As Multiplas Facetas do Amor
O amor é um dos temas mais complexos e abrangentes que a psicanálise aborda. Desde os primórdios da teoria psicanalítica, os psicanalistas tentam compreender as múltiplas facetas do amor e como ele influencia a vida
O amor é um dos temas mais complexos e abrangentes que a psicanálise aborda. Desde os primórdios da teoria psicanalítica, os psicanalistas tentam compreender as múltiplas facetas do amor e como ele influencia a vida psíquica do indivíduo. Neste artigo, exploraremos a visão de três dos maiores psicanalistas: Sigmund Freud, Jacques Lacan e suas interpretações acerca do amor.
O amor na visão de Freud
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, escreveu extensivamente sobre o amor, tanto na sua obra "Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade", quanto em "Além do Princípio do Prazer". Em os trabalhos, ele postula que o amor surge como uma reação ao instinto sexual, que é a energia psíquica mais poderosa e dominante na vida humana.
Freud argumenta que o amor é um dos sentimentos psíquicos que a mente utiliza para o impulso sexual. Na sua concepção, o amor é uma forma de sublimação, ou seja, um processo no qual a energia sexual é transformada em outros tipos de energia psíquica, tais como o amor, o trabalho, a arte, etc.
De acordo com Freud, o amor se divide em três tipos: o amor narcísico, o amor objetal e o amor ideal. O amor narcísico é aquele que surge quando o indivíduo se apaixona por si mesmo, projetando no outro as qualidades que ele admira em si mesmo. O amor objetal é aquele que surge quando o indivíduo se apaixona por uma outra pessoa, que se torna o objeto de seu desejo e escrito. O amor ideal é aquele que surge quando o indivíduo projeta no outro um ideal de perfeição, uma imagem idealizada que ele busca alcançar.
O amor na visão de Lacan
Jacques Lacan, por sua vez, trouxe uma nova abordagem para a compreensão do amor na psicanálise. Para ele, o amor é uma tentativa de superar o sentimento de incompletude e falta que é inerente à condição humana. Segundo Lacan, essa falta é uma consequência da nossa condição de seres simbólicos, ou seja, de sermos capazes de linguagem.
Para Lacan, o amor é um desejo de completude que nunca pode ser satisfeito plenamente. Ele argumenta que o amor é uma forma de busca pelo objeto a, que é o objeto de desejo que está sempre faltando. Esse objeto pode ser uma pessoa, uma ideia, um ideal, ou qualquer outra coisa que o sujeito acredite que irá completá-lo.
No entanto, Lacan ressalta que o amor é sempre um amor pela imagem do outro, e não pelo outro em si. Ele argumenta que a imagem do outro é construída a partir das fantasias e desejos do sujeito, e não é uma representação objetiva da realidade. Por isso, o amor é sempre uma relação de identificação, na qual o sujeito busca se identificar com a imagem idealizada do outro.
Considerações finais
Como podemos perceber, a psicanálise oferece diversas perspectivas para a compreensão do amor e suas múltiplas facetas. A visão de Freud, por exemplo, enfatiza a relação entre o amor e o instinto sexual, enquanto a visão de Lacan destaca a busca pelo objeto a como uma tentativa de superar a falta que é inerente à condição humana.
É importante destacar que a psicanálise não busca oferecer respostas definitivas sobre o amor, mas sim fornecer ferramentas para que o indivíduo possa compreender suas próprias experiências e sentimentos. A partir desse autoconhecimento, o indivíduo pode buscar formas mais saudáveis e satisfatórias de vivenciar o amor.
Referências Bibliográficas:
FREUD, Sigmund. Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. Editora Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. Além do Princípio do Prazer. Editora Imago, 2006.
LACAN, Jacques. O Seminário: Livro 5 - As Formações do Inconsciente. Zahar, 1999.
LACAN, Jacques. O Seminário: Livro 10 - A Angústia. Zahar, 2005.
COSTA, Marco Antonio. O amor na psicanálise: um estudo comparativo entre Sigmund Freud e Jacques Lacan. Revista Eletrônica de Psicologia, vol. 5, Nº 2, 2011.
SALGADO, Juliana. O amor na psicanálise: uma leitura lacaniana. Revista Mal Estar e Subjetividade, vol. 9, Nº 4, 2009.
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