O que fazer com os sentimentos que nos causam incômodo?

Quantas vezes nós sentimos raiva, medo, tristeza, frustrações, etc.? E quando esses sentimentos persistem, o que fazer com eles? Colocar num armazém, ou numa usina?

30 DEZ 2020 · Leitura: min.
O que fazer com os sentimentos que nos causam incômodo?

Quando se armazena algo que tem prazo de validade, por muito tempo, isso pode apodrecer, estragar, tornar-se tóxico. É diferente do que acontece quando optamos por reciclar, transformar. Algo novo, diferente, útil surge daí. Escolher o destino certo para os sentimentos faz toda a diferença para o nosso estado de equilíbrio.

O gerenciamento das emoções, dos sentimentos que nos causam dor, incômodo é de fundamental importância em nosso dia-a-dia. Simplesmente guardar os sentimentos dentro de si, é um risco. Não se trata de negá-los, reprimi-los ou condenar-se por senti-los. A isto se somariam outros problemas que afetam a saúde física, psíquica, espiritual. Poderia chegar a interferir, por exemplo, na perda de autonomia, à medida em que a pessoa, tornando-se refém das suas próprias emoções, sentimentos, teria seus comportamentos, atitudes direcionadas por estes. Ainda que se quisesse agir de uma forma, tudo acabaria girando em outra direção, comprometendo a capacidade de assertividade, a autoimagem, autoestima ou gerando outras situações indesejadas.

Estes sentimentos, no entanto, não são os inimigos mortais, que a todo custo deveriam ser eliminados. São, na verdade, setas a indicar que algo precisa ser resolvido internamente, que algo precisa ser transformado, reciclado. Eles, nada mais são que um convite a um mergulho numa jornada pelo autoconhecimento, pela descoberta de si, em direção ao desenvolvimento pessoal.

Seguindo a direção que os sentimentos, as emoções apontam, é possível chegar ao contexto sob o qual eles se edificaram. Por isso é importante identifica-los, acolhê-los, buscar compreender a sua origem permitindo-se uma viagem pela história pessoal para encontrar o que os sustentam e dar-lhes a devida direção.

Buscar espaços adequados para a fala, para expressão desses sentimentos e emoções é fundamental, pois como destaca Amatuzzi (2001), um sentimento não dito e não atualizado permanece vago e sufocador. À medida em que é dito, atualizado, algo se transforma, se libera. É como aponta Rogers (2009), sobre essa necessidade do ser humano:

Quanto mais ele for capaz de permitir que esses sentimentos fluam e existam nele, melhor estes encontram o seu lugar adequado numa total harmonia. Descobre que tem outros sentimentos que se juntam a estes e que se equilibram (Rogers, 1961/2009, p. 201).

Muitas vezes, bastaria compreender a origem dos sentimentos para mudarmos nossa forma de pensar, sentir e agir. Nesse sentido, tornar-se um auto observador, reconhecer quando esses sentimentos chegam, como eles se manifestam, que influência exercem na vida cotidiana, são recursos que ajudam nesse processo de libertação.

Amatuzzi, M.M. (2001). Por uma psicologia humana. Campinas: Alínea.Rogers, C. R. (2009). Tornar-se pessoa (6ª ed.). (M. J. do C. Ferreira & A. Lamparelli, Trads.). São Paulo: Martins Fontes. (Original publicado em 1961).

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Escrito por

Maria de Lourdes Lima da Fonseca Fabre Psicóloga

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