O apoio dos pais na educação dos filhos

Sabemos hoje que, muitos dos jovens que não prosseguem na rede escolar têm dificuldades e estas, por sua vez, podem ser consequência de diversos fatores.

26 JUN 2019 · Leitura: min.
O apoio dos pais na educação dos filhos

É comum a procura dos pais, hoje em dia, por um especialista que busque explicações para problemas de comportamento ou baixo rendimento na escola, dos filhos, delegando à escola a função familiar. Também, a escola muitas vezes não vê os fatores que podem contribuir para as dificuldades no ensino, devido à falta de formação continuada oferecida, falta de políticas na escola que capacitem e apoiem os professores, as longas jornadas de trabalho, entre tantos outros da situação escolar brasileira.

Mas afinal, o que os pais podem fazer pra ajudar os seus filhos? Aqui, longe de dar receitas mágicas, procuro sugerir algumas coisas que auxiliam os jovens no bom rendimento escolar, especialmente no Fundamental II e Ensino Médio, época em que a intensidade das preocupações quanto ao futuro profissional dos alunos se intensifica, tanto por parte da família quanto da escola.

1) Apoiar o filho na escola

Isto muitas vezes significa estar presente, ir às reuniões escolares e manter um bom relacionamento com os professores do seu filho, pedindo auxílio.

2) Estudar junto com os filhos

Sabemos hoje que, esta ferramenta ainda é muito útil. Pais que se interessam pela vida escolar dos seus filhos podem ser de grande ajuda, apoiando nos momentos difíceis e, também, comemorando as pequenas conquistas. Deve-se atentar à qualidade do estudo, escolher dias também que os pais estejam descansados e bem dispostos pois, muitas vezes, o estresse atrapalha a ajuda; muitas vezes é necessário delegar funções, sugerindo que o seu filho estude com um colega com bom rendimento ou com um professor particular.

3) Saber qual é o contexto, compreendê-lo e ouvir mais do que falar

Isto significa ouvir seu filho, entender seu ponto de vista e aconselhar. Muitas vezes os colegas auxiliam nas dificuldades, quando estão desinteressados. É preciso buscar novos modelos, dentro e fora da escola, formar grupos de estudo, pedir aos professores que deem tarefas claras que sejam efetivas para que o seu filho absorva melhor o conhecimento. Muitas vezes os professores têm formação muito especializada, mas não pensou ou considerou questões simples, como a linguagem na hora de explicar o trabalho acadêmico ou, escrevê-lo no quadro negro antes do fim da aula, para que todos os alunos copiem.

4) Saber que o problema não é unilateral

Muitas vezes a escola também possui problemas, isto não é novo, e entendendo-os pode-se fazer mais, tanto apoiando a escola como também, sem procurar culpados, pedindo uma sugestão ou resolução a alguém capacitado como professores, psicólogos e coordenadores.

5) Entender a socialização dentro e fora da escola

Quais as amizades, dentro da escola? Há trabalhos em grupos? Há tarefas que possibilitem uma interação? Há tarefas escolares que seu filho pode desempenhar com os colegas, sozinho, dentro e fora da sala-de-aula e que se sinta realmente competente e desafiado? Como estão as famosas "panelinhas" na sala-de-aula? Muitos estudos já falam sobre a compreensão das dificuldades também na escola, como o de Simone Medeiros, Rita de Cássia e outros, além de diversas teorias sobre o papel do afeto para o sucesso nas atividades diárias (escolares ou não).

6) Técnicas de estudo

Procurar técnicas de estudo como o "mapa mental" e, também, filmes que possam exemplificar de maneira concreta o que o aluno aprendeu em sala. É importante, também, pedir aos professores tais dicas; isto pode auxiliar desde que seja considerado que tipos de filmes a juventude assiste e que tipos de filmes irão exemplificar bem aquela disciplina.

Muitas vezes o cinema se renova, e um filme sobre determinado tema já pode ter um remake ou um lançamento mais recente, em séries juvenis, que pode ser de grande interesse aos jovens. Séries como Reign, Spartacus, Roma e Vikings têm histórias abrangentes que auxiliam na compreensão dos contextos. Até mesmo Game of Thrones mostra algo da época  feudal (importante, entretanto, se atentar quanto à classificação indicativa).

7) Não proteger ou supervisionar em excesso

Proteger seu filho é importante, entretanto, é importante estarmos atentos à situações repetitivas na escola. Temos que compreender de maneira neutral e tentar ser justos, quando necessários; muitas vezes, a interação em sala-de-aula e as brigas podem ser resolvidas com a ajuda dos professores, por isso, deve-se ter consciência dos diversos papeis desempenhados por todos nas dificuldades aparentes, usando do bom-senso. Supervisionar em excesso ou não estar atento(a) ao estresse dos filhos também pode contribuir pra uma atitude aparentemente "ruim" ou "violenta" da criança e/ou adolescente (dentro e fora da sala de aula).

8) Motivar, motivar e... motivar

Motivar nunca é demais. O elogio, o interesse e a motivação das pessoas ao redor das crianças e adolescentes influencia muito seu tipo de conduta e a intensidade do desejo de aprender. Tal desejo já é natural em nós, todos temos dúvidas (de onde viemos, para onde vamos, o que são as doenças, etc) e isto pode auxiliar na hora de explicar algo muito difícil, dando exemplos da vida real.

9) Não esquecer do afeto

Já dizia Vradmir Alexandre que "o poder das palavras vem do pensamento, e não necessariamente do que falamos. Valorize a sua mente, pois ela conecta com os desejos da sua alma". Pode ser que o carinho na hora de auxiliar a criança e/ou adolescente esteja sendo delegado, e isto é um problema. Nas relações humanas, temos de nos cuidar para depois cuidar do outro ou nossa relação fica ruim e isto vale também pra família e escola. Se o seu filho se isola no celular na maior parte do tempo, é porque algo não vai bem nas relações dele. Mais importante do "que" se fala é "como" se fala.

Estas e tantas outras dicas podem ajudar no processo de ensino-aprendizagem, desde que nos atentemos que, muitas vezes, as potencialidades estão apenas à espera para serem descobertas e que a aprendizagem não caminha a passos lentos e sim saltos descontínuos que surpreendem e fazem com que revisemos conceitos antes enraizados, fazendo deste processo também um processo de revisão de valores para familiares, docentes e outros profissionais.

Por Gabriel Miziara, psicólogo inscrito no Conselho Regional de Psicologia de São Paulo

PUBLICIDADE

Escrito por

Consultório de Psicologia Gabriel Miziara

Consulte nossos melhores especialistas em psicologia infantil
Deixe seu comentário

PUBLICIDADE

últimos artigos sobre psicologia infantil

PUBLICIDADE