Pais superprotetores, filhos fracos e inseguros

Educar filhos exige dedicação e esforço. Muitos pais, porém, exageram nestas habilidades, cuidando excessivamente dos filhos. A superproteção é tão prejudicial quanto o abandono.

14 SET 2015 · Leitura: min.
Pais superprotetores, filhos fracos e inseguros

Enganam-se os pais que pensam poder preparar melhor seus filhos para a vida, criando-os "dentro de uma vitrine", onde não podem ser tocados, machucados, frustrados ou atingidos pelas intempéries do meio. Por pensar assim, muitos tratam os filhos como se fossem hipersensíveis e como se não suportassem alguma aflição que a vida venha a oferecer. Desta forma, muitas crianças crescem sem qualquer experiência com a realidade da vida e podem se tornar adolescentes "fracos" e adultos inseguros, dependentes da "proteção" dos pais.

Pais superprotetores geralmente são motivados pela ansiedade, que provoca pensamentos disfuncionais, fazendo-os imaginar que algo ruim poderá acontecer a seus filhos, se ficarem sozinhos, se pisarem no chão, se forem à escola apenas com os amigos, etc. Alguns chegam a acompanhar seus filhos mesmo quando já são adolescentes. Outros não conseguem ficar em paz enquanto os filhos, já adultos, não chegam em casa.

Pode-se pensar que os pais ansiosos têm tendência maior a ser superprotetores. Os que foram vítimas de traumas provocados por acidentes na infância e os que perderam alguém por alguma tragédia, também, podem se enquadrar neste rol.

Não se pode deixar de destacar que é papel dos pais proteger os filhos. No entanto, quando essa proteção ultrapassa os limites da normalidade, quando ela tira o sossego da família e quando não fica bem para alguma parte (pai ou filho), deve ser repensada. Muita proteção poderá gerar filhos inseguros, imaturos, socialmente fracos e sem habilidades para enfrentar a vida.

Quando chegam à escola, muitos filhos de pais hiperprotetores, sentem dificuldade em relacionar-se com os pares. Muitos não conseguem fazer amizades nem divertir-se com os amigos. Geralmente os pais dessas crianças as ensinam a ter medo de amigos, de banheiros públicos, de contaminação, de comida mal higienizada, etc. Claro que estas coisas devem ser observadas, mas com cautela.

A criança superprotegida tem medo de tomar decisões que desagradam os pais, não se sente à vontade para fazer escolhas e não sabe conviver com perdas ou fracassos. Seus pais sempre lhe dão tudo nas mãos. Tem mãe que dá comida na boca do filho, mesmo quando ele já está na puberdade.

Os pais precisam aprender que os filhos são como aves que precisam voar sozinhas. Eles necessitam encarar a vida paulatinamente. Não se deve pegar uma criança de cinco anos e mandar sozinha para a escola, mesmo que fique próxima da residência. Paradoxalmente, não é bom proibir um adolescente de 17 anos de ir para a aula a alguns quarteirões de sua casa, sozinho. Estes extremos devem ser evitados.

A criança que cai, quando aprende seus primeiros passos, poderá se tornar um adulto que não tem medo de arriscar, de enfrentar a vida e de se aventurar nela. Mas, a criança privada de tentar caminhar (para não cair) tanto demorará para andar quanto poderá crescer com medo de se arriscar na caminhada da vida.

Muitos pais, que levam seus filhos para um acompanhamento psicoterapêutico, se decepcionam quando descobrem que o problema da criança está na forma como foi criada e educada. Pais fortes e corajosos, também, encorajam seus filhos para se arriscarem na vida.

Filhos inseguros e medrosos, geralmente, pertencem a uma família tímida e ansiosa. Se a família se estruturar, os filhos melhorarão. Os comportamentos de medo excessivo, insegurança, timidez e inabilidade no relacionamento social, são muito mais aprendidos do que herdados.

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Escrito por

Joacil Luis de Oliveira

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