Desenvolvimento de sintomas de ansiedade na adolescência
A adolescência é uma fase de transição na vida, caracterizada por mudanças físicas, sociais e psicológicas. Junto com essas transformações, muitas vezes surgem sintomas de ansiedade.
A adolescência é uma fase de transição na vida, caracterizada por mudanças físicas, sociais e psicológicas. Junto com essas transformações, muitas vezes surgem sintomas de ansiedade.
Esses sintomas são muito comuns entre os adolescentes e têm um impacto significativo em suas atividades diárias. Diversos estudos anteriores demonstraram que transtornos de ansiedade na infância podem prever a presença de ansiedade e outros problemas mentais na adolescência e na vida adulta.
Esses estudos sugerem que os sintomas de ansiedade tendem a persistir ao longo da adolescência. No entanto, a natureza exata dos caminhos de desenvolvimento desses sintomas ao longo desse período precisa ainda ser mais explorada. Por isso, o objetivo do presente estudo é obter mais informações sobre as trajetórias de desenvolvimento de diferentes sintomas de ansiedade durante toda adolescência.
Estudos que investigou as trajetórias de desenvolvimento dos problemas de ansiedade em adolescentes jovens (10-15 anos) e mais velhos (16-18 anos). Essa pesquisa analisou as trajetórias de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia social (SoPh), transtorno de ansiedade de separação (TAS), transtorno de pânico (PD) e ansiedade escolar. Em geral, observou-se uma leve diminuição nos problemas, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) durante a adolescência em uma amostra de 2.220 meninos e meninas.
Os dados foram coletados do estudo TRacking Adolescents' Individual Lives Survey (TRAILS), que investiga o desenvolvimento da saúde mental e física desde a pré-adolescência até a idade adulta. Os participantes tinham entre 10 e 12 anos no início do estudo e são acompanhados a cada dois anos. Os participantes serão acompanhados até, pelo menos, os 25 anos de idade. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes em cada fase de avaliação.
Meninos e meninas:
O estudo também revelou diferenças significativas entre os sexos no que diz respeito à ansiedade generalizada, com os sintomas aumentando em meninas e diminuindo em meninos. Isso está em linha com a maioria dos estudos que indicam que, em geral, as meninas apresentam pontuações mais altas de ansiedade do que os meninos.
Metade da adolescência
Todos os subtipos de ansiedade inicialmente mostraram uma diminuição nos sintomas na metade da adolescência, e logo após aumenta no final da adolescência (GAD, SoPh, TAS, DP e TOC).
Uma possível interpretação dessas trajetórias de desenvolvimento é que, no final da infância, começam a ocorrer mudanças físicas significativas, e a maioria das crianças passa da escola primária para o ensino secundário. Essa transição, muitas vezes estressante, do final da infância para o início da adolescência, pode refletir nos níveis mais elevados de ansiedade observados nessa fase.
Durante o início e meio da adolescência, há um impulso exploratório mais forte, frequentemente refletido na busca por novidades e em comportamentos de risco, que são parte do desenvolvimento da autonomia e independência.
Níveis mais baixos de ansiedade durante esse período podem, portanto, ter benefícios adaptativos para os primeiros passos em direção à independência. No entanto, ao amadurecerem para se tornarem indivíduos autônomos e independentes durante a adolescência tardia, importantes processos psicológicos ocorrem.
Final da adolescência
Essa maturação é muitas vezes acompanhada por expectativas percebidas mais elevadas dos adultos, o que pode gerar sentimento de insegurança e preocupações nesse período.
A maioria dos estudos clínicos anteriores sobre a incidência e prevalência de transtornos de ansiedade na infância e adolescência são de natureza transversal, o que limita as informações sobre padrões etários específicos. Contudo, um estudo longitudinal sobre prevalência mostrou que a prevalência de TAG, SoPh, SAD e PD aos 9 e 10 anos diminuiu até atingir o nível mais baixo entre 12 e 13 anos, antes de subir lentamente. Esses resultados estão alinhados com os achados do presente estudo.
Conclusão:
Os estudos anteriores indicam que os sintomas de ansiedade tendem a persistir desde a infância até o final da adolescência.
A pesquisa atual com a população geral revela que os sintomas de ansiedade diminuem inicialmente no início da adolescência e, em seguida, aumentam do meio para o final da adolescência.
Meninas apresentam níveis mais elevados de sintomas de ansiedade do que meninos, e essa diferença se mantém constante ao longo da adolescência.
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