Corporificação da experiência
A psicologia formativa como idealizada por Stanley Keleman tem como base filosófica a fenomenologia, onde o corpo somático é inseparável da realidade subjetiva do sujeito.
Utilizando a psicanálise e a psicologia formativa em consultório tenho percebido o quanto um diálogo entre duas linhas pode ser frutífero. Aquelas angústias profundas que às vezes não encontram palavras que representem o sofrimento, se dissipam quando conseguimos produzir uma interferência no padrão organizado muscular que está inconscientemente em ação.
A psicologia formativa como idealizada por Stanley Keleman tem como base filosófica a fenomenologia, onde o corpo somático é inseparável da realidade subjetiva do sujeito. A sua metodologia apoia-se no uso do esforço muscular voluntário para permitir ao paciente organizar e influenciar os seus padrões de organização somático-emocionais, o seu estado interno e por consequência, o seu senso de identidade. (Keleman, 1995)
A prática formativa está diretamente relacionada com o funcionamento neurológico e biológico do corpo. Ela tem o seu início no córtex onde permite organizar a habilidade volitiva para influenciar o comportamento e para ampliar o leque de respostas musculares e comportamentais. Os exercícios permitem a reorganização dos fluxos excitatórios e de urgência, tornando-os expressões de afeto mais adaptativas (Keleman, 1995).
O conceito fundamental da psicologia formativa é o Esforço Muscular Voluntário, ou EMV, Keleman entende o Esforço muscular voluntário como uma função e não uma metodologia. Ele apresenta o uso do EMV como terapêutico em uma sequência de cinco passos. A medida que se aprende a usar essa função, isso se torna um hábito. Não uma ferramenta ou um método, mas uma forma de comportar-se. A intensificação do esforço muscular e a volta, usando menos esforço, permite que outras experiências tomem forma e venham à tona. Esses cinco passos como conceituados por Keleman são: (Keleman, 1995,)
1. Perceber como você está presente corporalmente. 2. Intensificar a sua postura através do esforço muscular voluntário, em etapas. 3. Desfazer a intensificação da forma em etapas gerenciadas. 4. Pausar para receber suas respostas somáticas. 5. Consolidar a organização que aparece, dando-lhe firmeza e duração.A Formativa não faz divisão entre corpo e mente, somos seres corporificados, o que significa que toda experiência humana é vivida no corpo. Toda emoção, todo pensamento, todo sonho, têm uma forma corporal. Essa forma nada mais é do que uma organização muscular e tônica que gera sensações, emoções e um sentido de identidade que organiza uma percepção do mundo e de si mesmo.
Keleman entende que toda atividade envolve movimento, uma ação muscular, e que em cada movimento existe um processo organizador. Desta forma, para mudar um comportamento devemos compreender o processo organizador que o está regendo. O tônus muscular pode e precisa ser alterado voluntariamente por uma ação neural, para influenciar sensações, emoções e pensamentos.
"O exercício do COMO leva você a experimentar como realiza uma determinada atividade- como procede desde formar uma imagem até realizá-la de fato".
"O exercício do COMO ajuda você a se conhecer, ajuda a desenvolver uma percepção consciente de seus padrões de sensação..."
"Usar o processo do COMO e o exercício da sanfona- intensificando e desintensificando as contrações musculares- envolve vários passos" (KELEMAN, 1996).
Referências:
KELEMAN, Stanley, Corporificando a Experiência, São Paulo: Summus, 1995.
KELEMAN, Stanley, O corpo diz sua mente. São Paulo: Summus, 1996.
Arthur Dubrule
Psicólogo CRP: 6-132300
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE