Blá Blá Blá? O discurso em análise
Para a psicanálise, a palavra, representante da linguagem, possui uma função central. É por meio da palavra, ou seja, pelo discurso construído a partir linguagem que o sujeito se constitui.
Esse processo inicia antes mesmo da criança nascer, pois ela já existe nas narrativas produzidas pelos e familiares, ansiosos com sua chegada. A partir de seu nascimento, muito já é dito sobre este bebê, o qual vai se desenvolvendo e se constituindo a partir desses discursos, ao consentir com a linguagem daqueles que o rodeiam.
Uma vez inserido na linguagem, a criança começa a ter sua própria palavra e a construir seus próprios discursos: sobre si, sobre a brincadeira, sobre a escola, sobre os pais, sobre os colegas. Com o seu desenvolvimento, os discursos vão ocupando novos lugares, acompanhando as vivências do sujeito, o desenvolvimento, as novas descobertas e experiências.
As palavras vão adquirindo novas possibilidades de significado, algumas sendo até ressignificadas, encontrando novos lugares no discurso. Outras, insistem. São tantas as palavras, tantos os discursos construídos que não há como pensar que há alguém melhor para dizer sobre sua experiência, seus significados e seus afetos do que o próprio sujeito.
A verdade é que, pensando assim, pouco o psicólogo e/ou psicanalista tem a dizer sobre o sujeito melhor do que ele mesmo: afinal, o saber sobre si é totalmente dele! O analista possibilitará novos direcionamentos desse discurso.
Dessa maneira, o processo de análise é conduzido a partir das palavras que o sujeito usa para dizer sobre si, suas vivências e questões; isto é, de suas narrativas. O que é falado durante a sessão nunca será "blá blá blá", uma vez que as palavras (todas) são carregadas de significados para o sujeito e muito têm a dizer.
Considerando que "a palavra é essencialmente o meio de ser reconhecido". (Lacan, J., 1975), a diferença da função da palavra para a psicoterapia psicanalítica ou o processo de análise será seu direcionamento, sua intenção em dizer e a existência de alguém atento a ela e às suas significações.
O endereçamento do discurso ao analista possibilitara a função criativa à palavra, a partir da qual o sujeito pode dizer, elaborar e ressignificar, encontrando novos caminhos e possibilidades.
Fotos: por ::..Lk..:: (Flickr)
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