Homens, filmes pornográficos e masturbação
Este artigo fala sobre os desejos sexuais e sobre como administrar as diferenças no casal. Confira as dicas e construa uma relação mais compreensiva.
O desejo sexual é uma motivação que conduz a diferentes comportamentos. Nos últimos séculos a crença, mesmo nas comunidades científicas, foi de que todo e qualquer desejo sexual deveria produzir o contato genital em prol do nascimento de bebês.
Cada vez que estudamos mais a sexualidade e o desejo sexual, podemos compreender alguns mecanismos que não ocorriam ou não eram percebidos antes, ou que não pertenciam ao esquema ideológico daqueles momentos históricos.
Podemos compreender o desejo sexual dividido em três objetivos:
- o desejo sexual pela parceria escolhida – a namorada, a esposa...
- o desejo sexual pela pessoa socialmente idealizada – o conceito estético social;
- o desejo de autoerotização – pelo prazer que pode sentir pela estimulação em si mesmo.
Este conhecimento permite explicar a circunstância da automanipulação usando estímulos pornográficos, a exemplo de filmes por parte dos homens. Este conhecimento se coaduna com a compreensão de que a autoerotização também conduz ao bem estar, à melhoria do desempenho fisiológico, a diminuições de ansiedades diárias, melhoria do desempenho no trabalho, aumento da capacidade de suportar frustrações...
Ainda assim, a masturbação, a que preferimos denominar de autoerotismo, preocupa muitas pessoas, e mesmo profissionais de saúde. A preocupação moral ou profissional refere-se a poder ser esta prática uma atividade doentia. A masturbação será um problema quando aparece como sintoma de uma perturbação psicológica.
Existem homens que se compreendem assexuados e que utilizam a masturbação para encontrar a satisfação e o equilíbrio para o convívio social e de trabalho. Este não será considerado um problema, incluindo que não necessita de relacionamento sexual a dois, e somente aceitará um relacionamento conjugal que não inclua o sexo.
Por outro lado, existem homens que deixarão o relacionamento sexual conjugal para aliviarem-se na masturbação como meio de fuga das ansiedades, inclusive as do trabalho, porém conduzindo à diminuição da produtividade laboral. Este está frente a um sintoma de algum mecanismo prejudicial, psicopatológico.
Outra preocupação é do homem que tem uma parceira sexual. Namorando ou casado, este homem se masturba em 35%, sem deixar de ter relações sexuais com a mulher, sem continuar a preferir estar com a parceria sexual. Mas muitas parcerias se mostram injuriadas... sofrem, acham que estão sendo traídas, sentem ciúmes...
O que podem estas pessoas fazer para administrar seus sofrimentos?
Precisam falar a respeito. Contar o que pensam, e o que sentem... assim começam! A demonstração da insatisfação deve ser verbal, direta e claramente. Falar do que sente e o que lhe passa pela cabeça logo antes do que sente ajudará a ambos elaborarem alternativas para que se mantenham juntos, se assim o desejarem.
Porém é necessário que pondere a situação de ser preterida por uma preferência de satisfação sexual solitária... e o relacionamento deixar de ocorrer. Uma alternativa é possível quando a pornografia tem uma utilidade de estimulação erótica e que pode melhorar e aumentar a erotização do casal. Ambos podem ter nos filmes pornográficos uma estimulação a dois que culmine no prazer de ambos ao mesmo tempo.
Quando o casal conversou e a preocupação da mulher está clara, se o relacionamento do casal for baseado em outras instâncias que não a sexual, possivelmente o casal se mantenha, com a mulher encontrando outras atividades satisfatórias e prazerosas, outros hobbies.
Outra preocupação da mulher é o homem estar insatisfeito sexualmente com ela... será? A masturbação raramente demonstrará insatisfação pela parceira! Se a masturbação for motivada pelo desejo de autoerotização, a estimulação a dois não satisfará a este homem. Autoerotização diz respeito a si mesmo, não ao relacionamento. Faz parte da vida individual, pessoal, indivisível.
Mas quando a comunicação efetiva do casal estiver comprometida, o negar-se ao sexo pode conduzir a tentar demonstrar a insatisfação. Mas esta forma não produzirá a autossatisfação, e possivelmente deixe de ocorrer em prazo curto, afinal não era o objetivo deste homem, e não havia motivação coerente para que a masturbação se mantivesse.
Sentir ciúme tem sido a resposta mais comum das mulheres nestas ocasiões. O ciúme nunca é justificável, não é racional. O ciúme é uma emoção advinda da frustração de não controlar o outro como se gostaria de fazer. Controlar a vida de outra pessoa sempre será frustrante.
Aprender a administrar as frustrações é um ponto necessário para que o relacionamento se dê, portanto, ciúmes serão emoções negativas que impedirão o relacionamento de continuar.
Cada casal definirá como administrar esta questão do homem manter suas atividades privativas sexuais de autoerotização. Ambos precisam saber a que se destinam e o quanto podem e precisam fazer para que o casal continue funcionando e tenha uma razão para continuar juntos.
As formas de expressão da sexualidade continuam a mostrar-se de modo crescentemente diferentes e variadas. Aprendermos a lidar com estas variações permitirá extrairmos mais satisfação e menos ansiedades e frustrações.
Os projetos de futuro do casal precisam determinar se são cabíveis tais e quais atividades sexuais, seja a frequência de coitos, sejam as masturbações individuais de ambos!
Foto: por josh.greentree (Flickr)
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
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