Ideal de sucesso e o desenvolvimento de burnout ou esgotamento

já percebeu como nossos ideais nos escravizam? o ideal de sucesso que muitos de nós tem é a pessoal multi tarefas, super ocupado, sem tempo para nada, mas vamos rever isso

13 OUT 2021 · Leitura: min.
Ideal de sucesso e o desenvolvimento de burnout ou esgotamento

É muito comum que as pessoas não queiram conversar sobre "sucesso" até que considerem que o tenham alcançado. Como se não se sentissem merecedoras disso, talvez por não se consideraram bem sucedidas.

É claro que isso não acontece necessariamente com todo mundo, não tem nada de errado com você caso você se veja como bem sucedido – inclusive isso pode ser bastante saudável, mas vejo que isso tem acontecido com várias pessoas. Vemos um mundo bipartido entre sucesso e fracasso, temendo sempre a segunda opção, como pontua Arroyo (2000).

Qual é nosso ideal de sucesso? Ser aquela pessoa super atarefada, sem tempo para nada? Equilibrar trabalho e bem estar? Receber o suficiente para viver de forma confortável?

Independente de qual seja, precisamos conversar sobre isso, precisamos avaliar, de fato, quais são nossos ideais, o que queremos e desejamos, aquilo que vemos como confortável, quais são nossos objetivos, afim de que assim possamos valorizar nossas conquistas, sabendo se estamos nos aproximando ou não de nossos desejos. Precisamos valorizar os passos que damos, não podemos por tudo na conta de um trabalho cego sem que a gente pare para uma avaliação constante.

Essa visão desenfreada e auto exigente desencadearia, no mínimo, num processo de burn out. Colocar um chicote nas costas em busca de um objetivo invisível não nos levaria a nenhum lugar saudável. Inclusive essa pode ser uma boa explicação para alguns dos transtornos de esgotamentos que vemos por ai.

Esse objetivo precisa estar muito claro! Não precisamos ser carrascos de nós mesmos - pelo menos não nesse aspecto. Podemos buscar substituir a auto cobrança pelo carinho conosco, tentando sempre estabelecer e respeitar nossos limites com mais calma.

É evidente que isso passa pelo mercado de trabalho de forma intencional, o ambiente corporativo deseja que você se sinta fracassado, incompetente e, principalmente, insuficiente. Sempre vão desejar que você produza mais, trabalhe mais, estude mais, mas seus limites precisam se fazer muito claros.

Compreendo que, por estarmos inseridos nessa sociedade produtivista, esse discurso nos é atravessado muito antes de nos reconhecermos como inseridos nela, antes mesmo de nos reconhecermos como trabalhadores imersos no mercado. Até porque, boa parte de nossa formação vem de um contexto familiar, onde encontramos outros adultos que já foram inseridos nessa máquina produtivista.

A forma que podemos "remar contra essa maré" não pode se dar com um olhar individualista, isolado ou centrado apenas em uma pessoa. Somos parte de um coletivo, de uma sociedade exigente, produtivista e injusta. Tem uma frase que não me recordo da autoria que diz que "não existe solução individual para problema coletivo", por isso acredito que precisamos compartilhar tudo aquilo que dói e faz sofrer, de forma que esse sofrimento possa escoar e, com o tempo, possamos encontrar mecanismos mais saudáveis para lidar com o trabalho.

Pinto (2021) afirma que "a vida bem vivida não tem lugar para certezas absolutas", por isso sempre é hora propicia a observação e avaliação de nossas perspectivas e crenças, nos permitindo mudar aquilo que não funciona mais tão bem e não nos faz mais tanto sentido.

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Escrito por

Eloisa Goronci

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Bibliografia

Arroyo, M.G. (2008). Fracasso/Sucesso: um pesadelo que perturba nossos sonhos.

Evans, P. (1996). Carreira, sucesso e qualidade de vida. RAE-Revista De Administração De Empresas, 36(3), 14–22.

Pinto, E. B. (2021). Dialogar com a ansiedade: uma vereda para o cuidado. Summus: São Paulo.

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