O que são distorções cognitivas?

Dentro da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), existem vários conceitos que são trabalhados ao longo do processo terapêutico, esses conceitos se relacionam e auxiliam no entendimento de como cada um funciona.

Um desses conceitos é a distorção cognitiva. Imagine que você usa um óculos que te faça enxergar tudo na cor verde, isso com certeza vai atrapalhar na sua forma de enxergar o mundo, a sua forma de interpretar as coisas, e essa forma errada de interpretação consequentemente vai te fazer ter comportamentos e/ou pensamentos que não são ideias, que não serão condizentes. Isso basicamente é uma distorção cognitiva.

São erros de pensamentos, que interferem no processamento de informações, influenciando o modo de pensar e agir.

Segundo Aaron Beck, o pai da TCC, podemos considerar 12 tipos de distorção cognitiva.

1. Pensamento Dicotômico: Sabe aquele tipo de pensamento "ou é branco ou é preto, não existe cinza?" A pessoa possui dificuldade em entender que existem várias possibilidades dentro das diferentes situações.
2. Catastrofização: é aquela pessoa que costuma prever o futuro muito mais de forma negativa, não levando em consideração as possibilidades positivas também.
3. Desqualificação: a pessoa invalida as próprias conquistas e experiências positivas, isso costuma acontecer de forma irracional e automática.
4. Raciocínio emocional: a pessoa considera determinada coisa real apenas por ter sentido de forma mais intensa, ignorando as evidências que podem mostrar que determinada interpretação não está correta.
5. Rotulação: como o próprio nome diz, é o comportamento de classificar tudo em caixinhas, e isso pode ser tanto com a própria pessoa quanto com os outros. Essas classificações costumam ser rígidas e globais, sem considerar as evidências que possam levar a conclusões menos distorcidas.
6. Magnificação/Minimização: são avaliações muito opostas tanto em relação a si próprios, quanto a terceiros e situações. Elas são opostas pois os aspectos negativos são muito elevados e os aspectos positivos são minimizados.
7. Abstração seletiva: dentro de um contexto enorme, a pessoa focará sua atenção apenas a um detalhe que considera negativo, e vai ignorar todo resto da situação.
8. Leitura mental: a pessoa deduz as coisas pois acredita que sabe tudo o que as outras pessoas estão pensando, ignorando qualquer outra informação que possa gerar perspectivas diferentes.
9. Supergeneralização: a pessoa cria conclusões negativas extremas que fazem com que a situação pareça muito maior do que realmente é.
10. 10. Personalização: a pessoa costuma se culpar em situações que vive, logo essa pessoa sempre sentirá a necessidade de se desculpar mesmo que não tenha toda a responsabilidade ou que o fato não seja diretamente ligado a ela.
11. Afirmações do tipo "deveria" e "tenho que" : a pessoa tem uma ideia fixa e precisa de como ela mesma e os outros devem se comportar e supervaloriza o quão ruim será se essas expectativas não forem correspondidas. A autocobrança é muito grande e constante.
12. Visão em túnel: a pessoa vai enxergar apenas os aspectos negativos da vida ignorando totalmente qualquer ponto positivo.

Todos nós possuímos distorções cognitivas em menor ou maior grau, algumas delas às vezes podem até fazer sentido, mas quando atingem níveis extremos e principalmente, se passam gerar prejuízos na nossa vida, afetando nossas escolhas e relacionamentos, então quer dizer que algo não está certo.

Essas distorções cognitivas muitas vezes estão muito enraizadas e nem percebemos que elas existem de tão automáticas que são, o processo terapêutico também é um processo de autoconhecimento, pois quando temos consciência de comportamentos desadaptativos podemos tentar mudar isso para termos uma vida mais saudável.

Referências bibliográficas:

ROUBUSTE, L. D. S., & LÜDTKE, L. DISTORÇÕES COGNITIVAS: REVISÃO DE LITERATURA SOBRE FALHAS DE PROCESSAMENTO SEGUNDO TEORIAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS.

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