Como as pessoas me vêem?
Meu nome é Eva, tenho 25 anos. Durante minha infância meu pai, um militar, abusou da minha irmã mais velha dos 7 anos 17 anos de idade. Ela não é filha dele, apenas da minha mãe. Minha mãe descobriu e entrou em depressão. Ele prometeu que ia parar, mas não parou, e ela nunca fez nada a respeito, pois além dele ser um pedófilo, era frio, controlador, narcisista e amargo. Ela tinha medo dele, todos nós tínhamos. Ele já tentou matar minha outra irmã simplesmente porque ela estava gritando, e quando a minha irmã mais velha foi detê-lo, ele enforcou ela na parede até o último momento. Quando minha irmã mais velha já tinha mais idade e dizia a ele que ia sair de casa, ele dizia que se ela o fizesse, ele iria matar todos nós. Mas no final era somente uma ameaça, porque, obviamente, nunca aconteceu. Foi uma infância conturbada, mas eu, a mais nova, sou a que menos lembra das coisas, apenas pegava as coisas no ar pois era muito nova para compreender. E hoje em dia quando pergunto sobre, eles evitam detalhar, pois ninguém gosta de falar sobre isso. Hoje meus pais estão divorciados (eu tinha 12 anos no divórcio), minha irmã é empresária e todos seguiram sua vida. Mal tenho contato com ele, pois virou um religioso fanático e não tem o mínimo interesse em dar apoio as filhos dele. Explicando o meu lado da história, eu sempre tive pavor dele, não gostava nem de ficar sozinha com ele, mesmo que, na época, eu não sabia de suas facetas. Parecia ser algo meio inconsciente. Sempre fui uma criança e adolescente extremamente tímida e insegura, e agora na vida adulta, a insegurança vêm me atormentando cada dia mais. Sou lésbica e meu maior sonho de vida é apenas encontrar um par. Não ligo tanto pra dinheiro, apesar de ter dois empregos pra sobreviver, mas eu realmente só gostaria de encontrar um amor que fosse recíproco. Dói muito quando me dou conta que já tenho 25 anos e nunca alguém foi capaz de me amar, fico com um sentimento forte de que tem algo de errado comigo, mas não sei o que é. Pergunto aos meus amigos sobre meus defeitos e qualidades, pois sempre que me apaixono, a pessoa pode até ter um carinho por mim, mas não me ama igual. No momento, não estou superando ninguém. Apenas estou observando as pessoas com quem me relaciono, a forma como falo, minhas piadas, meu beijo... Todos os meus movimentos eu observo a resposta da pessoa; suas expressões, principalmente. Me pergunto se essa insegurança tem algo a ver com minha infância. Me olho no espelho, me acho bonita, até, mas e se na verdade eu sou feia? E se eu falo estranho, se sou burra? Qualquer coisa do tipo. Minha vida inteira tenho amigos passageiros, nunca ninguém permanece. Hoje moro sozinha, me sinto só a maioria do tempo. Tenho que chegar do trabalho e pegar o computador pra estudar, fazer bico aos finais de semana e ainda arrumar tempo para ter a vida sexual ativa.
Me sinto perdida, baixa estima no auge e muito só. Me apego as pessoas facilmente e qualquer sinal de desinteresse, tenho a vontade de correr, pois não quero quem não me quer na vida dele(a). Depois de algumas experiências, não corro atrás de ninguém mais. Quero me abster de qualquer sofrimento.
Quanto à minha pessoa, sou uma mulher 100% normal. Ocupada com trabalho de baixo pagamento, tento me distrair aos finais de semana com os amigos, faço faculdade EAD à noite mas mal consigo me concentrar pois chego cansada, todos na minha família gostam de mim, não estou dentro do armário, não me importo com minha orientação sexual, sou fumante desde 2020, sou muito próxima da minha mãe e meus irmãos, hoje todos nós somos muito unidos, a meus poucos amigos, dou verdadeira importância e atenção a eles... enfim, talvez não haja uma pergunta nisso tudo, eu só gostaria de desabafar anonimamente mesmo.
Att.