Comecei a namorar um rapaz muito bacana, que se dizia extremamente apaixonado por mim (e eu por ele). Ele sempre teve problemas com a ansiedade, e eu já iniciei o namoro sabendo (até porque também tenho problema com ansiedade, embora em grau muito menor do que ele). Porém, após um mês de namoro, ele começou a mudar. Parecia que só falava comigo, porque eu falava com ele.
Foi parando de querer me ver... Já era a depressão se instalando. A psiquiatra alterou o medicamento dele, e eu tive muita esperança que ele ia melhorar com o tempo, porém não é o que está acontecendo (já faz 2 meses).
Estamos cada dia mais afastados, resolvemos dar um tempo, porque eu já não dou mais conta de namorar sozinha. Ele diz que tá tudo confuso, que não tem disponibilidade física e mental, que se sente muito cansado, e, embora eu não seja a responsável pelo cansaço, estar comigo potencializa esse cansaço. Atualmente nem minhas mensagens ele olha.
Ele se recusa a fazer terapia, pois diz que tem medo de piorar (pensamento que não faz sentido).
É possível uma pessoa tão apaixonada perder o interesse em tão pouco tempo por conta da depressão? Nem de muito longe ele parece a pessoa pela qual me apaixonei.
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27 FEV 2023
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Olá, Rafaela!
Respondendo sua pergunta ao final do relato: Sim, é possível uma pessoa perder o vínculo com outra pessoa, porque a energia que estava ali conectada contigo agora está fixada no sofrimento depressivo - psicologicamente falando depressão é a queda da energia que cotidianamente estava investida nas relações interpessoais, afazeres etc. e agora cai (deprimida) para um pequeno circuito de autodepreciação, pessimismo etc.
O ideal é o tratamento casado entre medicação (que pode levar um tempo até ser acertado, seja no tipo, na classe de antidepressivo, seja na dosagem) e psicoterapia, para que ele elabore e reelabore suas questões - contudo, se a depressão estiver severa, o mínimo de ação medicamentosa deve já estar fazendo efeito para que ele tenha energia para elaborar suas questões na psicoterapia. Talvez agora seja questão de se aguardar o medicamento ser minimamente acertado, fazer efeito positivo, para que ele possa voltar a se comunicar com o mundo fora dele, inclusive contigo, Rafaela. Mas de fato, imagino que pra você seja uma situação bem complicada, confusa. Paciência é a solução.
Rafaela,
A situação está piorando para ele porque ele escolheu e decidiu por uma coisa que não lhe traz benefício; antes, lhe traz malefícios - a medicação. Medicação nenhuma cura depressão ou ansiedade... quanto mais tomar, pior vai ficar, mais confuso fica.
O que cura é a consciência, adquirida atraves da Psicoterapia, mas é justamente esta que ele se recusa a fazer.
Então, te resta uma única coisas a fazer: retire-se dele, afaste-se dele, deixe-o só... melhor só do que mal acompanhada.
Abraços
Olá Rafaela! Obrigado por escrever. Diagnósticos podem estar contidos em pessoas, mas pessoas não se resumem a diagnósticos. Pessoas são infinitamente mais ricas, mas diversas. De outro lado, namoro é experiência de aproximação. Ao se aproximar, se vê mais de perto, de outra posição; conhece-se aspectos que eram estranhos e indesejáveis. Por essa razão, a maior parte dos namoros devem terminar. Cabe alertar que, na juventude, mais importante do que namorar com um pessoa, é estar com turma de colegas e conhecidos, praticar esportes coletivos de contato, vivenciar cultura, arte, trabalho, preparação séria para o trabalho, estudos sérios.
Creio que a questão de vocês envolve outro aspecto principal: amadurecimento cultural e social.
Abraços! A Covid, a Dengue, exigem cuidados e atenção. Vacine-se, vacine as crianças. Valorize mais a Ciência. Ela não é perfeita mais permite avanços. É impressionante como falsos políticos e falsos religiosos usam a fé dos mais simples. Cuidemos do atual resgate da civilização e da democracia. Não há meios de comunicação neutro ou perfeito, mas há instituições mais sérias, mais abertas. Verifiquemos as informações com maior critério. Vejamos o que falam as TVs educativas, os canais abertos com maior tradição de cultura. Valores aprimorados por décadas, não podem ser descartados por interesses de pequenos grupos radicais. Não fortaleça terroristas, mentirosos e antidemocráticos.
Ary Donizete Machado - psicólogo clínico e orientador ocupacional.
