Processo de Individuação: Fases da terapia analítica

Terapia analítica propõe ao paciente o conhecimento de aspectos profundos, passando por fases que correspondem ao processo. Ao final, reconhece a possibilidade de individualização do coletivo.

11 MAR 2016 · Leitura: min.
Processo de Individuação: Fases da terapia analítica

O termo "Processo de individuação" aparece pela primeira vez na obra Junguiana no livro "Tipos Psicológicos" (1921). Neste livro, Jung descreve a individuação como um "processo de formação e particularização do ser individual... o desenvolvimento do indivíduo psicológico como ser distinto do conjunto, da psicologia coletiva" ([1921] 1991a: 853).

Tratar-se-ia de um processo de diferenciação que visa o desenvolvimento da personalidade individual, inteira e indivisível. Jung considera a individuação um processo natural, uma expressão do desenvolvimento biológico, através do qual todos seres vivos tornam-se aquilo que desde princípio foram destinados a ser. A individuação segue um certo curso, cujo ápice seria "o surgimento do si mesmo na estrutura psicológica e na consciência" (Stein, op. cit.: 153).

O si mesmo precisa ser integrado na vida, o que não significa que a consciência incorporará mais que uma pequena parte desta totalidade. A primeira fase da terapia junguiana consiste em identificar a Persona: o surgimento da consciência. À medida que o eu infantil entra em contato com o mundo circundante, forma-se uma persona adequada, ou, segundo Jacobi (op. cit.: 37), "uma fachada relativamente estável que viabiliza a adaptação às demandas cotidianas".

A Persona consiste na união entre um ideal do eu, aquilo que ele imagina ser, e as expectativas do mundo circundante: "Exagerando um pouco, poderíamos até dizer que a persona é o que não se é realmente, mas sim aquilo que os outros e a própria pessoa acham que se é" (Jung, [1940] 1991b: par. 221). Através da identificação com tal "máscara", a persona pode assumir feições pouco flexíveis.

A segunda etapa do processo terapêutico seria o confronto do eu com os aspectos femininos inconscientes do homem e a masculinidade não consciente da mulher. Trata-se dos arquétipos da Anima e do Animus, personificações do inconsciente de uma individualidade, respectivamente masculina ou feminina. Estes dois termos designam a atitude que o sujeito assume em relação aos processos psíquicos interiores, portanto em relação a si mesmo como objeto interno. Anima e animus possuem as características das quais a persona carece, compensando assim o modo de ser estabelecido por esta.

Neste processo de descoberta de si identifica-se também o que Jung denominou "Sombra". A Sombra é o centro do Inconsciente Pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da consciência. A Sombra inclui aquelas tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com a Persona e contrárias aos padrões e ideais sociais.

Quanto mais forte for nossa Persona, e quanto mais nos identificarmos com ela, mais repudiaremos outras partes de nós mesmos. A Sombra representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos. Em sonhos, a Sombra frequentemente aparece como um animal, um anão, um vagabundo ou qualquer outra figura de categoria mais baixa.

A última fase corresponde a identificação da dinâmica que se estabelece entre o eu e o arquétipo do si mesmo. Conforme a visão da psicologia analítica, a relação entre eu e si mesmo constitui um processo incessante e representam um desafio ao longo de toda a vida do sujeito. "Os dois grandes sistemas psíquicos necessitam um do outro"(Samuels et. al., op. cit.: 67). Este eixo não é apenas responsável pelo surgimento do eu e da consciência, mas auxilia toda e qualquer mudança psíquica. Dentro dessa perspectiva, a terapia Junguiana permite o conhecimento do humano de maneira ampla, não propondo uma "cura" ou um processo acabado de saúde, porém de maneira mais ampla, possibilita o conhecimento amplificado do ser e o propõe individualizar-se do conjunto coletivo a que pertence.

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psicólogos
Escrito por

Juliana Monteiro

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