​30% dos abusos são contra crianças e adolescentes

O Brasil tem importantes questões a resolver quando se trata em proteger crianças e adolescentes de abusos e maus-tratos. De cada 10 denúncias feitas no Disque 100, três são sobre este tema.

3 JUN 2016 · Leitura: min.
​30% dos abusos são contra crianças e adolescentes

Na semana em que se celebra o Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão, o Brasil precisa enfrentar uma realidade preocupante: as denúncias de abusos continuam em alta e, mesmo assim, são apenas a ponta do iceberg, já que a ampla maioria dos casos de maus-tratos infantis não chega ao poder judiciário.

Segundo dados do Disque 100, o principal canal de denúncias da Secretaria de Direitos Humanos, quase 30% dos casos formalizados se refere a abusos contra crianças e adolescentes, o que representa 80,4 mil casos em um ano.

Ao longo de 2015 foram feitos cerca de 325 mil atendimentos pelo Disque 100, sendo que 83% deles geraram denúncia formal e encaminhamento aos órgãos responsáveis. Os maus-tratos contra crianças e adolescentes foram os mais representativos, seguidos imediatamente pelos casos de violência contra o idoso.

No universo de violência infantil, as meninas continuam sendo as vítimas mais habituais, representando 54% das denúncias. O Disque 100 é apenas um dos canais que recebem esse tipo de caso. E, como os problemas também podem ser relatados aos conselhos tutelares da cidade da vítima, a cifra global é ainda maior.

Porém, quem trabalha na área, alerta para o fato de haver uma espécie de cultura do silenciamento. Na medida em que a maioria dos atos violentos e abusos infantis é cometida por familiares próximos, a denúncia deixa de ser feita, prolongando a exposição da criança ou adolescente a situações traumáticas e degradantes.

Segundo dados do projeto Minha Escola, Meu Refúgio, que pertence à Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes de Belém, somente 10% dos casos reais vira processo, permitindo aos órgãos públicos interferir em prol da defesa dos direitos da vítima.

A violência sexual infantojuvenil em números

Na última semana, um caso de violência sexual contra uma adolescente de 16 anos, no Rio de Janeiro, comoveu o país. Ela foi vítima de estupro coletivo, do qual participaram 33 homens. E, como agravante, um vídeo com imagens da vítima sendo apalpada por parte dos envolvidos foi publicado nas redes sociais.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente e, atualmente, corre em segredo de Justiça. A menor e sua família foram incluídos num programa de proteção e tiveram que deixar o Estado do Rio de Janeiro.

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As estatísticas sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil são inaceitáveis e indignantes. Dos casos recebidos pelo Disque 100 em 2015, 22% era de abuso sexual, o que representa quase 23 mil denúncias.

Seriam aproximadamente 63 novos casos por dia no país, ou seja, um novo caso a cada 23 minutos. Meninas são vítimas em 70% dos abusos denunciados.

Os sinais de violência infantil

São inúmeras as situações que podem ser entendidas como maus-tratos infantis. Elas estão agrupadas em quatro categorias: negligência, violência física, violência psicológica e violência sexual.

Como os atos de maus-tratos e abuso contra crianças e adolescentes costumam ser continuados, há uma série de sinais que podem ajudar a identificar quadros suspeitosos.

Violência física

  • Lesões em diferentes partes do corpo, especialmente cortes, hematomas e queimaduras.
  • Presença de machucados com diferentes estágios de cicatrização (sinal de continuidade da agressão).
  • Marcas circulares que possam indicar amarras ou estrangulamento (punhos e pescoço).

Violência sexual

  • Isolamento, medo constante e agressividade
  • Erotização precoce e falta de vontade de sair de casa.
  • Tristeza que não passa, dificuldades de relacionamento e agitação noturna.
  • Inchaço, dor ou sangramento na região genital ou anal.

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Violência psicológica

  • Insegurança, isolamento, irritabilidade e excesso de timidez.
  • Dificuldade para "segurar" o xixi e transtornos alimentares em função da ansiedade.
  • Agitação e baixa autoestima.

Negligência

  • Desnutrição, isolamento e falta de vontade de ir à escola.
  • Roupas sujas e inadequadas e problemas de crescimento.
  • Falta de higiene e descuido com a saúde em geral.

As entidades que trabalham com a defesa dos direitos humanos lembram da importância de não se omitir diante de um possível quadro de abuso, especialmente quando a própria vítima não tem voz ativa.

Além dos conselhos tutelares e do Disque 100, qualquer caso de maus-tratos pode ser comunicado à polícia e/ou Ministério Público.

Vale lembrar que, tanto para quem é vítima como para quem precisa lidar de forma indireta com um quadro de violência infantojuvenil, é importante buscar apoio psicológico. Há profissionais especializados em casos de abusos e maus-tratos que poderão ajudar você no necessário.

Fotos e gráfico: por MundoPsicologos.com

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