Você pode sair dessa

Hoje quero compartilhar um texto que fiquei muito feliz em escrever; o texto que explica um pouco de como o psicólogo pode ajudar pessoas como o Bruno, lembram dele? Pois é, ele saiu dessa!

30 JUN 2016 · Última alteração: 8 AGO 2016 · Leitura: min.
Você pode sair dessa

Alguns dias atrás, contei a história do Bruno , estão lembrados? Através dela, falei um pouco dos sintomas da depressão, e hoje, vou falar sobre como o psicólogo pode ajudar.

Um dos sintomas que tentei dar bastante destaque, foi o de que a depressão é uma doença, e se a depressão é uma doença, o melhor é que se busque ajuda com profissionais da área da saúde. Aliás, é a primeira coisa que recomendo! Podemos buscar um médico de confiança, um psiquiatra, um psicólogo; mas sempre um profissional da área da saúde! Eu, como sou psicóloga, falarei como é o tratamento na área da psicologia, área que conheço e domino.

No tipo de terapia em que eu trabalho, a cognitivo-comportamental, ensinamos que nossos pensamentos influenciam diretamente em nossos sentimentos e também em nossos comportamentos. Se voltarmos na nossa história, podemos ver alguns pensamentos que causavam no Bruno vários sentimentos ruins, vamos lembrar?

1) Logo no início, o Bruno pensava não ter motivos para estar triste, pois tinha tudo; e por isso sentia culpa e raiva de si mesmo;

2) Bruno pensava que seu esforço não valia a pena, este pensamento lhe gerava tristeza, desmotivação;

3) Quando tudo começou a dar errado (por sua falta de motivação – algo que não enxergava), Bruno passou a acreditar que algo estava conspirando contra ele, e sentia medo, ansiedade, tristeza;

4) Por último, um pensamento "oculto", mas de extrema importância: Bruno pensava que pessoas sociáveis e engraçadas não eram tão bem-sucedidas quanto as inteligentes – então, ele precisava ser inteligente para ser bem-sucedido.

A terapia cognitivo-comportamental ajudaria o Bruno a lidar com esses pensamentos buscando evidências para cada um deles; está claro que o Bruno estava tão "afundado" em sentimentos e pensamentos negativos, que não conseguia ver certas evidências de que sua mente estava "lhe pregando peças e alterando alguns de seus pensamentos".

Vejamos, por exemplo, no 2º pensamento, quando Bruno não consegue notar que seu esforço valeu a pena – Bruno foi o 1º da sala por algum tempo e sua motivação e empenho lhe garantiram uma vaga em uma multinacional; porém, seu foco, seu objetivo era ser considerado inteligente, prodígio; pois "lá no fundo", ele acreditava que pessoas inteligentes eram mais bem-sucedidas que as sociáveis e engraçadas.

Através de técnicas específicas, a terapia cognitivo-comportamental ajuda as pessoas a enxergar as crenças que estão gerando todos estes sentimentos negativos; não é somente dizer à pessoa que ela precisa "pensar positivo ou ver o lado bom das coisas", é ensiná-la a refletir em cima de pensamentos, de forma racional, lógica, simples e prática, e acreditem, isso alivia e muito os sentimentos negativos!

Por exemplo: através da técnica de pesquisa de evidências, Bruno procurou por traços de personalidade das pessoas mais bem-sucedidas da atualidade, e em todas encontrou dedicação, esforço, honestidade, perseverança, entre outras, mas, em nenhuma delas encontrou a inteligência, ou um QI acima da média, e sim a vontade de aprender coisas novas; e isso ele tinha de sobra! Essa e outras técnicas foram ajudando Bruno a se levantar e a ver outras evidências em muitos de seus pensamentos.

Outra coisa que foi recomendada ao Bruno, foi que voltasse a praticar atividades físicas assim que possível (no caso dele, a academia). No primeiro texto, comentei que na depressão há uma queda de algumas substâncias, certo? Hoje, já existem estudos que comprovam que na atividade física há um aumento dessas mesmas substancias, ajudando a pessoa a regularizar os níveis das mesmas mais rápido, isso não é fantástico?! E você, psiu! Você mesmo (mesma) que está falando ou pensando: ah!

Mas eu "odeeeeio" academia, não suporto!! Atividade física não é só academia! Existem várias opções, como fazer uma caminhada, corrida, dançar, jogar bola, lutas, enfim, existe uma infinidade de atividades que se pode fazer (algumas até em casa), que ajudam, não só no combate e melhora da depressão (e ansiedade também, mas isso é assunto de outro post), mas também irão melhorar sua autoestima! É de se pensar, né? (Importante lembrar que atividades físicas e a psicoterapia se complementam! Atividades físicas não substituem a psicoterapia).

Então é isso pessoal! Esta é a contribuição que nós, psicólogos, podemos dar para as pessoas que sofrem de depressão! Para finalizar, deixo alguns pedidos: o primeiro deles é direcionado a você, que está lendo este texto e que se identificou com os sintomas do Bruno; não sinta medo de buscar ajuda, este é o primeiro grande passo para sair dessa!

O segundo é para você, que conhece alguém que se sente assim; cuide com as palavras, esteja perto (mas não grudado, dar espaço é importante), e recomende que a pessoa busque ajuda. E o terceiro é para você que já está em tratamento, e é também muito importante! Não se de alta da psicoterapia, se você já se sente bem, converse com o seu psicólogo sobre isto e decidam juntos, mas não se de alta; a psicoterapia é um processo e a alta fora do tempo pode por todo o tratamento "por água abaixo", e digo o mesmo para quem toma remédio.

Ouço muitas pessoas falarem que já estão se sentindo bem e que pararam de tomar o remédio "por conta"; não façam isso! Remédio é coisa séria, consulte seu médico antes de tomar qualquer decisão, não consulte a internet ou redes sociais antes de parar ou aumentar a dose; pessoas são diferentes, organismos diferentes, e, por isso, tomam remédios e doses diferentes, ok? Saúde é coisa séria moçada.

Espero que tenham gostado, que tenha ajudado e que tenham se sentido, de alguma forma, acolhidos!

Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga (CRP 08/14965)

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Escrito por

Júlia B. Benedini

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