A metáfora da borboleta - ou o perigo dos pais que tudo fazem.
O texto a seguir pretende propor uma reflexão a respeito da importância de estimular a autonomia desde cedo nas crianças e jovens.
Um casal estava passeando no parque, quando de repente viu uma borboleta tentando sair de um casulo. A borboleta se esforçava, movia-se com afinco e o casal observava admirado.
De repente a borboleta parou.
O casal se olhou, penalizado e resolveram cortar o casulo para que a borboleta pudesse sair mais fácil. Após ver a borboleta fora do casulo o casal seguiu feliz, acreditando que tinha feito uma boa ação.
O que não sabiam é que aquela borboleta nunca voou. O esforço que fazia para sair o casulo é o que fortalecia sua asa para voar. Sem o esforço sua asa não se desenvolveu e a borboleta ficou lá, paralisada, olhando as companheiras alçarem voos.
Gosto muito dessa história, ela exemplifica um fenômeno que vejo muito hoje em dia. Jovens adultos inseguros, de "asas fraquinhas" e que não conseguem voar para longe da segurança do lar dos pais, que não conseguem lidar com frustrações normais da vida e assumir as responsabilidades da vida adulta. São adultos que tiveram seu caminho facilitado e que não tiveram a autonomia estimulada, a quem tudo foi dado e tudo foi feito.
Os pais, no afã serem amados incondicionalmente por sua prole, proporcionam tudo que o filho deseja, sem limites. Não permitem que o filho lide com a insatisfação, que saiba tolerar a frustração. Criam filhos que não conseguem voar com as próprias asas e que sofrem paradoxalmente com um intenso sentimento de vazio: quanto mais têm , mais esvaziados se sentem.
Porque é ao lidar com a espera, ao lidar com as frustrações normais da vida que a criança vai desenvolver seus recursos internos. Vai desenvolver a capacidade de esperar, vai desenvolver a capacidade de planejar, vai povoar seu mundo interno, vai se conhecer e saber o seu limite (até onde pode ir) e assim vai aprender a viver em sociedade. Quando não existem limites o jovem não aprende que sobrevive a dor, não aprende que não será destruído se não tiver suas vontades atendidas. É alarmante o número enorme de jovens perdidos e com sentimento de vazio crônico.
Além disso, vale ressaltar a importância da criança desde cedo desenvolver sua autonomia. Quando os adultos fazem tudo pela criança, podam sua iniciativa e seu sentimento de autoeficácia não se desenvolve. Como na metáfora da borboleta, quando, na vida adulta precisa das asas para voar, percebe que não as desenvolveu. É onde bate a insegurança e a desesperança.
A pergunta que deixo hoje é: nós como pais estamos ajudando nossos filhos a desenvolverem suas asas ou estamos cortando-as e os impedindo de ter uma vida plena?
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