​O Perfeccionismo e o Fio da Navalha

O perfeccionista patológico vive sempre no fio da navalha, numa luta eterna e extenuante entre o bom senso e a busca de aprovação, em última análise.

20 MAR 2024 · Leitura: min.
​O Perfeccionismo e o Fio da Navalha

Mas, inicialmente, vamos a um dos muitos conceitos: o perfeccionismo pode ser definido como a busca incessante pela perfeição e a tendência a estabelecer padrões extremamente altos para si mesmo. Pessoas perfeccionistas tendem a ser autocríticas, exigentes e têm dificuldade em aceitar erros ou imperfeições. Elas acreditam que só serão valorizadas e amadas se alcançarem um padrão de excelência em tudo o que fazem.

Se você está lendo este artigo agora, é muito provável que você esteja percebendo o incômodo que o apego muito grande aos detalhes, foco nos erros e uma excessiva preocupação em se certificar de que tudo está "correto" esteja se fazendo presente em sua rotina.

O perfeccionismo cria um ciclo vicioso em que nunca estamos satisfeitos com nossas realizações, pois sempre achamos que poderíamos ter feito melhor. Essa busca incessante pela perfeição leva ao estresse, à ansiedade e à insatisfação constante. Além disso, o perfeccionismo nos impede de aproveitar o presente e de valorizar nossas conquistas, pois estamos sempre focados no próximo objetivo inatingível.

De acordo com Augusto Cury, "o perfeccionismo é uma armadilha que nos mantém presos na busca incessante por resultados impecáveis, nos impedindo de desfrutar do processo e das pequenas conquistas ao longo do caminho". Ele ainda nos leva a acreditar que só seremos felizes e realizados quando alcançarmos a perfeição em todas as áreas de nossas vidas. No entanto, essa busca pela perfeição é uma ilusão, pois a perfeição é um conceito subjetivo e inalcançável. Sempre haverá algo que poderíamos ter feito melhor ou algo que poderíamos ter alcançado. Essa busca incessante pela perfeição nos impede de apreciar o que já temos e de nos aceitar como somos. Pavimenta as nossas atividades e relacionamentos com a expectativa de um ótimo desempenho e, uma vez que fique abaixo do esperado por nós, experimentamos ansiedade, depressão, esgotamento e uma angústia que nos acompanha em nossa rotina.

A psiquiatra Ana Beatriz B Silva nos diz que "perfeccionismo é o desejo compulsivo de ser sempre melhor, mas, paradoxalmente, é também um obstáculo que nos impede de avançar, pois nos faz temer o fracasso e nos aprisiona em um ciclo de insatisfação constante", e ao não buscar por ajuda, acabamos por ficar aprisionados em nossas intensões.

Há um abismo entre um perfeccionismo patológico e um perfeccionismo direcionado. O direcionado pode ser entendido como buscarmos sermos autênticos; aceitarmos a imperfeição. Ser autêntico significa aceitar nossas falhas, nossos erros e nossas limitações. Isso não significa que devemos nos contentar com a mediocridade ou não dar o nosso melhor na atividade envolvida, mas sim que devemos reconhecer que somos seres humanos imperfeitos e que é através de nossas imperfeições que encontramos nossa singularidade e nossa verdadeira essência.

Quando buscamos levar uma vida autêntica e significativa, estamos alinhados com nossos valores e propósitos. Podemos refletir sobre o que realmente importa para nós e a buscar um sentido pessoal em nossas ações e escolhas. Ao invés de nos preocuparmos com o que os outros esperam de nós, devemos nos concentrar em viver de acordo com nossas próprias convicções e encontrar significado em nossas próprias experiências. Essa ideia não lembra muito a sensação de liberdade? Então... ao sermos autênticos em nossas relações, em todos os papéis que desempenhamos, vamos experimentando uma leveza, um desapego do que os outros irão pensar, dos julgamentos alheios e essa liberdade não tem preço.

Você pode estar se perguntando o que deve fazer para 'se tornar mais autêntico'. Na verdade, é importante se conhecer melhor, identificar seus valores e propósitos e viver de acordo com eles. Também é importante se libertar das expectativas dos outros e se permitir ser quem você realmente é. Estamos então dando ao autoconhecimento a importância devida, pois é é o processo de se conhecer melhor, compreender suas emoções, pensamentos, valores e crenças. É uma jornada de exploração interna que nos permite entender quem somos verdadeiramente e o processo terapêutico dará as ferramentas necessárias para este contato interior com você mesmo.

Busque pela liberdade de ser quem você é e pela certeza de que, independentemente do resultado que virá, você está fazendo o seu melhor!

Referência bibliográfica:

Cury, A. (2012). Ansiedade - Como Enfrentar o Mal do Século. Editora Academia de Inteligência.

Silva, A. B. B. (2009). Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado. Editora Fontanar.

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