Há cerca de 3 anos venho tendo devaneios que não posso controlar. De início pensei ser algo comum, é sonhar acordado afinal, porém percebi que não posso evitá-los ou para-los na hora que quero e isso está sendo prejudicial para mim.
Criei um mundo em minha cabeça, uma realidade paralela que funciona como meu refúgio. É lá onde recebo o apoio que necessito para todos os problemas que tenho. Fico horas e horas rondando pela casa, mudando o enredo, criando personagens e afins. O pior é que sequer percebo o tempo passar, é como se eu estivesse tão imersa nisso que o tempo simplesmente para.
Uma das minhas principais reclamações vai para o meu sono e minha motivação para falar com as pessoas, já que por algum motivo fico ansiosa só de pensar em sair desse meu universo fictício, logo prefiro ficar isolada e sem falar com ninguém. Além disso, tudo é um gatilho. Desde trechos de livros, fotos, músicas ou até mesmo o simples pensamento.
E sim, reconheço que é tudo ilusório, mas é como um vício, não posso abandonar as vidas que criei lá. Sou uma garota nova, estou no 8° ano ainda e sinceramente... sequer consigo ter a atenção necessária para meus estudos por conta disso. Quando relatei a minha mãe sobre, ela disse que era coisa de gente desocupada, portanto tentei ocupar meu tempo com alguns afazeres. A verdade é que não resolveu. Pedi para contatar um psicólogo e ela disse que isso era coisa de gente doente, então nesse caso não tenho muita opção.
Outro ponto para se ressaltar é que os meus devaneios que acompanham expressões faciais e movimentos repetitivos, como se eu fosse uma atriz e estivesse em uma tentativa de encenação. E céus, segurar essas manias em público é torturante hahaha. Tenho vontade de imitar todas as cenas, mas as pessoas me achariam estranha, então só ajo assim quando estou a só comigo mesma.
Tenho cerca de 20 personagens principais, cada uma com sua história e seu jeito de ser, portanto quando estou interpretando elas acabo entrando demais na história e agindo igual as mesmas, fazendo com que mude 80% de meus gostos pessoais (mas passa depois, é só eu escolher outra personagem para liderar). Os seus enredos são cobertos de todos os tipos de emoções, e sinto todas elas da forma mais intensa possível, inclusive posso sair de um sorriso para uma crise de choro em questão de poucos minutos, basta ter uma personagem triste também. Resumidamente, todas elas são eu, mas com maneiras de agir diferentes.
Isso é cansativo.
Bem, é esse o meu relato. Perdão pela quantidade de texto, sequer sei se alguém vai ler isso. Só estou preocupada comigo mesma, quero minha concentração de volta. Já que não tenho como contatar alguém pessoalmente, vou pedir ajuda de vocês aqui (Caso tenha alguma solução pra isso). Obrigada desde já! :)
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11 OUT 2020
· Esta resposta foi útil a 35 pessoas
Oi Alice, sou Geime Rozanski – Psicoterapeuta
Maravilhoso isso que escreve, tem todo o sentido sim e não é coisa de gente desocupada.
Da mesma forma, Psicólogos, Psicoterapia não é para doentes, não. É para quem quiser se conhecer, para quem quer expandir sua consciência e dar-se conta das muitas realidades como as que descreve. O mundo é como o pensamos. O que está aí, é resultado das crenças limitantes. Você rompeu com essa barreira e criou um mundo paralelo, mas não é fictício, não. É tão real como o que constata. Isto se chama realidade QUÂNTICA. Mas como a grande maioria não entende isso, provavelmente não serás aceita e te condenem e até te julguem doente por criar este mundo paralelo. Então, muito cuidado com quem vai compartilhar isso. Pode sim escrever estas histórias... podem resultar em bons livros.
Se puder, faça sim Psicoterapia, pode fazer de forma Online que é mais prático. Tens uma situação muita rica, ter acessado um universo paralelo, mas precisa de ajuda para compreender e se conduzir bem com a realidade racional: estudar, tirar boas notas, se preparar para trabalhar e ganhar o teu dinheiro.
Só cuida para não ser uma fuga: foge para este mundo paralelo (quântico) como meio para fugir do enfrentamento com a realidade concreta. Por isso, a ajuda psicológica, mas procura um profissional com conhecimento da área.
Oi Alice,
Dar conta de 20 personagens não deve ser fácil., mas tem seus pontos positivos. Poder fantasiar preenche lacunas da vida afetiva, social e emocional, isso é bom para alcançar os sonhos.
Mas uma fantasia em excesso, pode ser um mecanismo de defesa e isso só poderá ser desconberto e trabalhado em psicoterapia.
Volte a conversar com sua mãe e diga o que está acontecendo e que tem vontade e necessidade em fazer terapia.
Me coloco a disposição.
Um abraço.
Rute Martins - Psicóloga Clinica.
Olá Alice! Grato por escrever. Você viu! Algúem leu seu texto. É muito educativo ler textos dos outros. A ocupação plena das funções do corpo e da mente, pode contribuir muito para você lidar com a questão. Nesse sentido, até certo ponto, tua mãe tem alguma razão. O corpo e a mente das pessoas, pensa, escolhe, ouve cheira, movimenta-se olha, fala, memoriza, raciocina, etc. Com o máximo de açoes integrados, as pessoas costumam , na imensa maioria das vezes, vencer esses pensamentos indesejados. Atenção: precisamos de movimento físico, cansaço; precisamos de rotina de vida que envolva atividade física, troca social, dormir de noite,sempre em silêncio, no escuro, de sete a dez horas, no máximo (para a tua idade). Precisamos de sonhos, planos e metas. Precisamos de almoço, jantar, frutas, legumes. Necessitamos saber o que planejamos fazer para cada dia. Nem sempre é possível fazer tudo o planejado. Quando isso acontecer precisaremos ponderar se o inesperado que alterou o plano tem legitimidade.
Sugiro que mostre seu texto para a sua mãe, peça para ela conversar com um psicólogo. Poderemos ponderar muitas coisas com ela, que poderão ajudar a você e a ela, contarem com os benefícios das ferramentas científicas da psicologia, para ponderar o desenvolvimento pessoal, muito além de doenças.
Estaremos à disposição.
Abraços virtuais (em tempos de longa permanência de alta taxa de contágio da pandemia, sejamos razoáveis: máscara, higiene, distanciamento físico: abertura mental, empatia, senso de comunidade, Ciência!)
