Dia Mundial da Saúde Mental: como vamos?
Uma em cada dez pessoas tem algum tipo de transtorno mental. Hoje, quando se comemora o Dia Mundial da Saúde Mental, especialistas na área falam sobre conquistas e desafios.
Hoje, dia 10 de outubro, é quando se comemora o Dia Mundial da Saúde Mental. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 10% da população tem algum tipo de transtorno mental ou neurobiológico.
Aproveitamos a data para refletir sobre o panorama no Brasil, falando dos avanços nos últimos anos e dos principais desafios para alcançar dignidade no tratamento da saúde mental. Para isso, convidamos duas psicólogas com ampla experiência na área, Roselany Varela e Kátia Arruda.
Principal avanço nos últimos 10 anos
O acesso à informação, especialmente através da Internet, é um dos grandes avanços da saúde mental segundo Roselany Varela. Para psicóloga, o que houve foi uma abertura. Graças a ela, o público geral chega a um conteúdo que ajuda a esclarecer sintomas e componentes de diversos transtornos, problemas que normalmente provocam muita angústia e que não deixam de ser vistos com preconceito. Através de sites, blogs e, até mesmo, das redes sociais, é possível se informar e, inclusive, agendar um atendimento.
Kátia Arruda destaca a reforma psiquiátrica, que está se consolidando cada vez mais no Brasil, como o maior avanço. Para a psicóloga, ela é vital para resgatar direitos e a dignidade de pessoas que ficaram internadas em hospitais psiquiátricos por muitos anos.
Grande desafio da saúde mental
Apesar do avanço, Kátia destaca que ainda há muito para ser feito, especialmente no que se refere a fechar, de forma definitiva, os leitos de longa permanência em hospitais psiquiátricos, caminhando rumo à consolidação de uma assistência em saúde mental de base comunitária.
Para Roselany, o maior desafio da saúde mental para os próximos anos é tornar a discussão sobre saúde mental tão corrente quanto a saúde "física".
"A visão que temos dos transtornos mentais enquanto sociedade se refere a situações extremamente graves e condizentes com o contexto da metade do século XX. Não conectamos o sofrimento de um stress continuado ou de uma ansiedade com um transtorno mental, até que ele prejudica severamente o cotidiano do sujeito. Com essa discussão em maior grau de importância, será possível começar a construir atitudes de caráter preventivo."
Depressão e stress: os grandes vilões
Perguntadas sobre a que problema psicológico devemos estar atentos, as psicólogas entrevistadas divergem na resposta, mas coincidem na importância de um diagnóstico precoce e do devido tratamento dos sintomas como ferramenta para evitar o adoecimento e ampliar a importância do "autocuidado" em nossas vidas.
Para Kátia Arruda, a principal vilã é a depressão:
"É o grande mal desse século. porque ela é lenta, as pessoas menosprezam os sintomas, achando que podem resolver sozinhos... e quando ela se instala, pode vir acompanhada ainda sintomas de ansiedade e de pânico."
A psicóloga Roselany encerra sua análise chamando a atenção aos riscos do stress, muitas vezes chamado de "nervosismo" ou confundido com ansiedade:
"No mundo contemporâneo, não há situação que não seja potencialmente estressante, mas os efeitos não tratados do stress podem potencializar todo tipo de transtorno psicológico: ansiedade, crises de pânico, fibromialgia e depressão (comprovadamente mais frequente). Podem até mesmo promover o estouro de transtornos mais graves, como as primeiras crises de um transtorno bipolar, borderline ou mesmo esquizofrenia. O stress precisa ser cuidado, nunca é cedo ou tarde demais para tornar o autocuidado uma prioridade da vida, pois não há momento melhor para se cuidar do que o agora."
Fotos: por MundoPsicologos.com
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