Quem define que tipo de mãe é você?
Sempre vai haver gente disposta a sinalizar seus erros e classificar você em base às suas posturas como mãe. Você é quem define que tipo de mãe você é, e a melhor forma é com autocrítica.
Se você é mãe, sabe como é. Basta ter um filho para que apareçam centenas de pessoas dispostas a opinar sobre como você tem levado a educação da criança. Como educar é um tema de extrema complexidade, não são raras as mães que, aflitas, começam a buscar incessantemente informações na Internet, em livros, com colegas, muitas vezes deixando de lado algo muito importante: o instinto.
A verdade é que não existe nenhum curso preparatório para essa nova função. No momento em que nasce um bebê, nasce também uma mãe, e as experiências sempre são muito diferentes, já que a primeira variável a ser considerada é a própria personalidade desse bebê.
Mas qual seria a maneira correta de criar um filho? Deveria seguir o referencial de minha própria mãe? Serei capaz de corrigir o que considero de errado em mim na hora de trasladar valores e educar meu filho?
A infinidade de dúvidas pode tirar horas de sono e gerar inúmeros questionamentos. São tantas informações e palpites que fica difícil encontrar uma maneira para ser quem você é, de manter sua essência. Daí vem a insegurança e o medo de ser julgada, culpada e condenada.
Vale ressaltar que toda e qualquer reflexão é positiva, mas cuidado com as tipologias! Quem define o tipo de mãe que você é? A Internet? O pediatra? As amigas? Os professores? Os vizinhos?
Somente você pode responder com propriedade, pois sabe exatamente o que faz e o que deixa de fazer. Antes de assumir qualquer tipologia, vale a pena parar e pensar nos distintos aspectos da sua personalidade: Por quê? Porque como não há quem consiga ser excelente em tudo, o exercício mais positivo é justamente identificar os pontos em que você tem sido equilibrada ou desmedida.
A seguir, listamos 3 características que costumam ser associadas a um tipo específico de mãe, mas que podem estar em todas elas, sendo mais ou menos problemáticas.
Superproteção
Muitas vezes, encobre inseguranças e temor intenso de falhar, fazendo com que a mãe adote um comportamento de extrema proteção. Em casos assim, as idas frequentes ao pediatra são parte essencial da sua rotina, sendo a resposta para qualquer sobressalto.
É natural que a mãe queira proporcionar o melhor ao seu filho, mas a superproteção pode privá-lo de experiências prazerosas, retardar seu desenvolvimento e independência.
Pergunte-se:
- Tenho dificuldade para delegar tarefas compatíveis com a idade de meu filho (recolher brinquedos, recolher o lixo, escolher a própria roupa, pentear o cabelo...)?
- Tenho dificuldade para apoiar e incentivar que meu filho tome banho sozinho, mesmo estando em uma idade um pouco mais avançada? Fico com receio de que ele tenha dificuldades e acabo fazendo por ele?
- Tenho tido dificuldades para apoiar meu filho a fazer coisas novas, com receio de gerar constrangimentos que ele não consiga lidar?
- Não consigo desmamar, pensando em quanto o momento da amamentação nos faz íntimos?
Comportamentos assim precisam ser trabalhados, para evitar que a mãe atinja um ponto de estresse muito alto (por estar sempre ocupada e preocupada), mas também para não estimular uma relação de dependência, que poderia trazer prejuízos em outros aspectos da vida (amoroso, profissional e acadêmico).
Extremismo
O que não faltam são pesquisas científicas que propõem uma educação totalmente diferente do padrão das últimas décadas. O que é melhor? Uma abordagem tradicional ou moderna? Possivelmente uma mistura, já que não há porque desconsiderar os pontos positivos de todas as correntes.
Entretanto há uma tendência por "escolher um lado" e seguir, ao pé da letra, tudo o que se diz, caindo numa postura extremista e radical.
- Você acha que nenhuma mãe educa seus filhos tão bem quanto você?
- Você acha que os colegas de seu filho são sobreviventes, com tantas "negligências"?
- Você acha que alimentação de seu filho é impecável, e sabe exatamente por que não abre exceções?
- Você prefere uma linha de brinquedos x, e só permite que seu filho tenha contato com coisas desse universo?
Cuidado! Ao ser muito extremista, poderá estar privando seu filho de ter assuntos em comum com outros colegas, estimular a culpa por reprovar interesses ou comportamentos, facilitando o surgimento de sentimentos de exclusão ou inadequação.
Não há que abrir mão de seus valores, mas se trata de estar preparada para respeitar a individualidade e personalidade de seu filho, estimulando sua qualidade de vida e favorecendo um entorno emocional saudável e equilibrado.
Intransigência
Se, nesse caso, o referencial de educação é um modelo em que as crianças e os adolescentes são castigados por suas falhas e maus comportamentos, é possível "errar na mão" e acabar construindo um entorno tenso, sem muito espaço para diálogo e com situações que podem, inclusive, favorecer o surgimento de traumas. Reflita:
- Você frequentemente deixa seu filho de castigo?
- Utiliza de agressões (mesmo que leves) para punir seu filho?
- Tem medo de perder a autoridade sobre seu filho?
- Tem medo que, ao não ser severa, estará contribuindo para uma adolescência de rebeldia?
- Acaba descontando no seu filho seu estresse do dia a dia ou revivendo lembranças desconfortáveis de sua infância?
Modelos assim normalmente são insatisfatórios. A partir do momento em que fundamentamos, através de um diálogo acessível, a importância de determinados ensinamentos e comportamentos, estamos favorecendo o entendimento e amadurecimento saudável, contribuindo para o desenvolvimento de um ser humano que não só confia em você para expor suas dificuldades, como também um ser crítico, capaz de refletir sobre os prós e contras de suas atitudes, seja na infância, adolescência ou vida adulta.
A busca pelo equilíbrio
Buscar o equilíbrio talvez seja a melhor opção. Nele é possível integrar qualidades de proteção, bons hábitos, definição de limites e, ainda, permitir que esta mãe tenha liberdade para sentir-se bem e flexível dentro de sua própria dinâmica de educação e relação.
Para encontrarmos este equilíbrio, tanto emocional quanto na relação, é fundamental estar em harmonia com seus próprios valores e ter desenvolvida a capacidade de empatia. Essa postura permite não só agir conforme seus próprios ideais, e se libertar da pressão de terceiros e tipologias, mas torna possível ser sensível à personalidade e necessidade de seu filho.
Quando não estamos em harmonia com nosso interior, a tendência é ceder a imposições ou projetar nos filhos valores que não são essenciais para você. A reflexão e segurança em relação à sua identidade são a base para se encontrar dentro deste equilíbrio, contribuindo com o bem-estar e a qualidade no vínculo familiar.
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Não existem fórmulas certas. Caso sinta que as coisas estão fora do eixo, procure o apoio de um psicólogo. Esse processo permitirá que você encontre suas próprias metodologias, divida angústias e dúvidas, e esteja fortalecida emocionalmente para suas decisões.
Estar em sintonia com o que você acredita, tornando-se capaz de ser afetiva e segura de suas decisões, favorecerá o vínculo com seu filho, estimulando seu desenvolvimento sadio.
Artigo: por MundoPsicologos.com e Psicóloga Maitê Hammoud
Fotos: por MundoPsicologos.com
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
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