A importância da Psicóloga(o) nos processos de mudança do comportamento alimentar.
Este artigo apresenta a importância da psicóloga no processo de mudança do comportamento alimentar de pacientes com sobrepeso, obesidade, compulsão alimentar, e outros transtornos alimentares, de modo a alcançar transformações efetivas e duradouras.
Quantas vezes você já fez dieta em sua vida? Quanto tempo e dinheiro você já investiu em nutricionistas, medicamentos, academia, e outras tentativas de conseguir alcançar o peso que gostaria? E quantas vezes você realmente conseguiu alcançar e manter o peso desejado?
As pesquisas apontam que 95% das pessoas que realizam dietas restritivas não conseguem manter o peso alcançado por mais de 5 (cinco) anos (Deram, 2018), ou seja: essa ideia retrógrada que coloca toda a responsabilidade da aquisição de saúde sobre o paciente e o condena pela falta de êxito no tratamento não se sustenta - em geral, o que as pesquisas demonstram é que o problema normalmente está nas estratégias utilizadas e na falta de preparo dos profissionais, e não nos pacientes!
Nesse sentido, o acompanhamento psicológico se mostra essencial para auxiliar o paciente a lidar melhor com o alimento e com a sua própria nutrição, bem como a desenvolver uma relação mais saudável com o próprio corpo - em outros termos, a psicóloga(o) possui um papel fundamental no desenvolvimento de um comportamento alimentar mais saudável.
Em termos gerais, denomina-se "comportamento alimentar" o conjunto de cognições e afetos que influenciam nas ações e condutas alimentares, o qual reflete as interações entre o estado fisiológico, psicológico e o ambiente no qual vivemos (a cultura da nossa sociedade em geral, e a do nosso ciclo de convívio social em particular) (Alvarenga et al, 2015). A mera prescrição de uma dieta e a educação nutricional isoladas não são suficientes para realizar mudanças efetivas nos padrões e hábitos alimentares, sendo necessário um cuidado individualizado com aquele ser humano, buscando compreender a sua história de vida, o contexto no qual vive atualmente, qual a sua relação com o alimento e o ato de nutrir-se (e como este se desenvolveu), qual a função que o alimento exerce na sua vida, bem como analisar outros fatores extremamente importantes relacionados aos fatores psíquicos e emocionais daquele sujeito, os quais influenciam diretamente no seu comportamento alimentar.
Assim, no acompanhamento de pessoas com sobrepeso, obesidade, e transtornos alimentares, percebe-se que é fundamental que o foco do tratamento deixe de ser meramente "o peso" e passe a ser "a pessoa", o indivíduo que busca auxílio para realizar mudanças efetivas e duradouras no seu comportamento alimentar, as quais refletirão no seu corpo.
Para tanto, é extremamente importante que se busque profissionais capacitados não apenas do ponto de vista do conhecimento teórico, mas principalmente que tenham empatia, acolhimento, e interesse genuíno pelo sujeito que procura auxílio, pois a relação terapêutica é fundamental para que as mudanças possam ocorrer. O modelo bio-médico que coloca o profissional em um patamar hierarquicamente superior ao do paciente e que apenas ordena o que ele deve fazer, ou ainda, com um olhar preconceituoso, além de ineficaz, é completamente desumano!
O tratamento efetivo deve ter como foco o paciente, atuando em conjunto com ele, com seus familiares (quando necessário), e com a equipe interdisciplinar. Nesse ponto, deve-se ressaltar a importância de que a equipe de profissionais de saúde envolvida esteja alinhada em relação ao melhor tratamento para cada paciente, dialogando entre si com a finalidade de oferecer o melhor tratamento para cada indivíduo. Por fim, é fundamental que o tratamento auxilie o paciente a desenvolver sua autonomia e liberdade em relação ao seu comportamento alimentar, criando uma relação mais saudável com o alimento e com o ato de comer.
REFERÊNCIAS:
ALVARENGA M. et. al. Nutrição Comportamental. 2ª ed. Barueri - SP. Editora Manole, 2015.
DERAM, Sophie. O peso das dietas. Rio de Janeiro -RJ. Ed. Sextante, 2018.
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
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