Estou numa relação tóxica com minha mãe, dependente da família de origem dela.
Bom dia, me chamo Rafael, tenho 27 anos e moro em São João da Boa Vista, no interior do estado de São Paulo. Sou filho único. Meus pais estão na faixa etária de 60 anos e ainda moro com eles. Cresci em um ambiente pequeno, meu pai sempre trabalhou fora enquanto minha mãe ficava no lar. Nunca tive muito contato com a família do meu pai e, em compensação, a família da minha mãe sempre foi muito presente, não necessariamente em sentido positivo. Tive uma educação que considero um tanto rígida, não era permitido brincar na rua ou com amigos em casa, por exemplo, e como meus primos maternos eram mais velhos, sinto que isso estimulou em mim a construção de um perfil mais contido, tímido e observador, talvez corroborado pelo fato de ser gay. Durante minha infância, me recordo de minha mãe se queixando várias vezes comigo sobre a família dela, inclusive justificando dificuldades financeiras que passávamos em casa, como se fosse culpa da irmã dela. Ao longo da minha adolescência, pouca coisa mudou neste comportamento. O que diferenciou, foi que a medida em que fui criando consciência e pensando além do que ouvia da minha mãe, comecei a me questionar sobre suas falas, porque embora ela sempre reclamasse suas relações familiares comigo, ela sempre defende esses familiares dela quando confrontados. Inclusive, comecei a perceber uma postura submissa da minha mãe em relação a minha tia, no modo de falar e de dar explicações que não seriam necessárias, inclusive sobre assuntos internos de nossa casa. Recentemente, esse desequilíbrio têm ficado insustentável na minha relação com minha mãe. Sinto que tudo que faço como filho precisa ser validado pela minha tia, caso contrário, minha mãe se volta contra mim, para fazer valer os comentários que, segundo ela, essa tia tece a meu respeito. Quando minha mãe suspeitou da minha sexualidade, disse que não permitiria a hipótese de saber depois de alguém da família dela, não se preocupando com minha condição, mas em ter a informação em primeira mão. Em uma de nossa última discussão, ela disse que não admitiria que eu falasse mal (ou seja, questionasse os atos que minha mãe sempre me relatou) da Família dela, dando ênfase no substantivo. Então questionei a ela que se a família dela é sua irmã e seus sobrinhos, o que eu e meu pai seríamos? Ela ficou muda, e até hoje espero a resposta... Em suma, por um lado me sinto desconectado com minha mãe e, além de sofrer com esse comportamento dela, sempre tentando me colocar à prova da família dela e fazendo comparações excessivas entre eu e meus primos, fico chateado pela comportamento dela em preterir nossa família em relação à família de origem dela, de forma que não tenho mais confiança em saber se o que ela me diz é verdade, mentira ou manipulação... além do mais, sinto que ela prejudica meu pai financeiramente para acomodar interesses da família dela. Sinto repulsa pelo comportamento dela comigo e com meu pai e ao mesmo tempo culpa por sentir isso e por não conseguir ser seletivo com o que me afeta nesta relação. Tentando sair desta bolha, me afastei consideravelmente dessa família dela, e sinto que depois disso a relação da minha mãe comigo piorou, como se ela estivesse vingando os interesses da família dela, por eu ter modificado o status quo questionando os assuntos que sustentam as mentiras deles. Não gostaria de sair de casa pensando em meu pai.
