milionários, embora, é claro, invejem outros mendigos que tenham mais sucesso".

Direcionamos nossa inveja àqueles com quem nos comparamos, como colegas de trabalho, amigos, parentes ou vizinhos.

Então, como você pode evitar esse veneno letal?

Eis o antídoto para a inveja e o ciúme

Se a ignorância é a mãe de todos os venenos, então a sabedoria é o antídoto universal. Ser sábio é apreciar o ar ao seu redor.

A sabedoria está em escutar outros pontos de vista, em vez de discriminar; examinar cuidadosamente os fatos, mesmo que eles contradigam nossas crenças; ser objetivo e não tendencioso, e estar sempre pronto para mudar nossas crenças quando fatos opostos nos são apresentados.

A sabedoria é ver e compreender diretamente por si mesmo - manter uma mente aberta em vez de ter a mente fechada.

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A certeza pode prejudicar sua sabedoria, como escrevi aqui. Abraçando uma mentalidade cética ajudará você a ver a vida nitidamente. O caminho para a sabedoria requer confiança, coragem, adaptabilidade e paciência.

O antídoto para a ganância é generosidade; o único para o ódio é a bondade amorosa.

É necessário aceitar que não precisa possuir objetos ou pessoas para ser você mesmo. Eles podem contribuir para a sua alegria, mas a sua felicidade não depende deles.

Não-apego vai além de não se importar - significa reconhecer que nunca houve algo em que se agarrar. Você para de olhar para o que os outros têm e se livra de possuir ou ser possuído.

Como superar este estado de contaminação

  • Aumente sua autoconsciência - Conhecer-se é aceitar a si mesmo. A autoconsciência requer observar e aceitar quem você é - não quem você deveria ou não deveria ser. Reflita sem se julgar. Aprenda a ser gentil e perdoar a si mesmo - você deixará de precisar de posses ou relacionamentos para se sentir melhor. Você é ciumento? Está sempre se comparando com os outros? No fundo pode estar se sentindo inseguro, assustado, traído ou ameaçado. Tudo bem. O feedback irá ajudá-lo a descobrir pontos cegos para que você possa corrigi-los. Para aumentar sua autoconsciência, você precisa olhar para fora, não apenas para dentro, como escrevi aqui. As pessoas com alto nível de autoconsciência se conhecem bem e entendem como os outros as veem também.
  • Liberte-se de comparações venenosas - Torne-se seu próprio padrão. Aprenda a se valorizar por quem é, não pelo que possui ou por suas conquistas. O sucesso é pessoal - a felicidade está definida em seus próprios termos. A pressão social só vai deixar você frustrado - Compare-se com quem você foi ontem. Concentre-se na sua melhoria, não nos outros.
  • Prevenir um surto - O ciúme é normal e acontece em todo relacionamento; mas pode ser controlado quando você melhora sua autoestima. A honestidade é fundamental para interromper os primeiros sintomas antes que eles produzam um surto de ciúmes. Manter a confiança não é fácil - não confunda com fé cega. Abrace a confiança como algo frágil e imperfeito, como escrevi aqui. Ciúme é sobre controle; confiança é sobre acreditar e liberdade. Você não pode evitar ficar com ciúmes, mas pode evitar que fique cada vez pior.
  • Conquistar em vez de invejar - Olhar para os outros em busca de inspiração não é ruim; O problema é tentar ser como eles. Isso não significa que você deve seguir seus caminhos ou buscar os mesmos objetivos. Reagir com emulação ao invés de inveja é se abrir para aprender com os outros. Cada vida é única. Escolha o seu destino e siga o caminho da aprendizagem, não o atalho.
  • Sinta a dor do outro - A inveja e o ciúme não são apenas letais para você. Eles também podem prejudicar as pessoas ao seu redor. Às vezes você precisa tomar um pouco do seu próprio veneno para perceber isso. Sentir a dor do outro colocando-se no seu lugar irá ajudá-lo a perceber os efeitos colaterais de seus próprios comportamentos.

Lembre-se, as coisas mais preciosas da vida são como o ar - elas estão ao seu redor esperando que você preste atenção e aprecie o que você tem. A inveja e o ciúme são venenos letais; cabe a você evitar de ser picado.

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Escrito por

Elaine Mardegan

Psicóloga clínica com certificação em coach e formação internacional em análise bioenergética. Também tem especialização em trauma e stress e hipnose clínica. Ao longo de mais de 30 anos, construiu uma sólida carreira com experiência em pessoas. Tem como objetivo ajudar seus clientes a transformar suas vidas.

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Comentários 3
  • Renata Bruna

    Obrigada! Meu muito obrigada!

  • Rosana lemos

    Muito bom , li quero ler de novo até que eu consiga realmente entender o que é que está acontecendo comigo ,

  • Héberton Alves

    Maravilhoso texto e ponto de vista. Gratidão

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