Suicídio: quando o indíviduo se encontra no limite da dor

Para alguns indivíduos, a tentativa de suicídio torna-se a única saída para livrar-se de todo o sofrimento que o acomete a cada dia.

2 NOV 2017 · Leitura: min.
Suicídio: quando o indíviduo se encontra no limite da dor

Se formos pesquisar sobre o suicídio, verificaremos que o suicídio está presente desde toda história da humanidade, e permanece nos dias atuais e em todas as culturas. Mesmo assim, ainda existem muitos estigmas em relação ao suicídio, como algo de condenação, motivo de vergonha, loucura, covardia, assunto proibido de se conversar ou debater; tabus que impedem o indivíduo de procurar ajuda.

Não podemos considerar como suicídio apenas o ato em si, mas também fazem parte do comportamento suicida os pensamentos, os planos, os gestos, a tentativa de suicídio e o suicídio. Pode-se denominar o ato suicida quando o individuo causa algum tipo de lesão a si mesmo, independente do grau do ato letal e de sua escolha. Os meios letais para o suicídio pode variar de acordo com a cultura no qual o individuo está inserido, como também o fácil acesso aos meios letais; as preferências de cada individuo; a intenção e o grau da autoagressão.

Alguns dos indivíduos que cometem suicídio podem apresentar algum tipo de doença mental, que provavelmente contribui para a alteração da percepção da realidade e de suas escolhas. Entre esses transtornos mentais encontram-se a depressão, transtorno bipolar, transtorno de personalidade, esquizofrenia, a dependência química e o abuso alcoólico. Nestes casos o tratamento psiquiátrico, medicamentoso e a psicoterapia, são as principais vias de prevenção ao suicídio, tendo como objetivo estabilizar o quadro do transtorno mental e aliviar o seu sofrimento; já em casos mais graves, o único meio de preservar a vida do individuo é a internação psiquiátrica.

É importante ficarmos atentos aos sinais, porque muitas vezes o individuo fala, expressa ou fantasia as suas ideias em cometer o suicídio; são linguagens como: "Queria dormir e não acordar nunca mais"; "Tenho vontade de sumir e desaparecer"; "A morte seria a única solução para os meus problemas," e entre outras formas de expressar a sua decisão. Muitas vezes julgamos que é apenas um comportamento para chamar a atenção, ou apenas ignoramos, o que na realidade trata-se de um pedido de socorro.

Em outra situação, o individuo que dava indícios de suicídio e depois os familiares e a equipe de saúde mental o encontra tranquilo, deve se ficar atentos, pois, isso não significa que o mesmo esteja fora de perigo e que não irá cometer o suicídio, essa tranquilidade pode estar camuflada diante de uma decisão já tomada e decidida de tirar a própria vida. Outro fator de risco é as semanas seguintes mediante a uma alta do hospital psiquiátrico, onde o individuo encontra-se vulnerável. Os familiares precisam compreender que em relação ao suicídio o individuo não pode ficar sozinho e que tomem cuidado com todos os meios letais que podem estar em fácil acesso para o mesmo.

Diante do suicídio o individuo tem o desejo de morrer e o desejo de viver totalmente confundidos dentro de si, deixando-o confuso. Pois, na realidade o individuo não quer morrer, ele quer viver, mais continuar vivendo custa-lhe enfrentar toda a situação no qual ele se encontra e no momento existe apenas o desejo e a urgência de se livrar de toda dor e sofrimento que o angústia.

Para o individuo já não existe mais a esperança em relação ao futuro, restando apenas à desesperança e o desamparo que o leva ao desespero e a impulsividade da tomada de decisão em cometer o suicídio; único meio em que acredita acabar com toda a sua dor, não conseguindo perceber que existem outras maneiras para enfrentar os seus problemas. O individuo é mergulhado em um imenso desespero e em suas emoções, e a cada dia o seu sofrimento tanto físico ou emocional vai ficando mais intenso, tornando-se um fardo angustiante e insuportável de se carregar.

A comunicação acaba sendo um meio complicado, por mais que ele tente expressar a sua dor e o seu sofrimento, muitas vezes ninguém o escuta e o compreende. O mundo ao seu redor perde a cor e o sentido, tudo é visto em preto e branco, sem vida e sem esperança, sentimento que o leva a tirar a própria vida. O ato do suicídio é muitas vezes uma forma de comunicação, em alguns casos uma linguagem como: "Desculpa, mais eu não consegui".

A ideia que se tem de quem fala "que vai se matar e não se mata" é uma ideia errônea e o individuo realmente executa o seu plano. Muitas vezes em apenas uma tentativa de tentar aliviar a sua dor ou num ato de pedido de socorro, mas sem o desejo de tirar a própria vida, acaba que por meio da impulsividade ou um erro de cálculo, concluir em sua própria morte.

Mais quando os familiares e a equipe de saúde mental conseguem compreender o sofrimento do individuo, tudo se torna mais fácil, através de uma escuta ativa e a empatia entre ambos, aos poucos as suas emoções e os seus pensamentos vão se reorganizando e as suas experiências vivenciadas o torna mais seguro e mais confiante em si mesmo. A prevenção é um meio eficaz para que o individuo prestes a cometer o suicídio possa encontrar outra saída, ter coragem de procurar ajuda, poder ser compreendido, sentir-se acolhido, aliviado e valorizado; entender que existem outros caminhos para resolver os seus problemas e compreender que o suicídio neste caso é um comportamento de fuga e de autodestruição.

O tratamento psiquiátrico, medicamentoso, a psicoterapia, o apoio familiar e também social e a assistência contínua da equipe de saúde mental são fundamentais para a prevenção do suicídio; isso deve tornar-se um meio ativo e presente na saúde pública, onde todos podem e devem ter acesso, pois, é um direito de todo cidadão, ter um atendimento de qualidade, humanizado e eficaz diante do quadro em que o individuo se encontra. Que possamos quebrar as barreiras do preconceito e da resistência em relação à internação psiquiátrica onde se faz preciso e necessário

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Escrito por

Leandro Lúcio Férri

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Comentários 2
  • Psicólogo Leandro Férri

    Heidy eu te entendo e sei o que realmente vc está sentindo; não desista de vc, procure uma ajuda psiquiátrica novamente e um psicólogo para te acompanhar durante o tratamento. Em relação aos medicamentos reveja com um médico e retorne a toma-los.

  • Heidy

    Não consegui nada na minha vida,me sinto frustrada e muito infeliz.Tenho depressão mais abandonei o tratamento porque o médico não podia me ajudar,ele mesmo me disse isso,já pensei em me matar várias vezes porque essa seria a única solução para a minha vida.

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