Geração Canguru: a independência cada vez mais longe
O número de jovens que permanece na casa dos pais vem aumentando nos últimos anos. Essa falta de independência gerou um novo fenômeno: a Geração Canguru. Saiba mais sobre o tema a seguir.
Deixar a casa dos pais, buscar a independência pessoal, seguir o próprio caminho. O que era bastante comum até alguns anos atrás, vem mudado gradualmente e dando origem a uma nova perspectiva. A lógica de caminhar com as próprias pernas tem ficado para trás, e vem dando espaço à chamada "Geração Canguru".
Geração Canguru é o nome dado ao grupo de jovens entre 25 e 34 anos que têm adiado a saída da casa dos pais. Uma tendência em asccenção no Brasil. Prova disso é a queda registrada no número de independentes. Atualmente, apenas um de cada cinco jovens nessa faixa etária já conquistou sua independência e autonomia.
Há pouco mais de 10 anos, a proporção era maior, quando um de cada quatro jovens entre 25 e 34 anos eram independentes. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda destaca que a maioria dos jovens da Geração Canguru é composta por homens (60,2%).
O que está por trás da Geração Canguru?
Muitos fatores podem estar por trás do crescimento da Geração Canguru no Brasil, um fenômeno que já foi registrado em outros países. O primeiro é financeiro. O aumento do custo de vida, principalmente nas grandes cidades, faz com que os jovens acabem esticando o tempo de permanência na casa dos pais.
Essa escolha permite viver com mais comodidade, além de continuar investindo na formação profissional, por exemplo, como afirma o psicólogo Matheus Schreiner:
"Os jovens estão ficando mais tempo morando com os pais para se qualificar profissionalmente e, então, enfrentar o mercado."
O segundo motivo faria referência a mudanças sociais de comportamento. De acordo com especialistas, é fato que atualmente os jovens têm se dedicado mais às realizações pessoais, como viajar, por exemplo. Também têm postergado o casamento e a constituição de família. Isso reduz os motivos para a saída da casa dos pais, e faz com que a decisão seja tomada de forma mais planejada, menos impulsiva.
A fragilidade emocional também pesa
Um terceiro motivo que pode incentivar o crescimento da Geração Canguru é o receio de colocar em risco questões emocionais importantes, como a autoestima e a autoconfiança. Será que todos estão preparados para enfrentar uma vida independente sem ter o entorno protetor da casa dos pais?
Para alguns psicólogos, não. Cabe destacar que o "entorno protetor" também faz referência à comodidade financeira, ao medo de não ser capaz de se manter sozinho. Como pais ou responsáveis, alimentar essa relação de dependência pode ser uma opção prejudicial para todos os envolvidos. Como destaca a psicóloga Branca Marques Thomé, a ajuda que pais dão a filhos adultos deveria ser temporária, deixando claras as corresponsabilidades:
"Os custos precisam ser compartilhados. Os pais que sustentam os filhos adultos acreditam estar fazendo um ato de amor, quando na verdade estão prejudicando o amadurecimento dos jovens, que continuam ligados à família através do cordão umbilical financeiro."
Cabe destacar ainda que a criação superprotetora de alguns pais também pode estar por trás da dificuldade dos filhos saírem da zona de conforto. Muitos acabam não se sentindo preparados para enfrentar sozinhos as dificuldades que o mundo longe de casa oferece.
Diálogar é o caminho
Para psicólogos especializados em família e relacionamentos, o melhor caminho é conversar e saber quais são os motivos que fazem o jovempermanecer com a família e renunciar à sua independência. Quando a escolha é feita tendo como base um planejamento futuro, é algo estratégico e, possivelmente, não implica demasiados problemas.
Mas se a opção ocorre em função de incertezas emocionais ou excesso de dependência, a questão merece mais de atenção. Em situações assim, o acompanhamento terapêutico, seja individual ou familiar, pode ser uma maneira para descobrir as respostas e buscar soluções.
Fotos: por MundoPsicologos.com
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