PRO - Pare, Observe e Respire

Tomemos os quatro elementos da natureza: quando estamos muito preocupados, com muitos pensamentos, mente agitada, incomodados com o ontem ou receosos pelo amanhã, eis o fogo.

13 MAI 2024 · Leitura: min.
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Fogo é agitação, agilidade, calor, quentura, atividade. O fogo é mais inquieto do que o ar, digamos assim, então, para abrandar o fogo precisamos de mais ar, precisamos respirar.

E qual é a melhor postura para tomarmos mais ar? Parados. A agitação da mente, preocupações, ansiedade, precipitações, nos retira do momento presente, do agora, temos tudo ali, passado e futuro, menos o presente: terra, aterrar, fincar, voltar pro chão, pro sólido solo, estabilidade.

E a água, elemento que fisicamente compõe 70% de nosso corpo? A água são nossas emoções, nossos afetos, nossa sensibilidade — após acalmada a cabeça, agora podemos tratar do coração.

Encontre um lugar silencioso, se outras pessoas estiverem próximas as avise que você precisará de 5 minutos de silêncio, para que elas não te procurem, não te interrompam.

Sente-se de maneira confortável: cadeira, cama, no chão de pernas cruzadas — encontre sua melhor postura para esses 5 minutos.

Programe o despertador do celular em 5 minutos.

Mantenha a coluna ereta.

Feche os olhos.

Observe sua respiração.

Observe os sons fora e imagens e pensamentos dentro.

Meditação não se trata de esvaziar a mente, meditação se trata de quietude, tranquilizar-se através do contato consigo mesmo.

Quando os 5 minutos já não forem mais "o suficiente", quando já forem pouco, passe para 10, posteriormente 15, e assim sucessivamente — sempre respeite seu limite, sua necessidade, a verdadeira disciplina é aquela que você entende o que está fazendo, sem esforço ou ideal.

Em um mundo agitado infelizmente nossas mentes acabam por ser levadas pela agitação cotidiana: internet, redes sociais, noticiário 24 horas, violência urbana, desequilíbrio ambiental, solidão, desencontros familiares, pornografia, desemprego, brigas político-ideológicas, desejos e temores. Reservarmos um tempo e espaço para estarmos exclusivamente em contato com o nosso íntimo, nosso corpo, nossa respiração, nossos pensamentos, sentimentos, sentidos e sensações é uma joia maravilhosa que podemos nos proporcionar sem o gasto de nenhum real, sem investimentos mirabolantes e técnicas, cursos, ou então adesão a uma tradição religiosa, com seus dogmas, doutrinas e crenças.

O que hoje denominamos de meditação chega ao inquieto ocidente provindo de milênios de prática do continente asiático. O que hoje são os territórios nacionais da Índia e China são o berço de uma antiquíssima de estudos e mestres dessa prática de silêncio, observação e aprofundamento de si mesmo, e dando continuidade ao colorido cultural de ambas gigantes civilizações, em que principalmente pelas tradições filosófico-religiosas do hinduísmo e budismo do sul (Índia) e taoísta do norte (China) asiáticos, hoje podemos parar, sentar, fechar os olhos, sentir nossa respiração e simplesmente estar.

A regular e espontânea disciplina de passividade atenta, estado de meditação, é um sutil e surpreendente portal para o autoconhecimento e desenvolvimento de nossas inatas potencialidades humanas, que em geral são soterradas por um ambiente sociocultural de imediatismos, prazeres fugazes, soluções industrializadas e teorias sempre parciais; meditação auxilia nossa qualidade e regulação do sono, equilibra nosso apetite e relação alimentar, areja nossa mente, apara pensamentos, massageia sentimentos, organiza nossa percepção de si, de nossos afetos, de nossas relações interpessoais, de nossa estadia na vida.

Simplesmente pare, respire e observe. Seja bem-vinda, bem-vindo a um novo você.

Referências:

CHERNG, Wu Jyh. Meditação Taoísta. Rio de Janeiro: Mauad X, 2009.

KRISHNAMURTI, Jiddu. Nossa Luz Interior: o verdadeiro significado da meditação. São Paulo: Ágora, 2000.

YOSHINORI, Takeuchi (org.). A Espiritualidade Budista volumes 1 e 2. São Paulo: Perspectiva, 2006.

Bruno Souza Marques - CRP 05/62038

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Escrito por

Bruno Souza Marques

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