Deficiência visual: desenvolvimento

Os primeiros meses de vida são essenciais ao desenvolvimento humano e o cuidado suficientemente adequado, no caso de uma deficiência, ainda é mais significativo ao vir a ser de cada um.

5 MAI 2015 · Leitura: min.
Deficiência visual: desenvolvimento

Atenção, cuidados e amor são absolutamente essenciais para um desenvolvimento saudável do ser humano. O primeiro ano de vida é um ano crucial, nunca nos desenvolvemos tão rapidamente quanto no nosso primeiro ano de vida. Gradativamente começamos a compreender que nossos bebês precisam muito mais do que os cuidados essenciais.

Da mesma forma que os bebês não podem crescer fisicamente sem alimentação, calor e higiene decentes, também não podem crescer mentalmente – desenvolver seus sentimentos, intelecto, estrutura mental e emocional – sem que a eles se dediquem atenção e afeição suficientes.

O psicanalista Donald Winnicott disse uma vez que não há tal coisa como um bebê somente a unidade que se estabelece na relação entre uma mãe e um bebê. Sem alguém que lhe desse cuidados primários, um bebê não seria capaz de sobreviver. Se um bebê tem uma deficiência, isto é ainda mais verdadeiro. Saiba que os bebês não são tolos.

Deficientes ou não, eles começam a dar sua contribuição desde os primórdios da vida. São criaturas altamente inteligentes e perseverantes, mas não estão ainda informados. Enquanto percorrem a longa distância entre o nascimento e um ano de idade, eles têm muitíssimo a aprender. Nada sabem sobre o mundo ou sobre si mesmos. Enquanto você se esforça para tentar entendê-lo, ele ou ela também está se esforçando para entender você.

Agora, com o bebê deficiente visual é primordial que, gradativamente e com criatividade, levemos o mundo até ele. Lembre-se que os outros sentidos não dão conta da estimulação essencial que chega automaticamente e continuamente através da visão. Obviamente aqui estou falando dos primórdios da vida psíquica, pois os bebês são criaturas fascinantes que nos despertam o pensar, quando não também ansiedade.

Mas não somente nós, pais, familiares e profissionais, temos necessidade de entendê-los: os bebês têm, por seu lado, uma necessidade imperiosa de ser entendidos. Eles precisam que captemos suas comunicações e reflitamos, tentando dar sentido ao que acontece: é recíproco o provocar emoções e respostas de ambas partes. Assim, algumas vezes precisamos avaliar a nós mesmos, nossas próprias excentricidades, qualidades e fraquezas, como pais, familiares ou profissionais, principalmente, diante de nossa própria cegueira em ter sob nossos cuidados um bebê deficiente visual.

Acredito que algumas pessoas com deficiências têm a habilidade e o apoio necessários para realizarem seus objetivos desde bebês, quer tenham nascidos deficientes ou tenham adquirido a deficiência em algum momento da vida. Outros não. Algumas crianças com deficiência trarão prazer e inspiração aos pais, familiares e profissionais. Outras trarão fardos. A maioria, como todas crianças, trará uma mistura de cada.

A maioria dos pais consegue enfrentar as intempéries de se criar um ser humano sem necessariamente naufragar. Quando a bússola não está clara ou o mau tempo insiste demais, os pais deveriam reconhecer que a ajuda é necessária. A ajuda pode não prover terra seca, mas proverá apoio para a jornada. Nem tudo pode correr bem o tempo todo com todas famílias.

Entretanto, a chave para o caminho certo é muito simples. Diante de um bebê deficiente, ainda mais que os outros pais, familiares e profissionais, você tem que descobrir quem é o seu bebê e o que ele necessita. E lembre-se sempre:

1) A deficiência não causa santidade, embora admiremos aqueles indivíduos raros que se erguem acima da adversidade.

2) A deficiência não causa mau comportamento, embora possa esgotar os recursos emocionais da criança (e da família), fazendo com todos fiquem mais vulneráveis.

3) A deficiência necessita de atenção apropriada, reconhecimento e explicação.

4) Toda criança, qualquer que seja seu nível de deficiência, sabe que ele ou ela é deficiente e tem sentimentos e fantasias a respeito disto.

5) Não "deficientize" você mesmo sua família por fracassar em buscar apoio quando você necessita disso.

6) Quando uma criança não é capaz de desenvolver-se sem a intervenção de vários adultos, os pais herdam "uma família" extensiva de profissionais.

É importante que a equipe – inclusive os pais e a criança ou adulto – trate um ao outro com cortesia. Pode haver rivalidade sobre de quem é aquela criança ou cliente, porém é a união amorosa de todos que fará a diferença.

Concluindo, nunca percam de vista que todos são importantes ao permitir que o maior potencial possível de cada ser humano ganhe expressão e que socialmente somos todos responsáveis para que cada indivíduo conquiste o direito de vida plena.

Foto: por Camila Clarke (Flickr)

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Escrito por

Eliane Pereira Lima

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