4 Pensamentos que todos nós temos e que acreditamos ser incomuns

1º Pensamento: Será que ele | ela me ama mesmo? As dúvidas com relação ao afeto surgem muito cedo, pois o retorno do Outro (Lacan) é a referência que psiquicamente temos para construir a nossa própria imagem. Nesse processo passamos por fatores que podem nos conduzir a construção de uma autoimagem saudável, ou uma autoimagem que não satisfaz ao nosso desejo. Ambas as construções são virtuais e passam por uma complexa teia emocional, social e cultural da época (Zeitgeist, termo apresentado por Freud em sua literatura). Mas o final desse processo pode ser a dúvida: Por que não sou amado | amada? Eu mereço ser amada? Ele | Ela me ama mesmo? Será que eu me amo?

Por mais que sejam pensamentos difíceis, não se preocupe, fazem parte do nosso processo humano de construção do que nós realmente somos ou não. ;)

2º Pensamento: Eu realmente sou boa | bom o suficiente?

No período em que estamos, somos estimulados cada vez mais a sermos e fazermos mais. E, embora pareça uma estratégia inteligente para aproveitamento do tempo, pode trazer algumas consequências difíceis sob o ponto de visto emocional. Precisamos acolher que este pensamento não é incomum se nos lembrarmos da dinâmica econômica e das exigências culturais as quais fazem parte do nosso dia a dia: "ganhe mais, faça cursos, vá a academia, faça yoga, casamento, sua família, sua carreira, seja bom pai, boa mãe, seja bonito ou bonita". Será que não é muito? Precisamos ver como estamos com todas essas exigências, para que não incorramos no risco de pensar: "É.. talvez eu não esteja me esforçando o suficiente".. "Será que eu sou boa o suficiente?"

3º Pensamento: E se eu perder?

Este pensamento pode apresentar raiz em em nosso sistema de defesa e auto conservação. Como o receio que temos (geralmente) de lugares altos ou de qualquer coisa que pode provocar algum nível de risco a nossa segurança. Contudo, tendo esse processo um fim útil, digamos assim, passamos para a sensação desconfortável que experienciamos com o medo, a insegurança (seja no mundo ou em nós mesmos), afinal não temos certeza, certo? Não antes de tentar e talvez passar pelo natural e desafiante pensamento: "E se eu não conseguir?" "Se eu perder?"

4º Pensamento: Para este último precisamos de uma introdução. Pois não é realmente simples e fácil, mas, por mais que pareça estranho é muito comum. Precisamos compreender se o medo, a insegurança, as incertezas sobre o futura estão nos conduzindo para um lugar esperado, contudo desconfortável, que é: Eu não gostaria mais de estar aqui. O que estou fazendo aqui? Diante de uma intensa carga emocional somos conduzidos psiquicamente a soluções, e quando sozinhos não conseguimos alcançar começamos a questionar o nosso lugar no mundo. Não se preocupe, até aqui você não está só. O efeito da pressão emocional e mental pode despertar uma resposta conhecida na nossa evolução, você já sabe qual é?

Fugir

Sim, e esse "fugir" pode se apresentar de várias formas, muitas das vezes os pensamentos que questionam a existência, ou pensamentos suicidas surgem aí. Não precisamos temer tudo isso que faz e fez da nossa espécie sobrevivente, não precisamos excluir ou negar o medo, a vontade de sair, fugir e até mesmo desistir. Só precisamos conduzir esses pensamentos para o acolhimento e condução adequados para eles, de modo que eles possam ser ouvidos e encontrarem em seu caminho natural uma possível resposta ou saída para a angustia que o causou.

Assim, nós finalizamos esse momento de acolhimento. Espero que possamos proporcionar mais momentos de autocompreensão e talvez um pouco menos de afirmações. Se precisar de um outro espaço para achar soluções e novas formas de ver, Não hesite em me procurar ;)

Paz e Bem!

Algumas das Referências bibliográficas:

KOSOVSKI; Gisele, Construção da imagem de si, desestabilização e adolescência, 2014.

FREUD; Sigmund, Mal-estar na Civilização, 1930.

FREUD; Sigmund, chiste e sua relação com o inconsciente,1905.

FREUD, Sigmund, Totem e tabu, 1913.

FREUD, Sigmund, os três ensaios sobre a teoria da sexualidade, 1901-1905.

QUINET; Antônio, Os Outros em Lacan, 2012.

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