Quais os seus padrões comportamentais?

A partir de nossas crenças limitantes vamos criando maneiras padronizadas de nos comportar e reagir. Vamos refletir sobre isso?

6 ABR 2016 · Leitura: min.
Quais os seus padrões comportamentais?

Nós criamos crenças, muitas vezes limitantes a partir de nossas experiências passadas, que geram em nós um enrijecimento ao lidar com as situações de vida. A partir dessas crenças, vamos criando maneiras padronizadas de nos comportar e reagir.

Como isso acontece? Quando vivenciamos uma situação difícil e mal elaborada internamente, passamos a buscar maneiras de nos defender para não vivenciar aquela dor novamente. Para isso, lançamos mão de comportamentos aprendidos que se tornam padronizados. Passamos a nos comportar e reagir de maneira padronizada com o intuito inconsciente de nos defender daquele acontecimento passado. Ou seja, queremos tanto evitar passar por aquele sofrimento de novo que criamos mecanismos defensivos para tentar evitá-lo. Estes mecanismos podem ser percebidos em nosso modo de nos comportar.

Por exemplo: se você tem uma crença de que não é boa o suficiente e precisa ser perfeita para ser aceita e, com isso, amada, pode ser que você se comporte de maneira a não desagradar o outro e, muitas vezes, até passe por cima de si mesma para isso. Talvez você tenha dificuldade de respeitar seus limites e até de colocar limites para o outro. E pode ser que isso gere em você, diante de uma ameaça de rejeição, uma sensação, e um consequente comportamento, de que você é quem está errada mesmo. Este é apenas um exemplo. Uma mesma crença pode gerar comportamentos e mecanismos de defesa distintos para cada pessoa.

A vida, em si, é neutra. É importante relembrarmos, como dissemos na semana passada, que, em si, a vida é neutra. Toda e qualquer situação é neutra. Nós colocamos significado a partir de nossas referências passadas. Se observarmos isso, vamos perceber que a todo momento estamos interpretando e imaginando as situações de acordo com nossas próprias crenças e experiências. E, assim, sempre tentando nos defender do sofrimento relativo ao nosso ponto de dor.

Um outro exemplo que costumo dar em meus grupos terapêuticos quando falamos sobre isso é uma situação bem corriqueira que, provavelmente, você já vivenciou de alguma forma: Imagine que você precisa falar algo importante com alguém. Antes mesmo de você ir ao encontro dessa pessoa para falar o que precisa, você já começa a imaginar o que você vai dizer e a resposta dessa pessoa pra você. Às vezes você até pode pensar "Ah, nem adianta falar, já sei até como vai ser!".

Você cria um diálogo na sua cabeça e já imagina como a pessoa vai reagir. E, a partir dessa imaginação, você ou desiste de falar ou vai conversar já toda armada! Você chega acreditando que será daquele jeito e, a partir disso, fala de uma determinada maneira já se defendendo daquilo que você acha que aquela pessoa vai dizer! Digamos que você ache que ela vai ser grosseira com você e, ao chegar para falar, você já fala de maneira agressiva se defendendo da grosseria que você "sabe" que vai vir. E, a partir desse comportamento, a pessoa acaba, de fato, sendo grosseira por reagir à sua reação defensiva de algo que você apenas imaginou que pudesse acontecer.

Quais significados você tem dado para as situações? Esse é um exemplo para percebermos como nossa mente funciona e, muitas vezes, nem nos damos conta. O quanto uma situação neutra se torna cheia de significados por conta de nossas próprias interpretações baseadas em referências passadas.Desta forma, no nosso dia a dia, nós vamos interpretando e significando as situações pelas quais passamos baseada no passado na qual a crença foi criada.

E, assim, nos comportamos de maneira já defendida e padronizada por já está associando o acontecimento presente ao passado. Isso se torna uma armadilha pois, ao se defender para tentar evitar aquilo que teme acontecer, você se coloca de maneira a contribuir para que aquilo aconteça. E isso reforça ainda mais a sua crença limitante, virando uma bola de neve de confirmação da crença e enrijecimento da autodefesa. Nossa mente é uma loucura, não? A mente mente, e tudo isso inconscientemente!

 

Fotos: por Max Sat° (Flickr)

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Escrito por

Luisa Restelli

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Comentários 2
  • José Reinaldo da Silva

    Olá. Boa noite. Ótimo artigo. Fiquei com algumas dúvidas em relação a algumas coisas e gostaria, por favor, se possível, me responder duas perguntas: 1o. "Mal elaborada internamente" é o mesmo que "não compreendida"? Por exemplo, se eu elaborei mal internamente quer dizer que eu não entendi? 2o.procurar saber sobre o assunto para lidar com ele é um mecanismo de defesa?

  • Gabriel de oliveira

    Caramba! Abriu minha mente agora. Muito obrigado.

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