Roer unha

Roer unha é um hábito adquirido por volta dos quatro anos de idade. Por não ter consequências diretas e visíveis, muitas vezes é negligenciado pelos pais e educadores, prevalecendo até a idade adulta. No entanto, roer unha é um sintoma e, como tal, deve-se dar a devida atenção e buscar compreender o que está gerando este sintoma na criança.

De maneira geral, este hábito decorre de um quadro de angústia devido a uma desorganização interna. É a tentativa de uma organização interna pela criança. Uma forma de controle, como se a criança (ou adulto) dissesse: o crescimento da minha unha eu controlo. Roer as unhas é um exemplo de necessidade íntima de equilibrar uma tensão emocional em conflito, uma necessidade da criança ou adulto demonstrar em ações o que sente, o que precisa, como deseja alcançar sua liberdade dentro do quadro familiar, dentro da escola, no trabalho ou nas relações sociais, pois é mais fácil roer a si mesmo do que enfrentar a situação e dizer ao mundo qual a sua colocação, o que aceita e o que fere seus sentimentos.

São muitos os motivos que podem levar uma criança a senti-ser insegura e angustiada. Às vezes, a inconstância na relação com os pais (ou um deles) - ou substitutos -, ambiente familiar demasiadamente agressivo ou violento em que não há espaço para a criança expressar sua própria agressividade... Alguma dinâmica estabelecida no ambiente da criança, seja familiar ou escolar, não estável e confiável ameaça seu mundo interno e ela sente como se não tivesse controle sobre o que pode lhe acontecer. Neste caso, o roer unha pode ser analisado como uma tentativa de controle, como mencionado no início, mas há intensidades de angústia e, numa análise extrema, roer unha pode representar automutilação: a pessoa está a comer a si própria; assim como a pessoa que sente a necessidade de se cortar como uma forma de tornar real a dor psíquica, emocional que sente, mas que lhe é da ordem do impensável.

Contudo, é de extrema importância dar a devida atenção e procurar por ajuda profissional para que a criança possa expressar e elaborar seus sentimentos, fantasias e medos que estão gerando angústia e ansiedade.

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