Pediatria integral e os 7 pecados contra as crianças

O que leva uma criança a ter um comportamento considerado inadequado? Seria reação do momento ou fruto da influência do meio em que vive? Entenda mais sobre o tema.

26 JAN 2018 · Leitura: min.
Pediatria integral e os 7 pecados contra as crianças

ue pais nunca passaram por um momento de indecisão na hora de agir diante de determinada situação na criação dos filhos? Mas, e quando certo comportamento da criança passa a se tornar rotineiro, qual seria o melhor caminho? Cortar o videogame, a internet, deixar de comprar algo desejado por ela?

Talvez nenhuma das opções. De acordo com especialistas, o modo de agir de uma criança é consequência do mundo onde ela vive, do que está rodeada e de quais são seus limites. Mas não é só isso. Existe um fator que influencia de maneira fundamental na formação e no caráter da criança: a convivência (ou a falta dela) com os pais.

E qual seria a causa disso? Para alguns, a sobrecarga na rotina cotidiana, que faz com que muitos pais não somente terceirizem o ensino dos menores, como também a recreação, a alimentação e, até mesmo, os cuidados em casa.

Ver a criança de forma integral é ponto-chave não somente para entendê-la, mas também para garantir que ela tenha um desenvolvimento saudável e equilibrado. Isso é a base da chamada pediatria integral, um conceito que defende que a criança precisa ser vista de forma mais abrangente.

O desafio seria sair do lugar comum de tratar de prevenir doenças para zelar pelo bem-estar da criança como um todo, reconhecendo que o emocional tem um peso muito importante. Isso, além de influenciar na felicidade da criança, também pode ser fundamental para que ela se torne um adulto autoconfiante e seguro com sua autoestima.

Para ilustrar um pouco mais o assunto, separamos 7 pontos que podem ser vistos como pequenos pecados cometidos diariamente na criação dos filhos.

1) Terceirização dos cuidados

É fato que a correria do cotidiano faz com que muitos pais tenham que deixar a criança na creche ou escola por períodos que podem variar entre 8 a 10 horas ao dia, por exemplo. Mas não se trata disso.

Além dos cuidados, também é terceirizada a alimentação. Isso, além de romper com a possibilidade de um momento de convivência familiar, também prejudica a saúde da criança, que pode ter que conviver com problemas de sobrepeso causados pelo excesso de sal, açucares e gorduras.

2) Excesso de cobranças e compromissos

A infância é uma fase na qual a criança aprende e se prepara, naturalmente, para o futuro. No entanto, alguns pais não compreendem os limites e fazem de tudo para superlotar a agenda da criança com cursos, treinamentos, e estudos complementares.

Essa sobrecarga faz com que a criança perca momentos de ócio, de criatividade e imaginação, os quais são fundamentais para a idade. Ademais, ela passa a ser cobrada, de uma maneira ou outra, por apresentar bons rendimentos em cada atividade, como na escola, no curso de idiomas, no futebol, entre outros.

Para especialistas, isso faz com que algumas crianças amadureçam de maneira precoce, e sem estarem preparadas para lidar com a falta de resultados.

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3) Falta de intimidade entre pais e filhos

A terceirização dos cuidados e o excesso de tarefas são dois responsáveis por causar a falta de intimidade e proximidade entre pais e filhos. Porém, não são os únicos.

Não são incomuns situações nas quais os pais, cansados depois de um dia pesado de trabalho, preferem ver os filhos em frente à TV ou ao computador, por exemplo. A situação tende a se repetir nos fins de semanas, quando o parque dá alugar a atividades internas ou passeios em shoppings.

4) Inibição das reações da criança

Correr, brincar, sair, pular. Tudo isso está associado diretamente ao comportamento da criança, que precisa de distração constante. Quando elas se sentem presas e impedidas de fazer algo que é natural para a idade, é normal que se tornem agressivas, desobedientes e incomodem.

Assim, com o intuito de compensar a falta de espaço da criança, alguns pais tentam compensar a situação de confinamento com a oferta excessiva de tecnologia, como celulares, tablets, jogos, entre outros. Isso, além de afetar negativamente o desenvolvimento social da criança, também a priva de momentos de imaginação e criatividade.

Para profissionais, o menor precisa frequentar espaços abertos, ter contato com a natureza e conviver com pessoas diferentes.

5) Incentivo ao consumismo infantil

Como se diz popularmente, uma coisa leva à outra. Confinada em frente à TV e ao computador, a criança fica exposta de maneira excessiva à publicidade infantil, o que, para especialistas, influencia não somente em atos de consumismo, como também na formação do caráter.

Por outro lado, pais ausentes tendem a se sentir culpados e tentar compensar a ausência através de presentes. Isso, ao invés de gerar a aproximação, normalmente cria uma situação na qual o amor fica condicionado à troca, à compra de presentes.

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6) A superproteção e a falta de limites

Nem sempre a tarefa de dizer um "não" é simples, mas é algo fundamental. A criança precisa saber crescer com limites e entender que existe hora para dormir e maneira para se vestir, por exemplo. Conforme os profissionais que trabalham com psicologia infantil, pais que evitam o "não" perdem autoridade na condução do dia a dia.

Do mesmo modo, é compreensível que os pais se preocupem com o bem-estar dos filhos, mas isso não pode ser de maneira excessiva. A perda, a dor e a frustração fazem parte do aprendizado a ajudam no desenvolvimento da criança.

7) A educação medicamentosa

Para a maioria de psicólogos especializados em educação infantil, esse é um dos principais problemas. Diante de situações como a rebeldia, a obesidade, a hiperatividade ou a falta de atenção, alguns pais acabam optando por tratamentos baseados na medicação, com o uso de antidepressivos, por exemplo.

Isso influencia no comportamento do menor, que deixa de ser ele mesmo e age de acordo com a ação provocada pelo medicamento. Obviamente há casos em que esse tipo de tratamento é necessário, mas não deveria ser uma "saída fácil".

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Não existem fórmulas mágicas sobre como lidar com a criança e suas diferentes fases. Cada caso demanda uma análise pontual. No entanto, prestar atenção ao entorno de forma integral é importante para compreendê-la e tomar a atitude mais adequada, não só para o momento, como também para o todo.

Fotos: por MundoPsicologos.com

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