Nova pesquisa: 8 razões comuns pelas quais as pessoas usam pornografia

O uso de pornografia é um tema que desperta interesse e questionamentos em diversos campos do conhecimento, sendo alvo de estudos e pesquisas que buscam compreender as motivações por trás desse comportamento e os possíveis

4 ABR 2024 · Leitura: min.
Nova pesquisa: 8 razões comuns pelas quais as pessoas usam pornografia

Compreender o uso normal e problemático da pornografia

O uso de pornografia é um tema que desperta interesse e questionamentos em diversos campos do conhecimento, sendo alvo de estudos e pesquisas que buscam compreender as motivações por trás desse comportamento e os possíveis impactos que pode ter na vida das pessoas. Neste contexto, a recente pesquisa realizada por Bothe e seus colegas lança luz sobre as razões pelas quais indivíduos consomem pornografia, além de abordar a questão do uso problemático desse conteúdo na Internet. Este estudo fornece insights valiosos não apenas sobre as motivações para o consumo de pornografia, mas também sobre os padrões de uso e as possíveis consequências negativas associadas a esse comportamento.

Levantamento das motivações para o uso de pornografia

A pesquisa conduzida por Bothe e sua equipe envolveu a análise de três amostras de participantes da Hungria, permitindo uma abordagem abrangente e representativa em relação ao consumo de pornografia. As amostras incluíram uma diversidade de perfis, desde jovens adultos até pessoas de meia-idade, solteiros e em relacionamentos amorosos, heterossexuais e bissexuais, entre outros. A partir dessas análises, foi possível identificar as principais motivações que levam as pessoas a consumirem pornografia, bem como investigar possíveis indicadores de uso problemático desse tipo de conteúdo.

Principais motivações para o consumo de pornografia

Dentre as motivações mais comuns para o consumo de pornografia, destacam-se o prazer sexual, a curiosidade sexual e a fantasia. Esses fatores parecem desempenhar um papel significativo na decisão das pessoas de assistir a esse tipo de conteúdo, fornecendo estímulos emocionais e psicológicos que podem influenciar sua frequência de visualização. É interessante observar como esses elementos estão inter-relacionados e como contribuem para a experiência individual de consumo de pornografia.

  • Prazer sexual. Representando uma das principais motivações, o prazer sexual é frequentemente associado à busca por satisfação e gratificação nas experiências visuais e sensoriais proporcionadas pela pornografia.
  • Curiosidade sexual: A busca por novas experiências e conhecimentos relacionados à sexualidade também motiva as pessoas a explorarem variedades de conteúdo pornográfico.
  • Fantasia: A possibilidade de vivenciar situações e cenários que podem não ser acessíveis na realidade desperta a imaginação e a criatividade dos espectadores.

Frequência de visualização de pornografia

Além das motivações subjacentes ao consumo de pornografia, a pesquisa também investigou a relação entre esses fatores e a frequência com que as pessoas acessam esse tipo de conteúdo. Fatores como o prazer sexual, a evitação do tédio e a redução do estresse mostraram-se associados à frequência de visualização, sugerindo que diferentes motivações podem influenciar os hábitos de consumo de pornografia de forma distinta.

  • Prazer sexual e frequência: O prazer sexual foi identificado como um dos principais impulsionadores da frequência de visualização de pornografia, indicando que a busca por gratificação sensorial pode motivar as pessoas a consumirem esse tipo de conteúdo com maior regularidade.
  • Evitação do tédio e redução do estresse: Por outro lado, a evitação do tédio e a redução do estresse foram associadas a uma menor frequência de visualização de pornografia, sugerindo que essas motivações podem influenciar de maneira diferente os padrões de consumo desse conteúdo.

Uso problemático de pornografia

Um aspecto importante abordado na pesquisa foi o uso problemático de pornografia, que se refere a situações em que o consumo desse conteúdo se torna excessivo ou prejudicial para a vida das pessoas. A análise dos dados revelou que certas motivações, como o prazer sexual, a fantasia, a evitação do tédio e a distração emocional, estavam relacionadas ao uso problemático de pornografia, enquanto outras, como a curiosidade sexual e a falta de satisfação sexual, não apresentaram essa associação.

  • Motivações e uso problemático: A relação entre motivações específicas e o uso problemático de pornografia destaca a complexidade desse fenômeno e a necessidade de compreender os fatores subjacentes ao desenvolvimento de hábitos problemáticos de consumo desse conteúdo.

Diferenças de gênero

Outro aspecto explorado na pesquisa foi a questão das diferenças de gênero em relação ao consumo de pornografia. Os resultados indicaram que, em comparação com as mulheres, os homens tendem a apresentar pontuações mais altas em várias motivações para o consumo de pornografia, como o prazer sexual, a evitação do tédio e a fantasia. Essa disparidade de gênero pode refletir diferenças nas preferências e necessidades relacionadas ao consumo de pornografia, evidenciando a importância de considerar esses aspectos na análise desse fenômeno.

  • Homens x Mulheres: As diferenças encontradas entre homens e mulheres em relação ao consumo de pornografia destacam a diversidade de motivações e padrões de consumo existentes dentro desses grupos, ressaltando a complexidade do tema em questão.

Conclusão e reflexões

Em síntese, a pesquisa realizada por Bothe e seus colegas proporciona insights valiosos sobre as motivações que impulsionam as pessoas a consumirem pornografia, além de investigar os padrões de uso e os possíveis impactos negativos associados a esse comportamento. Ao analisar as motivações mais comuns, a frequência de visualização e o uso problemático de pornografia, a pesquisa contribui para uma compreensão mais abrangente desse fenômeno e abre caminho para futuras investigações e intervenções na área.

Diante dos resultados obtidos, torna-se evidente a necessidade de constante reflexão e diálogo sobre o tema do consumo de pornografia, considerando não apenas as motivações individuais, mas também os possíveis efeitos nocivos que podem surgir a partir desse comportamento. A complexidade e a diversidade de fatores envolvidos no consumo de pornografia ressaltam a importância de abordagens multidisciplinares e de intervenções psicológicas que visem apoiar as pessoas na gestão de suas emoções e comportamentos de forma saudável e equilibrada.

Em suma, a pesquisa de Bothe e colegas lança luz sobre um tema controverso e complexo, proporcionando novas perspectivas e questionamentos que podem enriquecer o debate e orientar futuras investigações nessa área. Ao compreender as razões e os padrões de consumo de pornografia, podemos avançar na construção de estratégias e políticas que promovam uma relação mais consciente e saudável com esse tipo de conteúdo, visando o bem-estar e o desenvolvimento pessoal das pessoas envolvidas.

Referências

Gola, M., Wordecha, M., Sescousse, G. et al. A pornografia pode ser viciante? Um estudo de fMRI de homens que procuram tratamento para uso problemático de pornografia. Neuropsicofarmacol 42, 2021–2031 (2017). 

Kohut, T., Balzarini, RN, Fisher, WA, Grubbs, JB, Campbell, L. & Prause, N. (2020). Pesquisando o uso de pornografia: uma ciência instável apoiada em bases de medição deficientes, The Journal of Sex Research, 57:6, 722-742, DOI: 10.1080/00224499.2019.1695244

McNabney SM, Hevesi K, Rowland DL. (2020). Efeitos do uso de pornografia e parâmetros demográficos na resposta sexual durante a masturbação e sexo em parceria em mulheres. Int J Environ Res Saúde Pública, 30;17(9):3130. doi: 10.3390/ijerph17093130. PMID: 32365874; PMCID: PMC7246896.

Rowland, DL, Castleman, JM, Bacys, KR et al. (2023). O uso da pornografia e a masturbação desempenham um papel na disfunção erétil e na satisfação no relacionamento nos homens? Int J Impot Res 35, 548–557.

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Escrito por

Clarete Duarte Galdino

Psicóloga clínica com pós-graduação em neuropsicologia e neuropsicopedagogia. É especialista em terapia de casal e relacionamentos seguindo a abordagem da terapia cognitiva-comportamental. No entanto, seu estilo como terapeuta é eclética, atuando de forma flexível, porque cada paciente é diferente.

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